sexta-feira, 30 de março de 2012

UM FRENESIM PATÉTICO


Há por aí um frenesim patético nas redes sociais, na imprensa e nas televisões à volta da reabertura do “processo do diploma de José Sócrates”.

Mas o que é que isso interessa hoje? Isso interessou quando o homem era primeiro-ministro: servia para lhe conhecermos o carácter. Uma vez caracterizado e fora do poder ― esteja ele em Paris ou onde quer estar ― de que vale preocuparmo-nos hoje se o diploma dele é falso ou não uma vez que nenhuma consequência minimamente relevante daí resultará!?

Essa gente toda da direita parece acéfala pois deixa-se embalar na perseguição a Sócrates e no revolver do seu passado, quando Passos Coelho e seus amigos destroem o futuro deste país caminhando para o abismo mais profundo.

Coelho deita-nos fogo à casa e a gente da direita ― com a casa a arder ― corre atrás de Sócrates de diploma na mão. Isto é um absurdo de bradar aos céus!

Trata-se de gente burra, de gente alienada, de gente masoquista ou quê?!...

SAFA!!!

ABUSIVAMENTE


Este é um aplicativo de comunicação profusamente utilizado nos smatphones. Este aplicativo (opcional), uma vez instalado fica residente no sistema e nenhum utilizador comum o fará parar de trabalhar (mesmo quando o telefone está em repouso) e muito menos o conseguirá desinstalar completamente. Nunca! Só um Geek poderá desinstalá-lo, e para isso será preciso fazer modificações no telefone (rootear o telefone) perdendo com isso a garantia do produto.

É um aplicativo que “sabe” tudo o que se passa no e através do seu telefone ― conhece os seus hábitos de utilizador, todos os números da sua lista, os seus dados pessoais, os seus passos na rua, os textos das suas mensagens, etc. ― e divulga a terceiros o dia, a hora e os minutos em que você consultou pela última vez as mensagens por ele veiculadas. Para além disso o aplicativo pode «ter actividades que impliquem pagamento» ― por exemplo, consumir sem que você queira, o seu plano de dados contemplado no seu tarifário mensal. Eu considero-o (é o que eu penso) um aplicativo altamente abusador e excessivamente intrusivo.

Para o fazer parar no meu telefone andróide, tentei ontem de tudo durante mais de duas horas. “Parava-o” através do manager dos aplicativos e passado um tempinho ele fazia autostart e lá estava activo de novo. Fui à Net várias vezes; segui recomendações e exemplos ― sem sucesso!

Mas acabei por encontrar o ovo de Colombo: abri o AVG antivírus que uso no meu telefone (toda a gente deve ter um antivírus nestas máquinas) e fui à opção “Task Killer” ― matei o aplicativo e consegui finalmente que ele não voltasse a respirar. Mas continua instalado no meu telefone; está é morto e sepultado nele, mas não consegui desinstalá-lo. Entretanto, do mal, o menos.

Quando fizer o update do software para o Ice Cream Sandwich (Andróide 4.0) espero poder ver-me livre destas "carraças espionas".

quinta-feira, 29 de março de 2012

(XLVIII) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA OITAVA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


(I)                  Nas duas peças ensaísticas precedentes, apresentamos um modelo de interpretação da Democracia contemporânea, que (na verdade), não é sinónimo de apologia da revolta ou da anarquia. Com efeito (et pour cause), colocar os direitos subjetivos no cerne/imo da nossa compreensão da Democracia, implica reconhecer que o poder (entendido como dominação/domínio), sob formas (mais ou menos), duras ou flexíveis, constitui um elemento constitutivo do que denominamos a Política.
(II)                De anotar (antes de mais), que na terminologia em uso (presentemente), falar-se-á (mais naturalmente), de governança/governação. Donde, pode-se distinguir entre uma boa governação e uma má governação. No entanto, o critério de distinção (por essa razão), que é fixado pelos governantes (eles próprios), ou pelos teorizadores (que adoptam), o ponto de vista destes governantes, só pode constituir (o) da eficácia, ou seja, a capacidade para suscitar a adesão dos governados às políticas, que são elaboradas por outros (como eles).
(III)              De anotar (outrossim), que uma boa governação é (a) que antevê as possíveis resistências da Matéria Humana sobre a qual (ela) exerce. Nesta perspectiva (que considera necessariamente), sempre o povo governado à partir de uma posição de desvio/pendor, a autonomia do sujeito constitui um obstáculo com o qual é necessário transigir, adoptando a via da persuasão antes que a do constrangimento.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O SENTIDO DA VIDA E O SUICÍDIO


Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma questão fundamental da filosofia. [...] O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. São apenas jogos; primeiro é necessário responder.

