sábado, 9 de outubro de 2004

O PASSADO REVISITADO

Hoje passei uma boa parte da tarde a rever fotografias que fiz há vinte, trinta e mais anos.

Meu Deus! Santíssimo Senhor: quão grande fui então (bonito, forte, inteligente, rico, indestrutível e imortal). E quão pequenino sou agora (velho, fraco, medroso, vulnerável e altamente finito).

Descobri, pelas fotografias que fiz nesse tempo, que o tamanho do mundo cresceu incontroladamente desde então, e que hoje a minha insignificância nem sequer tem existência.

E descobri uma coisa espantosa e deprimente: afora as pessoas retratadas que já morreram (e foram algumas), as que, como eu, se mantêm vivas - também estão de certa forma mortas -. Não têm quase nada a ver com a pessoa que foram no passado. Não temos nada a ver com a pessoa que fomos no passado.

Eu, confesso-me deslocado; fora de tempo; na última curva antes da meta, enfrentando a certeza de que a vitória não será minha.

Mas antes de atingir a recta da meta, penso deixar aqui a maior parte das fotografias de que falo. Esperem só mais algumas semanas que poderão constatar da inexorabilidade do tempo.