domingo, 30 de novembro de 2008

VI ISTO NO BLASFÉMIAS

E NÃO RESISTO À PUBLICAÇÃO

KWAME KONDÉ

Intervenção Oitava:

“De olhos bem abertos”:

Estudando didacticamente algumas Noções/Conceitos, enformando, em substância, expressões/nomenclaturas, cuja a actualidade, merece uma reflexão, quão atenta e, ipso facto, muito bem atenta, mesmo, obviamente.

(a) Define-se como Etnocentrismo (ou menos tecnicamente, como chauvinisme) a Identificação normal de tudo a mesma coisa, todos, da sua sociedade de pertença e a valorização por todos da sua própria cultura. Com efeito, sob pena, aliás, de se marginalizar, todo indivíduo é, e deve ser em algum grau, atingido de etnocentrismo.

(b) Antes de mais, se afigura percuciente, consignar que não se deve confundir, evidentemente Etnocentrismo com Racismo. De feito, racismo consiste em pretender:
Que existe raças distintas;
Que determinadas raças são inferiores às demais outras;
E que esta inferioridade não é social ou cultural: Sim, efectivamente, que ela é inata, como outrossim, ipso facto, biologicamente determinada.

(c) De salientar, entretanto, que quer o Etnocentrismo, quer o Racismo opõem-se aos contactos entre as culturas. Contactos esses, aliás, que são outrossim, quão antigos e prístinos como a diversidade das culturas e a prática das permutas e trocas. Todavia, a despeito destes obstáculos, contactos se realizam e produzem, obviamente uma aculturação, sendo definida esta, magistralmente pelo conceituado etnólogo e eminente docente universitário francês, de prestígio internacional, Denys CUCHE como: “ensemble des phénoménes qui résultent d’un contact continu et direct entre groupes d’individus de cultures différentes et qui entraînent des changements dans les modeles (patterns) culturels initiaux de l’un ou des deux groupes”.

(d) Donde e daí, a Aculturação, obviamente é um fenómeno consentido que é necessário diferençar do Etnocídio, que, grosso modo, significa “la destruction systematique de la culture d’un groupe, c’est-à-dire l’élimination par tous les moyens non seulement de ses modes de vie mais aussi de ses modes de pensée. L’ethocide est donc une déculturation volontaire et programée”, conforme eloquentemente nos ensina ainda o mestre CUCHE.

(e) E, para uma melhor elucidação do seu respectivo conteúdo de verdade, acrescenta CUCHE que este termo em apreço, “renvoie à une réalité, attestée par les historiens et les etnologues, celle d’opérations systématiques d’éradication culturelle et religieuse dans des populations indigénes à des fins d’assimilation dans la culture et la religion des conquérants ».

(f) Enfim e, em suma, rematando dextramente, o Etnocídio deve ser ele mesmo, sim, evidentemente diferençado do Genocídio, que vai até ao extremo máximo, ou seja: a Eliminação física deliberada de uma população dada.

Lisboa, 29 de Novembro de 2008.

KWAME KONDÉ

COMA NA COZINHA

OVOS MEXIDOS COM BACON

Primeiro ponha a mesa dispondo os talheres, o guardanapo, o copo e as bebidas que vai usar (sumo de fruta, café, leite frio ou mesmo cerveja ― porque não? Aqui não há ortodoxias).

Depois faça o seguinte e por esta ordem para que coma os ovos quentinhos: no forno regulado a 110 graus Celsius ponha a aquecer o prato e o pão. Pegue em duas frigideiras não aderentes e coloque-as em posição no fogão. Bata dois ovos (por pessoa) aos quais adicionou duas colheres das de sobremesa de natas Parmalat (não use aquela coisa aquosa e desenxabida da Mimosa ― aquela, para mim, porcaria que eles vendem com o nome de natas), deite uma pitada de sal e bata bem. Numa das frigideiras, em lume médio, ponha as fatias de bacon a fritar; ao mesmo tempo, na outra frigideira, deite uma colher das de sopa de manteiga Becel (bem lhe basta o colesterol do bacon), acenda o lume baixinho e quando a manteiga começar a derreter-se deite os ovos batidos e vá mexendo delicadamente com uma espátula de madeira ou uma das outras paneleirosas da ASAE. Entretanto vire as fatias de bacon para fritar o outro lado.

