Maria José Nogueira Pinto, ontem aqui no DN, oportuna e inteligentemente escarafunchou bem fundo na ferida dos homossexuais tocando lá no ponto que lhes dói e não há como anestesiar. Disse:
«Então, porque querem tanto a lei os homossexuais? Esta é a segunda e a mais importante das questões que o tema levanta: a simbologia. Na busca de um estatuto de respeitabilidade, os homossexuais exigem um símbolo suficientemente forte para afastar os fantasmas da diferença, da discriminação implícita, de uma situação apenas consentida, do medo da homofobia, da suposição do desprezo, da condescendência hipócrita. Só a institucionalização por via do legislador de uma igualdade de acesso ao casamento, destruindo os pilares fundamentais e distintivos desta realidade antropológica e social, criando uma ficção onde todos são igualmente incluídos, os pode securizar.»
Hoje apareceu Fernanda Câncio no mesmo jornal pretendendo responder a Nogueira Pinto mas sem argumentos e sem razão ― aliás, Câncio não respondeu, tentou apenas ― e veio logo com aquela de PESSOAS DO MESMO SEXO significando os homossexuais a ver se a moda pega. E disse, escreveu:
«Quando alguém diz, como ontem dizia na sua coluna neste jornal Maria José Nogueira Pinto, que "não se pode tratar da mesma forma o que é diferente", falando de "usurpação" a propósito do desejo dos homossexuais de aceder ao instituto do casamento e ao que ele simboliza - a assunção e dignificação social de uma relação -, está a falar a língua da exclusão.»
Câncio talvez ache que se uma lésbica desejar um dia fazer uma biopsia à próstata nenhum médico terá o direito de lha recusar sob pena da prática inadmissível de «exclusão».
E vamos continuar com este folclore enquanto a economia do país se afunda, o trabalho se vai, o desemprego cresce e a miséria se instala.
.