quinta-feira, 26 de outubro de 2006

UM GOZO PERMANENTE

É isso que parece estar a fazer connosco o Ministério da Saúde em relação a certas matérias (é a primeira vez que emprego a palavra “matéria”. Algo deve estar para me acontecer. Ou se calhar é de ouvir Jorge Coelho empregá-la pelo menos umas vinte vezes em cada Quadratura do Círculo. Onde volta e meia ele costuma dizer: «como é evidente, nesta matéria», e patati e patatá).

Vejamos então se não é gozo:

1. Até há bem pouco tempo os anticoncepcionais orais (é assim que os médicos tratam a vulgar “pílula”) eram comparticipados pagando a utente uma parte e o Estado outra. Agora, com a descomparticipação da pílula pelo Estado, a utente tem que pagar a totalidade do custo da mesma se não quiser ficar grávida aquando do truca-truca.

Claro que assim o Estado vai poupar muito dinheiro.
Parece... mas não é verdade!

Porque, por outro lado, o Estado se prepara para pagar na totalidade as despesas com os abortos voluntários que a aprovação da lei do aborto vai permitir que se faça em unidades de saúde.

Agora perguntamos: é preferível e mais barato comparticipar a pílula a 100%, ou contribuir para que as mulheres engravidem e depois recorram ao sistema de saúde para abortar gratuitamente?

Em que cabeça é que medrou essa ideia absurda de fazer do aborto um método anticoncepcional? Desculpem, mortipósconcepcional.

Claro que estamos perante um gozo.

Vejamos agora outro:

2. Desde há um ano que os serviços do Ministério da Saúde têm alertado a população para o perigo da Gripe das Aves. Reconheça-se que também nos tem dito que o país está prevenido pois foram encomendadas doses suficientes do antivírus Oseltamivir (TAMIFLU), para se tratar os doentes.

Mas...

Como nas farmácias o TAMIFLU não é comparticipado, tendo o doente não hospitalizado que pagar 25,17 euros por cada caixinha de 10 cápsulas, isto é, 5 euros por cada dia de tratamento;

E como os doentes internados num hospital têm tratamento “gratuito” mas têm que pagar o imposto diário de 5 euros, imposto apelidado de forma brincalhona, pelo senhor ministro da Saúde, de “taxa moderadora”;

Conclui-se, com toda a crueza deste mundo, que se houver uma epidemia da Gripe das Aves em Portugal, será a população doente a pagar na totalidade o seu tratamento.

Lindas medidas para o sector da Saúde!

É ou não é verdade?