Quando os ovos estiverem no ponto (de preferência moles ― ovos mexidos secos é coisa de bimbo) sirva-os, com as fatias de bacon, no prato quente. Coma com o pãozinho quentinho estaladiço e beba a sua bebida preferida (para mim sumo de laranja ou cerveja ― é que às vezes estou de ressaca, confesso) e no fim tome o seu cafezinho.

E tenha UM EXCELENTE DIA!

sábado, 29 de novembro de 2008

MAIS VALE TARDE


Pois é, eu sei que é um pouco tarde; mas é agora. Tenho vergonha, sim, que seja só agora e penitencio-me por isso.

A barbárie terrorista em Bombaim teve o condão de me tirar pela primeira vez (e talvez definitivamente) da trincheira onde sempre estive por razões que me custa agora reconhecer.

A terroristas deste calibre, mata-se primeiro e pergunta-se o nome depois.

Nenhuma Razão pode justificar uma coisa destas. NENHUMA.

Pela primeira vez admito acções preventivas contra o terrorismo. Haverá vítimas inocentes nestas acções, eu sei; mas essas vítimas serão sempre em muitíssimo menor número do que as vítimas inocentes do terrorismo.

ACREDITE SE QUISER

Em duas escolas inglesas 2500 alunos foram submetidos a uma prova da disciplina de Física que servira para avaliar alunos do seu escalão no ano de 1963.

Quer adivinhar quais foram as classificações obtidas por estes modernos alunos?

ZERO!

Não houve um só aluno dentre os 2500 examinados que respondesse a uma só questão que fosse, ou que tivesse sequer esboçado a resolução de um problema.

Consta que os meninos foram ainda submetidos a provas das décadas posteriores e então a classificação foi subindo para chegar aos 45% de respostas certas (mesmo assim uma negativa) para a prova da década de 90 considerada a mais fácil dentre todas elas.

Isto faz-me lembrar qualquer coisa relacionada com... notas da disciplina de Matemática em Portugal.

Ou não será assim?...

BOM DIA

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

APROVEITE ENQUANTO É TEMPO

Os destinos turísticos exóticos estão a ficar impraticáveis?
Tailândia e Índia estão perigosas?
Então, e que tal uma vizitinha a Cabo Verde
enquanto aquilo vai estando seguro?!...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O PRESIDENTE FOI CLARO

Sobre Dias Loureiro e a sua condição de conselheiro de Estado. E Ferreira Fernandes, com a inteligência, a clareza e a economia de palavras que lhe são características, analizou aqui a posição de Cavaco Silva.

É isso mesmo: Cavaco acredita que Loureiro não mentiu, pelo que Cavaco acredita, logicamente, que o ex-governador do Banco de Portugal, António Marta, mentiu.

E ponto final. Até que as coisas se clarifiquem e se fique a saber o que se passou e o que se vai passar com Dias Loureiro, e como ficará a credibilidade de Cavaco Silva depois disso. Será que aumentará?...

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO Sétima:

A BIOMEDICINA como Cultura:


Duas “marcas” para Principiar adequadamente:
A Cultura é um bem fundamental, necessário, ipso facto, à Vida e ao Crescimento do Homem. Sim, na verdade, um Património comum do qual todas as pessoas recebem e para o qual todos contribuem.
Eis porque, de feito, cada cultura é chamada a abrir-se et pour cause, ao diálogo inter-cultural e ao Encontro com a Plenitude Existencial…
Por seu turno, o lexema Biomedicina (bio+medicina), no plano etimológico, busca, fundo, as suas origens em: bio do grego bios, ou “vida” e medicina do latim: medicina, ae (sc. Ars), arte de curar. E, quiçá, evidentemente, por outras palavras, contudo, sem “perverter” obviamente, a sua noção/conceito de fundo, se assume como Medicina Clínica baseada na aplicação dos Princípios das Ciências, em especial, designadamente:
Biologia
Bioquímica
Bioengenharia
Biofísica e
Biotecnologia.

