sexta-feira, 30 de junho de 2006

UMA ZITA DE CALÇAS

Num artigo publicado no Abrupto, Pacheco Pereira entretém-se a fazer um longo arrazoado preambular e diagnóstico da actual situação económica e social do País, tendo inteira razão na escalpelização do período Guterres da política portuguesa; dos períodos “barrosista” e “santanista” do PSD no Governo; na acção de Manuela Ferreira Leite enquanto Ministra das Finanças de José Barroso; e ainda na acção do actual primeiro-ministro português, José Sócrates.

Bem à portuguesa, todo o historial e o diagnóstico da situação, passada e actual, estão perfeitamente concebidos e expostos.

A páginas tantas da leitura desse texto, a porca começa a torcer o rabo porque vemos que estamos chegando ao fim do mesmo sem vislumbramos ponta de solução alternativa para os problemas elencados e analisados.

Mas é apenas uma ilusão nossa, pois que, o fino analista e comentador de tudo; aquele que tem sempre a preocupação de fazer autocitações como tendo “previsto” tudo no passado (apenas porque desconfiara que o que analisara viria a dar para o torto), lá mais para o final do texto aparece com uma receita milagrosa que não explica minimamente o que é que seja sem ser uma selva económica onde a incompetente classe empresarial portuguesa, tomando inteiramente nas suas predadoras mãos os destinos do erário público, “governará” os dinheiros dos nossos impostos a seu bel-prazer.

Diz-nos então Pacheco Pereira (destaques da minha responsabilidade):

«A reconfiguração do modelo do nosso Estado devia apenas garantir uma protecção social mínima para quem realmente a exige, limitar a esse mínimo de solidariedade social básica o carácter distributivo dos impostos, assim libertando para cada um a gestão da parte da sua "segurança" que está para além do mínimo garantido e para a economia recursos de que o Estado tem vindo a apropriar-se numa espiral cada vez maior.»

O que, no meu entender, significaria: puta que pariu para os mais pobres.