Galileu, que possuía uma verdade cientifica importante, dela abjurou com a maior das facilidades deste mundo, logo que tal verdade pôs a sua vida em perigo. Fez bem, em certo sentido. Essa verdade não valia a fogueira.

Em contrapartida, vejo que muitas pessoas morrem por considerarem que a vida não merece ser vivida. Outros vejo que se fazem paradoxalmente matar pelas ideias ou pelas ilusões que lhes dão uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é ao mesmo tempo uma excelente razão de morrer). Julgo pois que o sentido da vida é o mais premente dos assuntos — das interrogações. Como responder-lhe? Em todos os problemas essenciais (e por tal entendo os que podem fazer morrer e os que decuplicam a paixão de viver) só há provavelmente dois métodos de pensamento, o de La Palisse e o de Don Quixote.

É o equilíbrio da evidência e do lirismo o único que nos faculta ao mesmo tempo o acesso à emoção e à clareza. Num assunto ao mesmo tempo tão humilde e tão cheio de patético, a dialéctica sábia e clássica deve pois ceder o seu lugar, é fácil de conceber, a uma atitude de espírito mais modesta que deriva ao mesmo tempo do bom senso e da simpatia.

[Albert Camus in O Mito de Sísifo]

(XLVII) Alors que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA SÉTIMA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            Uma Abordagem da Interpretação da Democracia “moderna”:
(A)                     Com efeito (et pour cause), na verdade, e (sem sombra de dúvida), uma das principais vantagens de uma interpretação da Democracia moderna à luz da sua história, ou seja, do processo que fez regímenes constitucionais edificados à partir do século XVIII (o que se denomina, presentemente), de “democracias liberais” é de permitir uma concepção flexível da Democracia, libertada de um demos unitário.
(B)                     De anotar (por outro), que a cidadania foi pensada como algo vinculado à pertença nacional, facto que resulta da estrutura territorial do poder junto da qual o indivíduo deve negociar os seus direitos. No entanto, o que se sublinhou, tendo em conta, as condições do monopólio estatizado do reconhecimento  e da garantia dos direitos, prende-se com o facto, que, já a sua extensão, em termos de grupos de população a que diz respeito (outrossim), o conteúdo destes direitos (raramente), deu lugar à iniciativa dos poderes instituídos.
(C)                     Eis porque, de sublinhar (antes de mais),que (mais exatamente), quando estes poderes formalizaram direitos novos ou, acordaram o alargamento do círculo dos beneficiários de direitos (já existentes), inscrevendo-os na Lei (eles), fizeram-no (geralmente), sob a pressão, efetiva ou antecipada, de movimentos reivindicadores  das populações sem poder. De facto, foram as classes sociais desfavorecidas ou as “minorias” de diversas naturezas, que impuseram, recorrendo-se a todos os meios (pacíficos ou violentos), que são (aliás), os meios de expressão dos “sem parte”, ante a Instituição de direitos novos, os quais modificaram, etapa por etapa, a definição da Cidadania.

segunda-feira, 26 de março de 2012

(XLVI) Alors que faire?

Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIAM SEXTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


Nos meandros da Democracia sem Demo”:

            Para principiar (avisadamente), este nosso Estudo, vamos atentar (antes de mais), no que dizem os Dicionários acerca de Demo e Democracia:
           
Do Dicionário HOUAISS da Língua Portuguesa, tomo VI:
a.     Demo: Elemento complemento ante-positivo, do Grego (dêmos, ou povo, demo) (...).
b.    Demo: Conjunto de indivíduos vivendo colectivamente; Povo, população; Divisão administrativa criada na Antiguidade ateniense e generalizada por toda a Grécia, nos tempos modernos. Etimologicamente: Do Grego dêmos, ou “Povo”, adaptado ao Latim, dêmos.
(II)                   Democracia:
a.     Politicamente:
                                                  i.    Governo do povo, governo em que o povo exerce a soberania;
                                                 ii.    Sistema político cujas ações atendem aos interesses populares;
                                                iii.    Governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade;
                                                iv.    Sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos;
                                                 v.    Governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias (...).
b.    Etimologicamente:
                                                  i.    Vocábulo oriundo do Grego (demokratía) de demos (povo) + Kratia (força, poder), por sua vez, do verbo Grego: Kratéo “ser forte, poderoso”, adaptado ao Latim tardio (democratía, ae). Idem, proveniente do Francês démocratie (...).

