quinta-feira, 20 de outubro de 2005

SIRVAM-SE À VONTADE

Natália Correia disse certa vez que a poesia era «para comer».

Talvez estivesse a pensar na poesia de Rainer Maria Rilke.

Substancial como sempre:



SOLIDÃO

A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.


Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã,
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...