Esta é uma notícia do Diário Digital (com um sublinhado de minha autoria):
«O ex-candidato presidencial independente e deputado socialista, Manuel Alegre, teceu hoje críticas demolidoras à reforma dos serviços de saúde, considerando que se trata de um «erro colossal» e de uma política «estapafúrdia» do actual Governo.»
«As pessoas vão passar a nascer em casa ou a morrer em casa, para além daqueles que já andam a nascer pelo caminho», ironizou, ao abordar numa entrevista à jornalista Flor Pedroso, da Antena 1, a desertificação dos serviços públicos no interior.
«Parece que é isto que se está a fazer (desmantelar)», disse, acrescentando «não compreender esta política, não só das taxas moderadoras para tratamentos e cirurgias (uma dupla tributação), como a extinção de urgências e de Serviços de Atendimento Permanente e o encerramento de maternidades em zonas do interior, seja qual for a fundamentação técnica».
Ah! Finalmente mais alguém percebe que se trata de DESMANTELAR O Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Desde os idos de 2004 (ao tempo ainda do governo de Durão Barroso) que venho ― primeiro, no “Salmoura”, depois, aqui no “África Minha” ― clamando contra o desmantelamento do SNS; agora parece que já todos perceberam que se trata disso mesmo.
Mas ainda muita gente não percebeu que este desmantelamento do SNS é um programa consistente do Bloco Central (PSD e PS) e não apenas um programa (de agenda escondida) do PS e do Governo ― muito menos um programa de apenas o senhor ministro da Saúde ―. Trata-se de um programa consistente e pormenorizado quanto aos meios a aplicar e os objectivos a atingir; programa que favorece os grandes grupos económicos que dominam o País e que através do investimento em hospitais privados e da obtenção da gestão, em parceria público/privado, dos hospitais públicos, pretende entregar os cuidados de Saúde nas mãos das companhias de seguros, onerando com isso largamente a assistência aos doentes, e excluindo desta forma, do sistema, largas camadas da população portuguesa que não têm dinheiro para pagar os cuidados de saúde e os medicamentos de que precisam para não «morrerem em casa» (como disse Manuel alegre); ou na rua, como digo eu agora.
Alegre diz que vai assinar uma petição em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Tanto quanto sei, Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, é o terceiro subscritor dessa petição que tem como impulsionador o antigo Ministro da Saúde, António Arnaut.
Eu gostaria de ser o número dez milhões dessa lista; isso significaria que finalmente a população portuguesa tinha aberto os olhos à realidade que a espera (e já a atinge em parte) quanto à assistência social e à assistência na doença. O povo todo, o povo pobre todo (mas também o povo “médio”: a classe média e, sobretudo, a classe média baixa) está na iminência de só poder ser tratado a algumas doenças e a receber apenas alguns cuidados médicos e ser sumetido a apenas determinados tipos de cirurgias, consoante o que estará previsto no seu seguro de saúde e não TUDO AQUILO A QUE TEM DIREITO como cidadão e como simples ser humano.
É tempo de acção e não só de palavras.
Cada cidadão que se sente atingido por esta política de Saúde deve procurar agir através de grupos organizados de cidadãos que por certo surgirão um pouco por aí em defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Não fique à espera de «morrer em casa».
Lute com todas as forças que tiver
Este Governo não é de aço.
Se já mudou de opinião, de certezas e de decisões (a OTA é um exemplo acabado disso) sob pressão de grandes grupos económicos; se decidiu fraccionar os retroactivos miseráveis dos pensionistas e depois se viu forçado pela opinião pública a mudar a mão em 48 horas e a pagá-los por inteiro;
Você pode, organizadamente, civicamente intervindo, obrigar o Governo a recuar no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde.
Informe-se, participe nas iniciativas de cidadãos que vierem a ser criadas e não se deixe ficar em casa.
E, por favor:
NÃO PENSE QUE ESTE PROBLEMA SERÁ RESOLVIDO PELO VOTO
Desde logo porque o PSD, que é a alternativa ao PS, para além de pertencer ao Bloco Central, tem, segundo o seu próprio e cómico líder, a intenção de «DESMANTELAR o peso do Estado em seis meses» privatizando tudo o que mexe e tudo o que não mexe.
Não será, portanto, através do voto nos partidos que este problema se resolverá.
Será através da participação em movimentos cívicos, legais, de cidadãos.