Da Enciclopédia Público, Tomo 6:
                        DEMO:
                                    Elemento de composição de palavras que exprime a ideia de Povo.
                                    Nome masculino: Povoação ou Circunscrição administrativa, na Ática Antiga.

                        DEMOCRACIA:
                                    Etimologicamente, significa o “poder do povo”. O vocábulo “Democracia” vem-nos da Grécia, que é habitualmente considerada como o seu berço. (...).

quinta-feira, 22 de março de 2012

(XLV) Alors que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA QUINTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            Para principiar:
                        “Quando os nossos escravos se encontram à bordo colocamos aos ferros os homens dois a dois, enquanto estivermos no porto e à vista do seu país, visto que é nesse momento que estão mais inclinados para fugir e se amotinar... São alimentados duas vezes por dia... o que é a hora em que eles estão mais levados à motinaria, encontrando-se todos em cima da ponte; por conseguinte, durante todo este tempo, os dos nossos homens que não estão ocupados à distribuir-lhes o alimento e em apaziguá-los, permanecem perto das suas armas e alguns seguram fósforos iluminados perto dos grandes canhões que se dirigem por cima deles, carregados de granalhas até ao que eles tenham terminado e tornaram a descer nas suas habitações entre as pontes”. IN T. PHILLIPS (1693-1694), Documentos, volume I.

(I)                    Na verdade, o ecletismo e o espírito de competição das sociedades Africanas outorgavam às mercadorias europeias um atrativo fatal. Nenhuma era essencial, exceção feita (num sentido), armas de fogo, porém a maioria eram bens de consumo (suficientemente), apreciados para impelir os soberanos e muitas pessoas ordinárias à vender outros Africanos (para com os quais), nada sentiam, como se fosse na Idade Média, em que os Genoveses e os Venezianos venderam outros europeus aos Muçulmanos.
(II)                   Vale a pena, anotar, que outros se opunham, a  este tipo de relacionamento, não forçosamente por razões morais! Foi o caso de muitos povos sem Estado. O Benim encerrou o seu mercado aos escravos, o rei Afonso do Congo deplorou os efeitos nefastos do tráfego. Existem depoimentos, mostrando, que pessoas ordinárias ajudavam os escravos à se evadir. Sendo dado, a preocupação (tipicamente africana), de incrementar a população, vender homens era chocante e de uma trágica ironia! A lógica do tráfego residia no divórcio entre interesses colectivos e interesses individuais, os homens poderosos entregando-se ao tráfego para procurar bens que lhes permitiriam atrair clientes ainda mais numerosos. Eles vendiam pessoas para adquirir outros!

terça-feira, 20 de março de 2012

MÚSICA AO VIVO NO MINDELO

EVENTO CULTURAL NO MINDELO

Clique na imagem para ver melhor.
E se estiver no Mindelo vá ao CCM ver e ouvir esta malta.

(XLIV) Alors que faire?

Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA QUARTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            NP:

                        “Os comerciantes negros de Bony e de Calabar, que são muito entendidos em compreender e em falar as diversas línguas do seu próprio país, como as dos Europeus, descem todos os quinze dias aproximadamente com escravos: Quinta-feira ou Sexta-feira é geralmente o seu dia de comércio. Vinte ou trinta pirogas, às vezes mais, às vezes menos, chegam ao mesmo tempo. Em cada uma pode haver vinte a trinta escravos. Os braços de alguns de entre eles estão atados atrás das costas com ramagens, canas, cordas de erva ou outros ligamentos do país; e se descobrem serem mais fortes que de costume, são igualmente garrotados debaixo do joelho. Neste estado, são lançados no fundo da piroga, onde resvalam em grandes sofrimentos e frequentemente quase inteiramente recobertos por água. Ao desembarcar, são levados para as casas dos negociantes, onde eles são untados com óleo, alimentados e preparados para a venda”. IN Depoimento de W. JAMES (1789).