Sim, efectivamente, a BIOMEDICINA, se encontra, em plena revolução desde o início do Século XIX. A partir de 1846, os cirurgiões utilizam a anestesia pelo éter sulfúrico. Põem ulteriormente em prática a anti-sepsia, preconizada (entre 1867 e 1871) pelo cirurgião inglês Joseph LISTER (1827-1912) e a assepsia, em 1886, pelo químico e biologista/biólogo francês, Louis PASTEUR (1822-1895). Eis porque, a Cirurgia revolucionou com o facto, enquanto o fisiologista francês Claude BERNARD (1813-1878) dá a derradeira demão ao Método experimental e dezenas de médicos de grande talento aperfeiçoam dextramente a Clínica e o seu exercício respectivo.
Deste modo, o conhecimento do vivo se diversifica, por toda a parte. E, no âmbito desta dinâmica, vetustas instituições – a Faculdade de Medicina, o Hospital – são reorganizadas.

(2) Donde e daí, resulta, evidentemente uma prática biomédica que já não tem nada a ver com as práticas de Saúde dos Europeus do Século XVIII. Os seus êxitos espectaculares asseguram a sua adopção, por toda a parte no Mundo. Entra, outrossim, por outro, em concorrência com as Medicinas vernáculas, as do curandeiro, do Xamã ou do algebrista de aldeia. De facto, a biomedicina veicula escolhas culturais, porquanto diz respeito à reptos/desafios de principal importância: a vida, o passamento/trespasse, o sofrimento, as práticas dizendo respeito ao corpo. Outrossim e, ainda, desconecta, em particular, o corpo dos seus sofrimentos do ambiente social e afectivo.

(3) Todavia, ao inverso, o Xamã e o curandeiro de aldeia não separam os sofrimentos do corpo dos eventos/acontecimentos da existência humana. Conhecem os seus azucrinamentos. Averiguam, tanto como, ainda por cima, acerca dos sofrimentos e dos órgãos afectados como relações à entourage, sonhos, devoções para com os deuses e os defuntos.

(4) Enfim e, em suma: Nas Sociedades europeias, o médico de família, do campo ou de bairro assumem o revezamento do curandeiro. Porém, esta função tende a desaparecer, a passos largos, sob a pressão da racionalização e da especialização das prescrições. Eis porque, efectivamente, as escolhas da BIOMEDICINA entram, por conseguinte, em emulação com as Medicinas vernáculas e daí, a sua “globalização” faz, por conseguinte, integralmente parte da “globalização” da Cultura.

Lisboa, 26 de Novembro de 2008.

KWAME KONDÉ

terça-feira, 25 de novembro de 2008

PELOS OLHOS ADENTRO


É óbvio que Manuel Dias Loureiro deixou de ter condições para continuar como conselheiro de Estado.

E só quem não quer é que não vê isso.


UMA AUTÊNTICA VERGONHA

Quem assistiu à panhonhice que foi, aí há quatro dias atrás, a entrevista de Judite de Sousa a Dias Loureiro, e a comparar com a agressividade salivante de Judite na que fez ontem a Victor Constâncio, só pode concluir uma coisa: que Judite, quando entrevistou Dias Loureiro, não esteve ao serviço da televisão pública. E também não esteve ao serviço do contribuinte pagador da RTP.

O comportamento de Judite de Sousa na entrevista a Dias Loureiro foi, no mínimo, vergonhoso, antiético e nada, mesmo nada, profissional.

