domingo, 7 de dezembro de 2008

KWAME KONDÉ

Intervenção Décima:

Nota Prévia:

Boicotagem: Acção ou efeito de boicotar; boicote.
Boicotar: Fazer oposição aos negócios de (outrem); deixar de comprar (mercadoria) com o fito de a desvalorizar; criar embaraços aos interesses ou negócios; outrossim se diz boicotear.
Boicote: O mesmo que boicotagem. Forma de pressão que consiste em isolar uma pessoa, grupo ou mesmo país, através da ruptura das relações sociais, económicas ou políticas com o desígnio de o levar a ceder ao que se pretende. O lexema boicote deriva do nome do administrador irlandês Charles BOYCOTT (1832-1897) que, pelo seu rigor impiedoso, foi isolado pelos rendeiros em 1880.
Elenco sinonímico:
Boicotagem: boicote; bloqueio; dificuldade, impedimento, inibição; interdição.
Boicotar: boicotear; interditar; bloquear; blocar; obstar, dificultar, impedir, inibir.
Boicote: boicotagem; dificuldade, impedimento, inibição; bloqueio; interdição.

(1) No plano etimológico, com efeito, o lexema/vocábulo Boicote/Boicotagem é o epónimo do nome de Charles Cunningham BOYCOTT (1832-1897), administrador no Condado de Mayo na Irlanda a quem a “Liga agrária” infligiu em 1879, um bloqueio porque não queria baixar as rendas dos seus rendeiros durante a Grande fome.

(2) E, explicitando adequadamente as ideias de fundo, um Boicote é, efectivamente um acordo voluntário, visando infligir um prejuízo/dano financeiro ou moral a um indivíduo, à uma empresa ou a um país, pela recusa sistemática de comprar as suas mercadorias, manter relações (sociais, culturais, económicas) ou participar num Evento/acontecimento público, ou então numa eleição. O objectivo desta recusa colectiva é exercer represálias, ou fazer pressão sobre o alvo para que responda à sua solicitação precisa.
De sublinhar, que as empresas podem ser sobremaneira sensíveis aos apelos de boicotagem, não unicamente por causa da queda das vendas, sim, efectivamente, porém, pelo impacto causado sobre a sua imagem de marca.

(3) E, sem ser exaustivo, obviamente, vamos apresentar algumas razões de apelo ao boicote, designadamente:
---Política;
---Condições de fabrico supostas injustas (trabalho infantil, exploração dos operários);
---Não respeito dos direitos do Homem;
---Deslocalização e encerramento de fábricas;
---Poluição;
---Risco sanitário (exemplo OGM);
---Eleições adulteradas/viciadas;
---Razões filosóficas ou religiosas;
---Etc., etc., etc.
De anotar, que um boicote é tanto mais eficaz quanto melhor se saiba utilizar os modernos meios de comunicação e congregar os média numa assunção eficaz para a causa que defende. Pode, em determinadas circunstâncias, se estender sobre vários anos. Ao invés uma mera ameaça de boicotagem pode por vezes, conduzir a rápidos resultados.

(4) Finalmente, o boicote constitui, nos dias de hoje, mais que nunca, um verdadeiro meio de pressão do qual dispõem os consumidores “cidadãos” que se sentem responsáveis e conscientes das suas compras.
Tornar actor do consumo conduz à se colocar a questão de saber o que se cauciona através do acto de compra. A boicotagem nisso constitui uma das suas consequências.

(5) A decisão de consumir é uma escolha individual. Todos, sem excepção têm a possibilidade, a liberdade, o direito (e, por que não, obviamente, o dever) de escolher a quem vai outorgar o seu dinheiro. Conquanto, seja insignificante à escala individual, o poder de comprar ou não tal ou tal produto é considerável quando reportado aos milhares ou dezenas de milhares de consumidores determinados.

(6) Enfim e, em suma: Deveras, múltiplas são as motivações que podem assumidamente estar na origem do boicote, nomeadamente:
Ecológica (contra um produto, uma empresa poluidora).
Ética (contra uma empresa que opera em países, onde se pratica o trabalho infantil e onde se explora os operários).
Moral (contra um País que desencadeia uma guerra).
Todavia, na verdade, a boicotagem é uma arma, assaz difícil e, quão problemática de manusear. De feito, a escolha do alvo é determinante. Demais, outrossim, a acção do boicote só deve deixar em apuros, o alvo e molestar, o menos possível, os demais outros actores da economia, evidentemente.

Lisboa, 04 Dezembro de 2008.
KWAME KONDÉ