(1)           Os negreiros europeus praticavam (com efeito), dois sistemas de troca. O primeiro denominado “fábrica” constituía nos seus factos, uma espécie de diáspora comercial inspirada no modelo Africano, no lugar onde as autoridades políticas permitiam aos Brancos estabelecer fundações/feitorias permanentes a fim de aí concentrar escravos e os fazer embarcar. Estas “fábricas” eram dispendiosas. Só foram fundadas por companhias de privilégio, no século XVII, ou no lugar onde os escravos eram (particularmente), numerosos, como no Daomé.
(2)           Já, os  traficantes privados recorriam (geralmente), à um outro sistema. Os seus navios cruzavam ao longo da Costa, comprando alguns escravos (ao mesmo tempo), até que dispusessem de um carregamento completo. Num caso como noutro, o sistema encontrava-se (em última instância), sob controlo Africano. Dava lugar à dilatados comércios, facilitados pela hospitalidade, pela corrupção, alianças políticas, uma boa quantidade de álcool e das relações pessoais entre dois grupos comerciais, possuindo numerosos interesses comuns.

sábado, 17 de março de 2012

OS QUATRO MANDAMENTOS DA IMPRENSA LIVRE


O texto do El País começa assim:
«El 25 de noviembre de 1939, cuando Francia empezaba a gangrenarse por el miedo a la invasión alemana y sus élites políticas y periodísticas se disponían a entregarse sin pudor al III Reich, Albert Camus escribió un artículo para Le Soir républicaine, el periódico de una sola página a dos caras del que era codirector en Argel. En Francia regía la censura, y el texto no llegó a publicarse nunca.»;

Pelo meio diz isto:
«Al defender la utilidad del oficio de informar en tiempos de guerra, Camus sostuvo el derecho de cada ciudadano a elevarse sobre el colectivo para construir su propia libertad, y definió los cuatro mandamientos del periodismo libre: lucidez, desobediencia, ironía y obstinación.»;

E termina desta maneira:
«En noviembre de 1939, Camus decía que los “artículos más valientes se publican en Le Canard enchaîné. En marzo de 2012 sigue siendo verdad. Como todo lo demás.».

Trago aqui esta notícia com o objectivo de incentivar quem me lê a fazer o exercício de ler com muita atenção, interesse e prazer, este artigo do El País, pois, com isso irá por certo compreender (um pouco por analogia com o que se passa em Portugal) até que ponto este país está de cócoras e sem quem o defenda da invasão alemã e do confisco em curso dos bens públicos de Portugal, país que, tal como a França em 1939, está tolhido pelo medo da invasão alemã, e onde se verifica o maior despudor nas elites políticas e que exibe ao mundo esta vergonha que é ter uma imprensa que parece estúpida, obediente, patética e rendida ao estrangeiro debitando permanentemente as receitas da troika ― tudo ao contrário dos “quatro mandamentos da imprensa livre” que Camus defendeu.

sexta-feira, 16 de março de 2012

ALLEGRO MA NON TROPO

Rejubilo ao ver o meu Sporting eliminar com perfeita naturalidade a poderosíssima, caríssima e sobranceiríssima equipa do Manchester United. Em primeiro lugar, rejubilo por ver os jogadores do Sporting dando em campo tudo o que podem dar como jogadores de futebol; em segundo lugar rejubilo ao ver o Sporting praticando ― ao mesmo tempo ― um futebol de conjunto e um futebol de equipa servido com grande rigor táctico e muita qualidade técnica.

Dou por isso os parabéns à nossa equipa e ao seu actual treinador, Ricardo Sá Pinto, que, em poucas semanas, motivou e mexeu na equipa dando-lhe ambição, dando-lhe uma nova vida e transmitindo-lhe uma autoconfiança de há muito arredada de Alvalade.

Tanto no passado como no presente critiquei aqui algumas atitudes inqualificáveis e inaceitáveis de Sá Pinto. Por exemplo: a agressão física a Artur Jorge (então seleccionador nacional) em 1997; a agressão a João Carlos Freitas (dirigente do Boavista) e a agressão ao árbitro Lucílio Baptista, ambas protagonizadas em 2003; e por fim o pugilato no balneário de Alvalade, com Liedson, quando este era jogador do Sporting e Sá Pinto dirigente do clube, em Janeiro de 2010.