O Sindicato dos Jornalistas e os órgãos próprios de supervisão da comunicação social deviam pronunciar-se publicamente sobre este caso. Porque os jornalistas não estão isentos do dever de cumprimento da deontologia que os orienta. Ao menos isso; já que a direcção da RTP, ao que se tem visto, não está lá muito interessada em pugnar para que haja isenção que se veja no tratamento dos seus noticiários e programas de opinião.

Nota: Como cidadão e contribuinte, e pagador da taxa da rádio, enviei um protesto formal à RTP.


domingo, 23 de novembro de 2008

AH G’ANDA GUINÉ!

Na Guiné-Bissau a construção da democracia continua de vento em popa. Menos de um mês depois de eleições, dezenas de militares entraram na última noite na residência do presidente da república para lhe desejarem "um bom sono". Aconteceu que Nino Vieira já se tinha precatado, ao que parece avisado a tempo (diz-se que desde as dez horas da noite) por quem tinha conhecimento da coisa.

Antes de Nino, os assassinos frustrados rendiam-se e depois negociavam a paz pondo como condição prévia o perdão dos revoltosos. Mas com Nino as coisas, ao que sempre se disse, nunca foram bem assim; diz-se que Nino, na boa tradição, aliás, dos presidentes africanos sobreviventes a atentados, prefere antes mandar dar um “tratamento especial” aos seus adversários para que estes nunca mais se lembrem de o tentar matar.

Kumba Yalá que se cuide.

HETERODOXIAS

Cerca das oito da manhã começaram por aqui os preparativos para uma feijoada à transmontana.

Quando vi que a coisa estava a correr de feição e com excelentes perspectivas de resultados, enviei um convite ao meu primo Augusto nestes termos de que peço desculpas por serem tudo menos ortodoxos num convite:

«Se visses a cara com que está a ficar esta feijoada, cairias de cu. A matança está aprazada para as doze e trinta».

Tenho pena é de não ser administrador de nenhum banco. Se o fosse talvez estivesse a feijoar na Tailândia ou noutro paraíso qualquer.

Mas talvez também não...

Já não sei o que é melhor!

BOM DIA outra vez.

UM CLARO VENCEDOR

Depois de vários anos a experimentar browsersInternet Explorer, Safari, Opera, Google Chrome (desde há dois meses) ― concluímos que o vencedor é...

MOZILLA FIREFOX

É seguríssimo; muito rápido; elegante; facilmente personalizável; tem plugins a dar c’um pau; e, muito importante, é código aberto, o que quer dizer que qualquer um que o saiba fazer pode alterá-lo sendo por isso adoptado pelos hackers como seu browser preferido ― razão pela qual normalmente não o atacam (mais uma enorme vantagem, como é óbvio).

BOM DIA

sábado, 22 de novembro de 2008

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO SEXTA:

Abordando pedagogicamente alguns dos novos “ópios do povo”:


“O crescimento é um sedativo que sufoca a contestação,
permite aos governos evitar o afrontamento com os ricos,
impede construir uma economia justa e durável. O
crescimento permitiu a estratificação social que o próprio
Daily Mail (quotidiano conservador) deplora presentemente”.
George Monbiot no The Guardian. Artigo publicado no
The Guardian e retomado no Courier International de 2
a 9 de Janeiro de 2008.



Na sua lúcida e acutilante crítica da “Filosofia do direito” de Friedrich Hegel (1770-1831), no ano de 1844, Karl MARX fazia da religião o “ópio do povo”, isto é, um poderoso antálgico, permitindo aos seres humanos suportar a sua miserável condição com a esperança de um hipotético além.
De feito, se a Religião desempenha ainda este papel, todavia, com a Secularização da Sociedade, perdeu o monopólio de guardião da Paz Social, pois que, efectivamente outras fontes de esperança factícias, de ilusões, de exutórios, de toda espécie, se desenvolveram, ou melhor dito, apareceram, de que maneira e, em autêntica catadupa.
Credulidade, inveja, facilidade, gregarismo…as debilidades humanas são exploradas para desviar o espírito dos cidadãos dos reais problemas, para mobilizar a sua atenção respectiva sobre questões secundárias, insignificantes ou fúteis, para os arredar, ao fim e ao cabo, dos verdadeiros problemas.

