terça-feira, 26 de maio de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUADRAGÉSIMA:

(a) Na verdade e, na realidade, os anunciadores desertam, a pouco e pouco, os jornais. Toda gente se constrita e receia pela sobrevivência da imprensa escrita. Todavia, não constitui, quiçá o pior. De feito, para além da crise da imprensa, é a própria informação (em si mesma) que está comprometida.
Com efeito, o desaparecimento dos jornais, não constituiria uma catástrofe, se as demais outras modalidades da informação, designadamente na Internet, as substituísse. No entanto, ora aí está! De facto, por detrás da abundância das informações na Web, a multiplicação dos sites e dos jornais gratuitos, a onda dos comentários de todas espécies e feitios, malfadadamente, se nos depara a existência do empobrecimento dos conteúdos.
Eis nos, ante um eloquente círculo vicioso!
De feito, quanto mais se banaliza, menos a informação interessa os leitores, designadamente os jovens e, ipso facto, muito menos atrai o financiamento da publicidade. Enfim e, em suma: não deixa de ser necessário, questionar se os anunciadores, que abandonam a imprensa escrita, têm necessidade da informação, sobretudo, na sua acepção genuína do termo e da expressão. Eis o verdadeiro cerne do problema!
(b) Trata-se, efectivamente, de um assunto assaz crucial. Diz respeito às condições de existência do debate democrático e, por outro, ameaça de uma ruptura histórica com a época hodierna, a que iniciava quando o lendário político norte-americano, Thomas JEFFERSON (1743-1826), um dos avoengos fundadores da Democracia norte-americana, podia asseverar, que se pudesse escolher entre a sobrevivência de um governo e a de uma imprensa livre, escolheria esta derradeira opção. No entanto, o que é facto é que presentemente, esta Liberdade de escolha não se encontra assegurada.
(c) A Publicidade, na sua pujante assunção dinâmica, permitiu o desenvolvimento dos Médias de massa, a principiar pelos Diários/Quotidianos vendidos a centenas de milhares, até mesmo, milhões de exemplares no término do século XIX. De anotar, aliás, que a sua migração para outros suportes, poderia significar, não unicamente o fim dos jornais, outrossim, porém, a secagem do terriço, onde se escreve a informação de qualidade, esta “história do dia-a-dia”. De feito, não há dúvida nenhuma, que uma tal queda/ruína tornaria assaz difícil para os cidadãos, a possibilidade de efectuar escolhas documentadas e, outrossim, para os seus dirigentes conhecer e saber a história que edificam.
(d) Antes de mais, se afigura, quão pertinente e quão oportuno, precisar adequadamente, o conteúdo de verdade, que carreia, em substância o lexema/vocábulo Informação. E, explicitando, temos então:
---Segundo um bom número de profissionais dos médias e a maioria dos responsáveis económicos, a informação seria um produto como um outro qualquer e, porque não, uma matéria-prima em que um mercado fixaria o preço corrente.
---Por outro lado, se produza milho ou que se dá conta das notícias do Mundo e da Sociedade, não haveria diferença, ou seja (melhor dito) a indústria dos médias deveria corresponder a idênticos critérios de rendibilidade como todas as demais outras.
Enfim e, em suma: o produto deveria se adaptar sempre às condições económicas do mercado, porquanto as médias, só mereceriam existir, caso afiancem, bastante retorno sobre o investimento, aos seus proprietários e aos seus accionistas respectivos.

(e) Demais, não é, por conseguinte, por um mero acaso, que se o vocábulo/lexema “média” foi popularizado pela indústria da publicidade, que raciocina em termos de “suportes” susceptíveis de veicular os seus anúncios. De feito, para o publicista, que o “média” seja feito a base de informação, distracção, serviços de toda outra actividade susceptível de atrair público, para ele, quase nada faz de diferença.
(f) E, rematando assertivamente, com efeito:
a. O prospecto colocado na caixa de correio;
b. O site de Internet de encontros;
c. A plataforma de jogos vídeo ou
d. O quotidiano sério adquirido no quiosque,
Tudo isto é “média”, efectivamente. O intermediário entre o produtor e os consumidores.
Finalmente, de consignar, que, cada vez mais e mais se impõe medir a confusão e a necessidade de neutralizar os termos para os poder reutilizar apropriadamente, pois que, evidentemente, denominar significa definir e fazer existir, sim significa outrossim escolher.

Lisboa, 23 Maio 2009
KWAME KONDÉ
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