A despeito da idade, Mário Soares não pára. Lutador político de velha cepa e de inquebrantável ânimo, Soares não deixa os seus adversários políticos descansar e lembra-lhes amiúde as suas posições e opções erradas do passado (longínquo e recente) não lhes deixando margem de manobra para taparem o sol com peneiras e enganarem o pagode com conversas da treta e malabarismos políticos.
Hoje Soares analisa aqui no DN, com a clareza e o desassombro que lhe são habituais, as “medidas” (tidas por) magníficas e salvíficas da União Europeia para combate à crise instalada. E escreve, entre outras coisas interessantes, o seguinte:
«Por proposta de Zapatero, Sarkozy, como presidente em exercício da União, resolveu convocar os líderes da Zona Euro, para uma nova reunião a fim de tentarem encontrar uma solução conjunta para a crise. Foi no domingo passado e dela resultou uma acalmia nas bolsas, uma vez anunciado um plano para salvar os bancos da falência. Mas isso não basta.»
«Com efeito, já começaram a circular rumores que põem em causa a existência do euro... Num momento de tão grande crise - maior do que a de 1929 -, os líderes políticos fracos, que nos governam, têm tendência a aceitar qualquer disparate na ânsia de esconder as suas fragilidades...»
Confrontem o que diz Mário Soares com aquilo que o Governo tem dito aos portugueses e sobretudo com as notícias eufóricas e palermas sobre a “subida” das bolsas e o sucesso que está sendo o “combate europeu” à crise.
Não há dúvida que há dois mundos neste momento: de um lado o mundo dos políticos actuais neoliberais, «fracos» (no dizer e Soares) e pouco preparados, que vendem uma realidade virtual através dos órgãos de comunicação social e dos palcos dos comícios diários que fazem; e do outro, o mundo das dificuldades do dia-a-dia, do desemprego crescente, da falta de perspectivas profissionais para os jovens, da falta de liquidez dos bancos, da falta de dinheiro, etc., etc..
Depositemos uma réstia de esperança na eleição de Obama.