Posto isto, vamos então, abordar alguns dos novos “ópios do povo”, independentemente do álcool, do tabaco ou das drogas “clássicas”. Assim, temos:

(1) Lotaria e demais outros jogos de azar:
De feito, com uma aposta módica e uma igualdade das oportunidades, constituem um sucedâneo de “democracia”. A probabilidade de ganhar milhões e um lugar ao sol é ínfima, salvo para o Estado ou para os que os organizam.

(2) O Desporto Espectáculo
Na verdade e, sem sombra de dúvidas, aliás, o vínculo social que o “fenómeno” Desporto Espectáculo pretende urdir é ilusório. Pelo contrário, pelo fenómeno de “meutes sportives”, o desporto espectáculo exacerba as paixões exclusivas, o chauvinismo, a exclusão e o narcisismo colectivo. Porém, constitui, sobretudo, um poderoso meio para canalizar as pulsões de revolta e subtrair as consciências das causas reais da miséria, das desigualdades e da injustiça.

(3) A Televisão:
Suportada por interesses financeiros e mercantis, a Televisão transforma o telespectador em consumidor. E, para captar a sua atenção, propõe uma agressão visual que progressivamente reduz as capacidades cognitivas e, não só…

(4) Os Jogos Vídeos:
Assevera-se que as crianças e os adolescentes sabem estabelecer a diferença entre a ficção e a realidade. E a que ponto, todavia? Os fenómenos de adição da qual são vítimas os adolescentes e os jovens adultos, já não são a demonstrar, obviamente. Os jogos, sem fim, são concebidos para estimular a vontade e o apetite de jogar sempre, o máximo de tempo possível, correndo o risco de dependência e de isolamento social que isto acarreta, como acontece, aliás, com as drogas clássicas, facto, bem conhecido, hodiernamente, em todo o Mundo, sem excepção…

(5) Os mundos virtuais:
Com efeito, estes mundos artificiais por INTERNET acolhem comunidades de utilizadores que vivem uma “outra vida”, sob forma de autêntica metamorfose com todo o seu cortejo de consequências, sobremaneira nefastas. Demais, outrossim, como os vídeos, os mundos virtuais são, assaz consumidores de tempo e susceptíveis de coarctar toda e qualquer tentativa válida conducente, ipso facto, a um encarar, de modo dialecticamente consequente, a árdua realidade, enformando, em substância, o “verdadeiro” Mundo Humano.

Enfim, rematando, um tanto ou quanto, pertinentemente, não há dúvida nenhuma, que urge se emancipar, na verdadeira e genuína acepção do termo e da expressão respectiva, permanecendo, mestre e dono do seu próprio tempo livre de consciência. Eis, sim, efectivamente, um dos grandes reptos/desafios da Humanidade, neste dealbar, assaz conturbado, do nosso Século XXI, despontando, sob o Signo da Incerteza…

Lisboa, 20 de Novembro de 2008.
KWAME KONDÉ

AÍ ESTÁ - ERA UMA VEZ

Depois daquele patético, contraditório, incrível e inenarrável apoio de Sá Fernandes ao governo, defendendo os contentores em Alcântara, o Bloco de Esquerda só podia mesmo era dar um pontapé no c. a tão incoerente quão ridícula personagem.

Tínhamos vaticinado aqui que José Sá Fernandes não teria o apoio do BE nas próximas autárquicas. Não tardou muito, e hoje o DN acaba de trazer esta notícia da rotura iminente da ligação de Sá Fernandes ao Bloco, sob o título “Bloco de Esquerda corta com José Sá Fernandes”.

«... o BE ficou também particularmente incomodado com o facto de Sá Fernandes ter defendido, na RTP, as posições do executivo socialista na polémica com os contentores de Alcântara. O vereador e Miguel Sousa Tavares - que é o rosto visível de uma petição contra o alargamento do terminal de contentores de Alcântara - envolveram-se em grande polémica televisiva.»