Por isso, e porque eu não acredito que o ser humano possa mudar de carácter, tive e mantenho as maiores reservas quanto ao comportamento que Sá Pinto poderá vir a ter no futuro ao serviço do Sporting.

E VIVA O SPORTING!!!

(XLIII) Alors que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA TERCEIRA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).
 
(I)
            Com efeito, na verdade, mais a Sul de Serra Leoa, três grupos comerciais adquiriram uma relevante reputação, designadamente:
            Os ARO comerciavam entre o país IGBO e o delta do Níger, explorando (todo particularmente), um orago/profecia de AROCHUKWU, perto da CROSS RIVER suposto “comer” os que (ele) persuadia de feitiçaria ou de outros delitos. Na realidade, eram vendidos a jusante!
            Por seu turno, os BOBANGI cobriam os 1700 quilómetros do rio Congo, conduzindo os escravos até aos negociantes vili de LOANGO, no atual Gabão.
            E, em Angola, pioneiros portugueses levavam caravanas (muito longe), no interior das terras, enquanto algures este tráfico constituía um monopólio Africano, salvo ao longo dos rios Gâmbia e Senegal.
            Enfim, de anotar, que soberanos se empenhavam (outrossim, diretamente), no tráfego, porém à titulo de exportadores privilegiados mais ao de monopolistas.

(II)
            Demais, vale a pena, sublinhar, que, mesmo, o reino Ashanti e o Daomé (os mais autoritários) dos Estados comerciais do século XVIII, geriam sistemas de economia mista, no seio dos quais os chefes e mercadores exportavam ao lado de funcionários negociantes. A venda dos escravos aos Europeus era assegurada (no essencial), por intermediários costeiros que se esforçavam (simultaneamente), impedir os Brancos de penetrar no interior das terras e os Negros de atingir o mar (afirmando, quiçá à uns como aos outros), que os (d’en face), eram canibais!

(III)
            Vale a pena, consignar (antes de mais), que, na Senegâmbia e na Alta-Guiné, estes intermediários eram (frequentemente), “afro-portugueses”. Demais, tratava-se (ordinariamente), de Africanos, sendo o grupo mais conhecido, os IJAW, do delta do Níger, que tiravam partido de uma instituição, de nome, a “Casa de pirogas” e, outrossim e (concomitantemente), grupo de parentesco, companhia comercial e facção política. E, no atinente à família (propriamente dita), se barrotava de escravos e de subordinados que pagavam em enormes embarcações para remontar o Níger, visando aí amontoar e acumular escravos...

Lisboa, 15 Março 2012
KWAME KONDÉ
(intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

quarta-feira, 14 de março de 2012

PORTUGUESES PASSAM A COMER PALHA

[Notícia do Expresso on-line de 13-02-2012]




É uma notícia de certa forma alarmante e que alerta os leitores e os cidadãos em geral para os malefícios da “carne vermelha” (leia-se carne de vaca).

A notícia veicula uma verdade antiga conhecida pela ciência médica, e este estudo não faz mais (e fá-lo muito bem) do que corroborar algumas suspeitas, bem como certas evidências medicamente já confirmadas e, aliás, utilizadas na clínica diária de qualquer médico que se presa, de que o consumo de carne deve ser moderado e de que há certos doentes (insuficientes renais, por exemplo) que devem comer pouquíssima carne ou mesmo não a comer de todo. Mas sabe-se que a carne de vaca também faz muitíssimo bem a quem dela necessita. É como tudo o que comemos: faz bem e faz mal ao mesmo tempo.

Conhecendo “o que a casa gasta”, não hesito um momento só que seja em pensar que está aí está a começar uma campanha surda e mole ‘contra’ o consumo de carne de vaca ― não vá um dia destes o leitor querer comer um bom bife do lombo e ficar supinamente revoltado quando meter a mão no bolso e verificar que não tem dinheiro para o comprar!

Entretanto o DN titula na sua edição de hoje:

COVITE ESPECIAL

Programa da Associação Cultural/Grupo Cénico: TCHON DI KAUBERDI,
Na segunda quinzena de Março 2012:

“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).

            DIA 24 MARÇO 2012: Homenagem à CESÁRIA ÉVORA às 20 horas.

            DIA 31 MARÇO 2012: Evento Cultural, no âmbito da COMEMORAÇÃO DO 50º ANIVERSÁRIO DO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2012, à partir das 15 horas.

