Ouvi hoje, ao fim da tarde, no programa Contraditório da Antena1, mais uma vez, dito agora pelo jornalista Carlos Magno, a estafada frase «os hospitais públicos portugueses produzem pouco: os blocos operatórios, por exemplo, deviam trabalhar mais, deviam ser rentabilizados e não estão a sê-lo.»
Mas quando é que esta gente; quando é que toda a gente percebe que para os blocos operatórios trabalharem mais horas e serem rentabilizados, há que ter mais pessoal a trabalhar neles; que há que gastar mais dinheiro; e deixam de pensar que os mandriões dos cirurgiões, e dos anestesistas, e das enfermeiras, e dos auxiliares é que não querem trabalhar.
É assim tão difícil perceber isto?
Não há tanta gente assim nos hospitais, meus amigos; e cada vez há menos gente a trabalhar nos hospitais, meus amigos.
Acordem! Percebam o que se passa!
Estamos a assistir, na Saúde, à gestão do CORTA, CORTA, CORTA. Isto tinha e tem que ter consequências. E não são os privados que vão resolver os problemas que vão aparecendo: porque os privados são mais caros e por via disso não são para toda a gente.
E a tendência existente é para o agravamento da situação ― tanto pela forma como o Governo governa a Saúde; como pela forma como o PSD (futuro Governo) pretende governar a Saúde: em vez de olharem para os Estados Unidos como exemplo a evitar, olham para lá como modelo a copiar.
Será a catástrofe a prazo.