Estejamos atentos para ver que botas políticas irá, de agora em diante, Sá Fernandes lamber na tentativa mais que certa de continuar a saborear o mel do poder autárquico que tão facilmente lhe besuntou a mente e lhe adocicou as convicções que de forma aparentemente intrépida defendia até há pouquíssimos meses atrás.

EIS PORQUE GOSTO CADA VEZ MAIS DOS ANIMAIS

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ACABOU DE LAVAR AS MÃOS

MANUEL DIAS LOUREIRO

CONSELHEIRO DE ESTADO


Esteve há bocadinho na RTP1 numa entrevista à jornalista Judite de Sousa.

Durante essa entrevista ficou claro que Dias Loureiro pretendeu fazer passar a imagem de que tudo de ilegal e irregular que se passou enquanto esteve no BPN (Banco Português de Negócios) e na SLN (Sociedade Lusa de Negócios), se passou sem o seu conhecimento embora a sua assinatura de gestor tenha sido aposta em contas que pelos vistos se vieram a revelar fraudulentas.

Num caso manifestou dúvidas sobre a lisura de umas contas, mas Oliveira e Costa mandou-o voltar ao seu gabinete duas horas depois tendo-lhe então convencido, com algumas explicações muito simples, de que estava tudo bem. Então assinou as contas de boa-fé.

Tudo muito simples, tudo muito naive.

Só lhe faltou dizer que, sem que ele quisesse, a sua (dele) mão foi ao BPN, assinou lá umas contas voltando depois para casa e colando-se de novo ao seu corpo.

Para além disso e dessa confiança cega na pessoa que lhe pedia a assinatura das contas, desconhecia quase tudo que saltou hoje para a ribalta nos jornais e televisões ― disse, aliás, várias vezes «Eu não sabia».

Resta saber se isso é suficiente para convencer o Ministério Público de que nada tem a ver com as irregularidades detectadas na SLN, BPN; e se mantém ainda condições para continuar como Conselheiro de Estado.

Bem!.. Acho dever lembrar que... Isto aqui é Portugal.


Editado às 9:21 AM de 22/11/2008 para acrescentar o seguinte:
João Marcelino, director do DN, ajuda aqui a perceber-se melhor a fragilidade e a naivité das respostas de Dias Loureiros a Judite de Sousa.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ESCAQUEIRE-SE A EDUCAÇÃO

ENSINAR PARA QUÊ?

INSTALE-SE A GUERRILHA

Acabei de ouvir agora a ministra da educação em directo na rádio.


Entendi que anunciou à malta que algumas coisinhas vão mudar no processo de avaliação dos professores para que tudo fique na mesma.

Tal como desde o início deste ano lectivo, os professores continuarão a trabalhar no processo de avaliação, continuarão as suas maratonas de reuniões para o efeito, e, desde que façam isso, podem ficar sem tempo para preparar e dar aulas que não há problemas, pois,

ensinar os alunos é coisa de somenos e talvez nem interessa lá muito ao país que isso aconteça.

Digo eu.

BRASIL 6 - 2 PORTUGAL

AI QUE SAUDADES AI AI

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

KWAME KONDÉ

Intervenção Quinta:

Da Mundialização/Globalização:

Nota Prévia:


Na verdade e, na realidade, a globalização não é a Mundialização!
Com efeito, a Mundialização são fluxos, movimentos. Existe, pelo menos, desde o fim do século XIX, em que as permutas se intensificaram e a economia se internacionalizou.
Por seu turno, a Globalização é um fenómeno recente, se enquadrando, no princípio de uma mutação radical, obviamente, económica e financeira, sobretudo, outrossim, humana: a integração e a inter-conexão tornaram tal que cada um, hodiernamente, deve viver quotidianamente ao nível local, com laços territoriais e uma identidade cultural, ciente do Sentimento de pertencer à globalidade do Mundo.
De anotar, finalmente, que esta enunciada tensão entre o local e o global caracteriza, em última análise, a Globalização.