            Estes dois relevantes Eventos Culturais têm a Direção Musical de Armando Tito e coordenação Artística e Cénica de KWAME KONDÉ.

            Nota Importante: Os Eventos terão lugar, na Sede da Associação Cabo-verdiana de Lisboa, sita na Duque de Palmela, nº 2 – 8ºAndar --- 1250-098 --- Lisboa Telefone: 213 593 367/8
            Metro Marquês de Pombal

            Saudações Culturais!
            Um forte abraço,

Lisboa, 12 Março 2012
Francisco FRAGOSO

(XLII) Alors que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA SEGUNDA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Acerca da movimentação/atividade/labuta e práxis/tirocínio do tráfego de escravos:


(1)           Em meados do século XX (pretérito), um missionário de Serra Leoa, de nome: SIGISMUND KOELLE inquiriu um grupo de 177 antigos escravos, solicitando-lhes, que narrassem como tinham sido escravizados. 34% declararam ter sido “capturados na guerra”, em consequência de afrontamentos entre unidades políticas ou à razias de grande envergadura. Neste caso em concreto, está-se a referir às grandes incursões/assaltos anuais que (frequentemente), os cavaleiros da savana lançavam contra os povos de agricultores. De anotar, que KOELLE não menciona o caso de pessoas vítimas de razias organizadas pelo seu próprio soberano, “coisa corrente”, no Congo do século XVII, assim como em outras regiões, porém, 30% dos seus informadores tinham sido raptados (designadamente), entre os IGBO e outros povos sem Estado da floresta.
(2)           De salientar, que no século XVIII, os IGBO voltavam para os campos armados, após ter colocado as crianças da aldeia, numa tapada fechada à chave e vigiada. Onze por cento afirmavam (aliás), ter sido reduzidos à escravatura no fim de uma condenação em Justiça (geralmente), sobre acusações de adultério, o que leva a pensar, que os mais velhos se serviam da lei para se desembaraçar de concorrentes mais jovens. Aliás, não é por mero acaso, que o sagaz negreiro, FRANCIS MOORE, nos anos 1730, escrevia (à propósito da Gâmbia), nestes termos: “Desde que o comércio de escravos existe, todos os castigos foram mudados em escravatura. Existe uma vantagem em tais condenações, elas punem pesadamente o crime, a fim de garantir o benefício da venda do condenado”.

segunda-feira, 12 de março de 2012

OK VAMOS ENTÃO A CONTAS

Noticia o DN:


Pois! Eu, contribuinte líquido de quase três dezenas de milhar de euros anuais, quero perguntar ao Estado, ao Parlamento, aos deputados e ao CDS-PP o seguinte:

Quanto custaram ao país as benesses aos empresários e banqueiros amigos, as negociatas, as derrapagens orçamentais, os desperdícios propositados dos dinheiros públicos, que o poder político e os governos dos últimos 10 anos protagonizaram?

Depois vamos pôr cada coisa em seu prato da balança e vamos ver o ratito que são os custos das greves e a manada de elefantes ou o cardume de baleias que são os favores aos amigos e a roubalheira (BPNs & Cia.) que houve.

Acresce que as greves são pagas pelos próprios grevistas, pois, são eles os mais prejudicados visto que perdem o seu dia de salário.

Oh deputado de uma figa! Não tens mais nada para perguntar?!...

domingo, 11 de março de 2012

(XLI) Alors que faire?

Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

           
            Uma Abordagem (dialecticamente), consequente dos
            Primórdios da magna Questão que se prende com o
            Tráfego negreiro (...):

(I)                  Segundo o monumental Estudo (SLAVE TRADE, 1997), da autoria do historiador e romancista britânico, HUGH THOMAS (n-1931), o primeiro transporte de escravos negros organizado pelos Europeus é datado de 1444, quando um navegador português traz consigo, desde as Costas Africanas 235 escravos à Portugal. Desde 1448, o tráfego se intensifica e um milhar de escravos Africanos são encaminhados para as plantações das Ilhas portuguesas da Madeira e dos Açores. Nada mais (aliás), na Antiguidade como na Idade Média, a escravatura tinha sido edificado numa estrita divisão racial.
(II)                Com efeito, a escravatura dos Negros existia (todavia), desde (há muito, muito tempo), já atestada no Egito Faraónico , no século VI antes J. C., em que a Núbia constituía um reservatório de mão-de-obra. No entanto, os núbios não se encontravam acantonados no grupo dos escravos e se pensa mesmo, que alguns puderam ser Faraós.


