Depois de lida a edição em papel, conclui-se que o SOL não pretende ser o 24 Horas. Pretende é ser – melhor: já é – um Expresso 2. Mas é um Expresso 2 com laivos de 24 Horas na sua revista TABU onde o artigo de capa se intitula “Bebés trocados”, uma história com 34 anos (trinta e quatro) de troca de dois recém-nascidos numa maternidade.
Vendo bem não se poderia esperar coisa diferente. Afinal o SOL é feito pelo ex-director do Expresso, José António Saraiva, e por um grande e significativo grupo de ex-jornalistas do Expresso. Um grupo de ex-jornalistas que trabalharam quase toda uma vida no Expresso cujo carácter e feição moldaram ao longo de décadas (três para alguns, duas para outros) antes de o abandonarem.
O SOL é assim a modos que um projecto revanchista que releva de Freud o que ao complexo de Édipo diz respeito: o que aqueles filhos do Expresso (em última análise, de Francisco Pinto Balsemão) pretendem agora é consumar a morte do pai.
Se o SOL vingar terão dado o grito do Ipiranga libertando-se do complexo; mas se Balsemão (macaco velho de calo no rabo) reagir a preceito... ou muito nos enganamos ou o grupo dissidente irá parar ao divã do psiquiatra, isto é, afundar-se-á com o ocaso do SOL e viverá o resto dos seus dias ensombrado pela figura paterna.
Vai ser interessante seguir a trajectória que a partir de agora os dois semanários vão traçar no panorama jornalístico português.
E eu que deixara de comprar o Expresso que os “ex” faziam – porque o que este semanário trazia aos fim-de-semanas não era mais que histórias serôdias e notícias requentadas – vou ter que passar a comprar os dois Expressos (o Expresso pai e o Expresso filho) apenas para ir constatando as estratégias assassinas do progenitor e do seu rebento complexado.