(1)---Efectivamente, durante o Século XX pretérito, o Estado nação se afirmou como a forma política dominante nos quatro cantos do Planeta. A guerra-fria e a Política das grandes Potências só fizeram consolidar esta hegemonia. No Terceiro mundo, a propensão para o reforço do Estado, até mesmo, a sua pura e mera importação, caracteriza o Período pós-colonial. Ora, desde, aproximadamente, quatro (4) lustros, este modelo de governação, que envolve, outrossim, uma representação unitária do colectivo sobre um território delimitado, se encontra no centro de todos os debates no atinente à Globalização.

(2)---Assim, no âmbito desta dinâmica, uma das questões que acode à memória, incessantemente, diz respeito ao Destino do Estado-nação. Os adeptos das teses globalistas vêm na sua debilitação um traço marcante da mutação que se iniciou no término do século XX pretérito. Por sua vez, os seus adversários se desculpam com esta tese declinista e clamam, alto e bom som, que a forma estatal, em análise e apreço, longe de se encontrar enfraquecida, possui ainda, lindos dias, perante si e pode se tornar o instrumento eficaz das novas dinâmicas internacionais. E, para discernir o acesso deste debate, necessário se afigura ter sempre presente no espírito que estamos ante algo que coloca, frente a frente, de cada lado, teóricos e “profissionais da política”, cujo o discurso se apresenta não unicamente como uma verificação autenticada, outrossim porém, respeitante ao modo preditivo, tendo cada qual em consideração, a evolução do estado de coisas vigente e a perspectiva de um melhoramento dos dispositivos institucionais.

(3)---De feito et pour cause, um pouco por toda a parte, se faz notar à que ponto a Figura do Estado-nação se encontra, assaz debilitada, com a abertura dos mercados. Cada vez mais, as praças financeiras parecem estar transformado no Centro dos dispositivos do Poder e tudo se passa como se as evoluções da economia mundial delimitassem a margem de decisão oferta aos governantes. Este debilitamento das soberanias é inseparável de uma tomada de consciência colectiva do enfraquecimento de capacidades de regulação, enquanto, do mesmo modo, os mercados impõem, cada vez mais, a sua influência/acção sobre o funcionamento das nossas sociedades. Eis porque, ipso facto, se pode falar dum autêntico “retrait de l’Etat”, indo alguns mesmo a encarar o óbito desta forma de organização social.
De consignar, que nesta dinâmica, o que é seguro, é que os Governos nacionais têm visto a sua esfera de iniciativa diminuir, a olhos vistos. Com efeito, o Estado sofre actualmente de uma diminuição do seu poder, porquanto a expansão das forças transnacionais reduz o controlo dos Governos individuais sobre as actividades dos cidadãos e dos outros povos. Outrossim, por seu turno, a mobilidade crescente dos capitais induzida pelo desenvolvimento dos mercados financeiros globais transforma o equilíbrio dos poderes entre o Estado e mercado e gera pressões sobre o Estado para desenvolver políticas favoráveis ao mercado, limitando os deficits públicos e a protecção social, a baixa do imposto, a privatização e a desregulação do mercado do trabalho.
Neste contexto, os domínios tradicionais da actividade estatal (defesa, economia, Saúde, lei e ordem) não podem ser aprontadas sem institucionalizar formas de colaboração multilateral. Outrossim, verifica-se uma assimetria entre as autoridades que exercem os Estados sobre a Sociedade e a sua influência/acção limitada sobre a Economia no interior mesmo do seu território. Este se encontra, deste modo, inevitavelmente enfraquecido pela integração acelerada das economias nacionais numa “Economia global do mercado”.

