domingo, 8 de outubro de 2006

LER PARA CRER

«Um sujeito de meia-idade, forte, barbudo, mal-enjorcado, aspecto magrebino»

É assim, com toda esta polidez que por certo lhe advém da sua impecável formação diplomática, que a deputada do PS, Ana Gomes, descreve Pacheco Pereira.

O Dicionário da Academia define enjorcado como «quem se vestiu mal, à pressa ou atabalhoadamente.»

Já o termo magrebino não figura naquele dicionário. Nem sequer o termo Magrebe, o que já é mais grave. Aliás, quem consulta aquele dicionário com alguma regularidade sabe que o mesmo, sendo, segundo dizem alguns entendidos, um dos melhores da língua portuguesa, deixa, contudo, muitíssimo a desejar pois, com frequência se depara nele com enormes lacunas.

No nº 1497 da “Revista” do Expresso, de Junho de 2001, Vasco Graça Moura faz a seguinte apreciação de dita obra:

«Estamos perante uma coisa que não justifica as muitas centenas de milhares de contos que nela foram despendidos. E que não só labora em equívocos muito discutíveis, como induz outros equívocos com consequências ainda imprevisíveis neste momento para a nossa língua e para o seu património semântico e expressivo. ...Mas o pior é que, se este dicionário não permite ler muito de que os grandes autores da língua portuguesa do passado escreveram, ... ele também não permite ler uma parte muito significativa dos autores modernos.»

Mas sempre podemos adiantar que Magrebe é identificado como a parte ocidental da África, ao norte do Deserto do Sara. Magrebe significa, em árabe, «onde põe o sol».

Magrebinos são os habitantes do Magrebe; são basicamente, árabes e berberes.