domingo, 25 de maio de 2008

SEM PROCURAÇÃO

A Dra. Vanda Évora foi recentemente convidada pelo Governo de Cabo Verde, representado na pessoa do Sr. Ministro da Economia, (e aceitou o convite) para exercer o cargo de presidente da Assembleia Geral da ENACOL (Empresa Nacional de Combustíveis, de Cabo Verde).

― Diga-se de passagem que a ENACOL é uma empresa de capitais mistos cujo capital social é detido essencialmente pela Galp Energia (Portugal), pela Sonangol (Angola) e pelo Estado de Cabo Verde.

Este convite surgiu após a Dra. Vanda Évora ter sido candidata derrotada à eleição para Presidente da Assembleia Municipal de S. Vicente, lugar a que concorrera, como independente, nas listas do PAICV, o partido que suporta parlamentarmente o actual Governo de Cabo Verde.

Após conhecimento público do referido convite choveram críticas acérrimas e descabeladas por parte de apaniguados do partido da oposição (ganhador das eleições autárquicas em S. Vicente).

Essas críticas provêm de falsos ― falsíssimos ― moralistas pretensamente escandalizados com o badalado convite que consideram o «pagamento de um favor» por parte do Governo, a alguém que se terá prestado a concorrer numas eleições praticamente perdidas à partida (tal a indicação das sondagens prévias às mesmas). Esses falsos moralistas mostram-se ainda mais escandalizados por considerarem que «estava tudo combinado».

Conhecedor de Cabo Verde; conhecedor de muitos dos seus políticos (da oposição e do Governo); conhecedor bastante de muitos dos “críticos” pseudo-moralistas, e do seu percurso profissional, social e político ― e fico-me por enquanto por aqui ―, penso que estou à vontade para opinar com propriedade e sem facciosismo sobre o assunto em questão, não escondendo minimamente a minha profunda amizade e admiração pela Dra. Vanda Évora, a qual, como deixo entender no título desta posta, não me constituiu seu procurador não sabendo eu sequer se concordará minimamente com aquilo que ora digo sobre o assunto.

E não pretendo (pelo menos por ora e desde que não seja provocado) pôr o dedo em qualquer ferida (que as há, e muitas); mas devo esclarecer que entendo que o convite que o Governo fez à Dra. Vanda Évora é um acto técnica e politicamente perfeito.

Tecnicamente perfeito porque a Dra. Vanda Évora reúne todas as condições essenciais (e muitas condições acessórias) para o cargo: desde logo é uma jurista experiente, portadora de um já longo, variado e imaculado currículo profissional; é uma profissional competente, com provas dadas, capaz, por isso, de desempenhar o cargo com total adequação ao mesmo e às suas exigências; e ― last but not least ― a Dra. Vanda é uma pessoa HONESTA (atributo este cada vez mais raro na espécie humana) e garante por isso a todos os accionistas da ENACOL que o banalizadíssimo fenómeno que dá pelo nome de CORRUPÇÃO terá enormes dificuldades em passar-lhe sequer por perto.

O acto é politicamente perfeito porque o Governo achou, e bem, que, tendo essa possibilidade e necessitando nomear alguém para o cargo de Presidente da Assembleia Geral da ENACOL, deveria dar ― rápida, clara e publicamente ― o sinal do apreço e do respeito que a Dra. Vanda Évora lhe merece. E do apreço e do respeito que a Dra. Vanda Évora merece (sem o “lhe”).

É assim que deve funcionar a política quando é séria e responsável. E neste caso o Governo do PAICV foi exemplar.

Na impossibilidade de apontar qualquer falha de carácter; qualquer falha profissional, social ou familiar à Dra. Vanda Évora, só restará aos seus adversários políticos os fracos argumentos de «favores» ou de «combinação prévia» ― que não querem dizer coisíssima nenhuma ― na tentativa de atacarem politicamente quem se lhes apresenta como uma adversária moral e profissionalmente couraçada e de promissor futuro político.

Oxalá a Dra. Vanda Évora queira dar os próximos passos.

Para bem de S. Vicente e de Cabo Verde.

Declaração de interesses:
Ex-militante do PAIGC (“GC”, não “CV”) sou politicamente independente e bastante crítico do actual Governo de Cabo Verde. Apoiei o Dr. Carlos Veiga nas últimas eleições presidenciais e já por mais que uma vez o incitei a voltar a candidatar-se à Presidência da República reiterando todo o meu apoio. Tenho mais amigos no MPD do que no PAICV e dentre aqueles destaco os Drs. Carlos Veiga e Gualberto Rosário. E quanto à Dra. Isaura Gomes (Zau), nutro por ela simpatia pessoal. Quanto à Dra. Vanda Évora, está tudo dito no texto supra.