quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ELOCUBRAÇÃO PRIMEIRA:

(Kwame Kondé propõe-nos nesta rentrée a manutenção da sua apreciada colaboração, a partir de agora sob o tema “Elocubrações”. É com todo o prazer que o recebemos de volta e aqui têm o seu primeiro texto):

Quiçá a Fraqueza ou
As Fraquezas Humanas!?

Efectivamente, o Mal existe. Aliás, todos
Os males que provocam a desordem
(individual ou social) estão no cerne/imo
dos Seres Humanos, suficientemente numerosos
(senão de todos) para que o seu convénio total
e definitivo constitua mais uma das utopias!
Na Sociedade, os homens são inevitavelmente
Atraídos pela vontade de se explorar, não de
Se reconciliar, numa parúsia dançante.
Enfim, não há dúvida nenhuma, que todas as
Religiões prometem a todos, a Eternidade,
Todavia, velam, esperando a que uns não
Agridem demasiado os outros…

(1) A Evolução das técnicas, desde aproximadamente, meio século, em particular, a emergência da Informação, permite a mundialização de novos mercados às dimensões tanto mais sedutoras que os bens materiais atingiram já a sua maturidade. Eis porque, a compra de um Banco Central, emitindo “Gates” pelo seu epónimo não traria mais novidade na Sociedade Mundial que a origem financeira desta intenção eventual.
(2) Evidentemente, o “Individualismo” é a chave do crescimento exponencial de todos os Mercados cuja a oferta e a procura, se dirigem, com enorme êxito, nem ao Bem, nem ao Mal, porém, ao que, sem dúvida, justifica o termo de Pecado nas religiões mediterrâneas: a Fraqueza ou, antes (melhor dito) as Fraquezas Humanas.
(3) Com efeito, aproximadamente metade da mensagem da Internet diz respeito, senão exclusivamente ao sexo, pelo menos, o que o envolve: a procura de uma alma gémea, mais exactamente afortunada e amável para a mulher e de preferência libidinosa e cozinheira para o homem, sem contar, menos numerosos, todos os (as) que a desejam de “bonne religion”.
(4) Sim, efectivamente, no âmbito desta procura, ponto de fronteiras e menos de raça que foi um tempo, porém, mais um empurrão para a redução das desigualdades intercontinentais. Fraqueza tanto como a procura dos êxtases pretendidos por todas as drogas disponíveis, cujo o número se incrementa com os progressos dos nossos conhecimentos químicos e cujo o uso, o dos álcoois, designadamente, acompanha os denominados de “relaxamento/descontracção”.
(5) Eis porque, outrossim e, ainda, no âmbito desta dinâmica, quando a música nisso se mistura, o endomorfismo provocado pelas algazarras pedestres junta-se ao ambiente. A canção latina está inteiramente voltada para a alcova. A sinfonia germânica nasce na floresta, onde aspira retornar tão depressa quanto possível. O Rock e demais outras variantes dos sincopados norte-americanos manifestam a intensidade de um relaxamento necessário às vidas normalizadas ao estilo germânico, entretanto sem floresta.
(6) Eis nos ante o Mercado próspero Mundial tanto como o do sexo e que, presentemente, excede ele, outrossim, o da procura. O desenvolvimento, assaz célere, de um Mercado Mundial dos jogos de dinheiro, o do Poker, entre demais outros e de todos os géneros de apostas, permitido pela Internet e favorecido pelos Médias que nisso encontra seguramente a sua “conta”, manifesta a vontade dos jogadores de se subtrair a todos os constrangimentos regulamentares públicos, a principiar pela punção fiscal da qual são “vítimas”: Pouco importa o risco de perder sem poder exercer o menor controlo sobre as vias do acesso, pouco importa o de não receber o seu ganho, desde que tenha a embriaguês, mesmo muito passageira, de se imaginar enfim rico!
(7) Estes três Mercados cujo o desenvolvimento permanece sempre quão promissor, não tendo mesmo esgotado as suas potencialidades no âmbito das Nações Ocidentais, correspondem à procura premente da disposição humana, a mais espalhada: o receio de um tédio que se envida em dissipar. O que os Europeus denominam, ainda Cultura implica enormes esforços.
(8) Explicitando, assertivamente:
--- As belas imagens bastam às crianças e a todos os que sentem a nostalgia.
--- A idolatria, em particular, após ter passado pelo buraco da fechadura, já não é o peculiar e sui generis das singulares tribos primitivas (o que jamais foi).
--- A multidão de PLATÃO adorava já, algumas estátuas e vivia na intimidade das personalidades às quais confiava a sua sorte ou o que estimava.
--- Ás vezes, os mesmos numa ordem qualquer.
Na verdade, evidentemente, os meios actuais da comunicação das imagens e dos textos (imagens sobretudo, menos fatigantes) permitem que o desejo de ver o ou a que enxota o seu tédio seja satisfeito a muito débil custo. Demais, ele (ela) pode mesmo experimentar comunicar directamente com o objecto da sua atenção, até da sua paixão. Com ele (ela) pode “blogar” e partilhar as suas fraquezas e as suas alegrias, quaisquer que sejam as suas qualidades menores e as suas condições necessárias. A “pipolização” não possui fronteiras naturais, unicamente as indefinidas, da aptidão dos indivíduos médios em se pretender desviar a atenção pelos que escaparam à sua condição.
(9) Aliás, efectivamente, a dos “outros universos”tão pouco, que têm para eles a extraordinária superioridade de ser desconhecidos e de procurar a sorte de admiração que faz olvidar o quadro familiar. Os mais comuns dizem respeito ao mundo da violência e ao crime. O velho romance policial, mais ou menos, bem escrito e bem-educado, se desvaneceu em benefício das séries do mesmo nome. Em acreditando, que a contemplação dos corpos inertes e a procura dos seus homicidas, oferecidas doravante, em contínuo, por pouco que o telespectador ou o cibernauta propensos a mudar de canal, se confundem com a aquisição de uma cultura “moderna” em série.
(10) E, finalmente, visando Rematar, pertinentemente, se afigura necessário, consignar, com ênfase, que nos Estados Unidos da América, esta mercadização se estendeu, desde há, muito, muito tempo, até às religiões cujos os adeptos vêm a importância do seu número ponderado pelas suas superfícies financeiras. Donde e daí:
--- É, realmente o mercado da religião que o pretende?
--- Todavia, o dinheiro e o fanatismo (misticismo se o pretende) fizeram excelente conúbio, uma ajuda outorgada aos dois pela televisão.
De feito, o dinheiro arrecadado no momento destas celebrações que os Gregos outrora reservavam à vida da sua Cidade, não diz respeito ao resto do Mundo, ao conteúdo do fanatismo que aliado ao anti-racionalismo ajuda os evangelistas a se organizar em torno do Criacionismo? De elucidar adequadamente, que CRIACIONISMO, outrossim, Fixismo (em oposição a evolucionismo) é a doutrina segundo a qual o Mundo foi criado por Deus.
Hélas! Sempre, sempre o Mercado! Pas d’argent, pas de Suisse, se asseverou eis cinquenta anos, nos países, onde o Catolicismo conhecera a pacificação. Enfim, sem dinheiro, não há religião: Assim vai o Progresso da Metafísica!

Lisboa, 10 Setembro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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