Quando foi do aeroporto da Ota, criticou-se exaustivamente o Governo pela sua obstinação em considerar apenas aquele projecto; por não mudar de atitude e aceitar estudar outras alternativas que lhe iam sendo entregues ou sugeridas, etc.
O Governo acabou por ceder ― o que foi um bom sinal para os que se lhe opõem ― sinal de que afinal, e ao contrário de todos os indicadores que a propaganda ia lançando ao ar, não se tratava de um Governo forte, certo das suas decisões e convicções, mas antes de um Governo que cede a pressões e governa segundo as sondagens e a onda política que varre o país em cada momento.
Agora, sobre a travessia do Tejo, o Governo, por certo já escaldado com a Ota, e ainda desorientado por ter tido que remodelar Correia de Campos por pressão da rua e de Manuel Alegre, depois da gaffe de vir o primeiro-ministro dizer que tinha tomado a decisão de atravessamento do Tejo por uma ponte rodoferroviária Chelas-Barreiro, resolveu corrigir a mão e dizer, através do ministro das obras públicas, que o LNEC irá estudar as várias opções que se colocarem e dar um parecer técnico sobre o qual o governo baseará a sua decisão.
Aqui d’el Rei ― clamam agora várias vozes ― que este Governo não sabe tomar decisões e quer passar a governar através de pareceres do LNEC...
Convenhamos que isso não é justo. Então Sócrates é sempre preso: quer tenha, quer não tenha cão?!
Não é justo, não senhor. Mas está certo: afinal Sócrates é aquele indivíduo que, pelos vistos, fez coisas que não fez; aquele indivíduo para quem o “assim” pode também ser (e em alguns casos terá sido) “assado”, cozido ou frito. Ou tudo isso ao mesmo tempo.
Em resumo: no posto de primeiro-ministro está um português genuíno.
Essa é que é essa!