Leio no blogue Sobre o Tempo que Passa do Prof. Doutor Jose´Adelino Maltez, linkado aqui ao lado, uma folha do seu diário de Timor, onde se encontra a leccionar, e fico orgulhoso por uma observação que Maltez faz acerca da democracia cabo-verdiana. Foi nesta passagem que transcrevo e sublinho:
«Acordo manhã e domingo e recordo que ainda ontem ao fim da tarde, sentado num sofá do Hotel Timor, estava, mui calma e serenamente o ex-chefe do governo Alkatiri, tomando cafezinho com a filha, a netinha e meia dúzia de amigos e amigas, assim se confirmando como a democracia é real nestas paragens e que a alternância custa, mas é efectiva. Por mim, que ainda não consegui compreender por dentro as divisões políticas entre timorenses, quase me apetece dizer que, entre os hortistas, os xananenses e os alkatirianos, todos eles irmãos, nascidos do mesmo nó de gerações, é mais o que os une do que aquilo que os divide. Uns são mais voltados para uma racionalidade finalística obtida entre os modelos moçambicano-europeus, outros, mais marcados pelos modelos internos do compromisso, mais orientalistas, mais racionais-axiológicos. Se os primeiros preferem o "state building", já os segundos tendem mais para o "nation building". Os dois são necessários e a alternância se for "à cabo-verde" pode ser o sal da terra».