(III)              Vale a pena elucidar (antes de mais), que, a presença de escravos negros nos meandros mediterrâneos desde a Alta Idade Média (mais identicamente), na Ásia (Índia, China, Indonésia), resulta da influência muçulmana. Circuitos de tráfego dos Africanos existem com o famoso filão trans-sariano em que caravanas de aprovisionamento no Sul da África alimentam os mercados do Norte e os países do Médio-Oriente.

quinta-feira, 8 de março de 2012

(XL) Alors que faire?

                         Prática de ACTUAÇÃO QUARENTA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)


(I)
                        “Muitos dos nossos súbitos desejam ardentemente,
                        as mercadorias portuguesas, que as vossas gentes
                        trazem ao nosso reino. Para satisfazer este apetite
                        desordenado, eles se apoderam de muitos dos
                        súbitos negros, livres ou alforriados e mesmo
                        nobres, filhos de nobres, até de membros da nossa
                        própria família. Vendem-nos aos Brancos...Esta
                        corrupção e esta depravação estão espalhadas que
                        a nossa terra se encontra inteiramente despovoada
                        ...É como certo o nosso desejo que este lugar não
                        sirva nem ao comércio nem ao tráfego dos
escravos”  Extrato da Carta de Afonso Iº à João III, 18 Outubro 1526 e 6 Julho 1526 (IN Correspondência de Dom Afonso, rei do Congo, 1500-1543).
            Como se pode ver e apreciar, nesta carta, Afonso se lastimava ao seu homólogo lusitano da situação caótica e terrificante que vivia o seu reino por causa do tráfego negreiro, dando conta (ao mesmo tempo), do seu desejo em pôr cobro aos inúmeros desmandos, no desígnio que o seu reino “não servisse nem ao comércio e nem ao tráfego dos escravos”.

(II)
            O Rei de Portugal (por seu turno), retorquiu, asseverando que o Congo mais nada tinha para vender. Entretanto, sem pôr um termo ao tráfego, Afonso limitou-o e o regulamentou. O seu reino estendeu-se e durou até meados do século XVII. Os Portugueses foram para outro lugar, criando em 1576, um novo depósito em Luanda, que se tornou para os Europeus uma base de conquista e de razia diretas de escravos.

terça-feira, 6 de março de 2012

(XXXIX) Alors que faire?

            Prática de ACTUAÇÃO TRIGÉSIMA NONA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)


            NP:

                        A Organização das Nações Unidas para a Educação, as Ciências e Cultura lançou em 1994 um programa intercultural: “La Route de l’esclave”, destinado a romper o silêncio que submerge o episódio do tráfego, no desígnio de construir uma memória universal em torno deste evento. Eis porque, no enunciado do seu programa, a UNESCO (2000) apresenta o tráfego como o “ plus grand mouvement organisé de déportation de l’histoire” e o qualifica na peugada do historiador francês, Michel DEVEU de “La plus gigantesque tragédie de l’histoire humaine par l’ampleur et la durée”(...).


(A)          Na verdade (et pour cause), na África Ocidental, a escravatura não estava limitada aos povos islamizados da Savana. Esta situação existia (identicamente), sob uma forma de linhagem/ascendência. Ou seja: os cativos tronavam membros de grupos de parentesco nos quais tinham o estatuto de “inferiores”. Foi (sem dúvida), o que os Portugueses encontraram, em 1470, quando entraram em contacto com os ARAN da Costa-de-Ouro. Isto lhes permitiu (enfim), contornar o comércio trans-Sariano  e aceder às principais fontes de metal precioso da África Ocidental.
(B)          Foi (efetivamente), no âmbito desta dinâmica, que (neste preciso lugar), El Mina (“A Mina”), edificaram, em 1482, a primeira fortaleza europeia de África Tropical. De feito (vale a pena, aliás, anotar), que, em 1506, o ouro assegurava perto de um quarto dos rendimentos da Coroa Portuguesa. Esta parcela não tardou a declinar. No entanto, os escravos, apenas, por volta de 1700, se tornaram no produto de exportação mais vantajoso e útil da Costa Africana.