(4)---Destarte e, por razões assaz óbvias, esta situação, ora expendida, mina o Estado-nação, efectivamente.
E, para uma melhor explicitação do nosso pensamento e raciocínio respectivo, vale a pena trazer à colação, os ensinamentos da lavra dos antropólogos norte-americanos, Jean e Jonh COMAROFF (da Universidade de Chicago) exarados na interessante obra científica: “Millenal Capitalism. First thoughts on a Second Coming” (2000). Ou seja: Segundo estes conceituados antropólogos/sociólogos a Situação analisada corrói efectivamente o Estado-nação por três razões, designadamente:
---Os Estados-nações perderam o controlo da moeda e das permutas. Neste domínio, a noção de fronteira se avoca, cada vez menos, pertinente;
---As firmas transnacionais já não possuem sítio e lugar estáveis e podem se instalar, onde querem;
---Uma divisão transnacional emergiu com os trabalhadores ilegais atravessando as fronteiras, em grande escala.
Deste modo, tudo se passa, aliás, como se a Globalização tivesse mudado as regras do jogo. Donde e daí, a acumulação flexível e a hegemonia do capital financeiro incrementaram ainda mais a dependência económica e, nos casos dos países em desenvolvimento, as políticas de ajustamento estrutural impulsionadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) contribuíram para limitar as margens de manobra dos Estados nacionais. Pode-se acrescentar, que os Estados estão, cada vez menos, habilitados para desempenhar um papel redistributivo, pois escasseiam actualmente recursos suficientes e, mais ainda, concretamente, no Terceiro mundo, onde os programas de afinação estrutural e as medidas de austeridade contribuíram para os reduzir consideravelmente.
Empecido por forças intergovernamentais e transnacionais, o Estado hodierno inscreve a sua acção em dinâmicas regional e global e, desta forma, o seu devir queda inseparável deste tecido de interacções. Eis porque, se tem, por conseguinte, de se haver com uma verdadeira dessacralização das soberanias, na medida em que as políticas públicas estão profundamente condicionadas por realidades económicas e financeiras dificilmente domáveis à escala das nações. E, se se raciocina, então, concretamente, em termos de territorialidade, necessário, se afigura, outrossim, tomar a sério, a extraordinária expansão das colossais metrópoles do Capitalismo transnacional, estas autênticas e verdadeiras “cidades globais”, onde se concentra uma parte importante do poder económico global, que aí se encontra insanamente valorizado.
De salientar, outrossim e, ainda, que um outro elemento que parece concorrer para o enfraquecimento dos dispositivos estatais tradicionais é a formação de grandes unidades/conjuntos, integrando regiões inteiras do Globo, nomeadamente: a União europeia (EU), o Mercado comum do Sul (MERCOSUL) e a ARENA na América; Associação de Nações do Sueste Asiático (ASEAN), Ásia-Pacific Economic Cooperaton (APEC), na Ásia.
De anotar, que aí se pode apreciar o delineamento de modelos de governação mais adaptados às exigências do global e à complexidade dos novos desafios/reptos. Por seu turno, o crescimento das organizações inter-e transnacionais, das Nações Unidas e das suas agências respectivas aos grupos de pressão e movimentos sociais, tende a alterar a forma e a dinâmica do Estado e da Sociedade civil. Enfim e, em suma, de salientar, que o Estado se converteu numa verídica arena de policy-making fragmentada, penetrada pelas redes transnacionais.

(5)---Prosseguindo, avisadamente, temos, deste modo, que a Globalização está, outrossim marcada pela instauração de Políticas supranacionais num quadro regionalizado. Vejamos, então:
a)-Neste sentido, a União europeia constitui exemplo paradigmático, pois que desenvolve concomitantemente formas de cooperação intergovernamentais, outrossim, porém, uma verdadeira política comunitária em âmbitos como a Agricultura e as Políticas regionais, com designadamente a criação ou o reforço de redes económicas transfronteiriças.
b)-Demais, identicamente, na América e no Pacífico, se vê intensificar as iniciativas diplomáticas inter-regionais. Entretanto, no plano internacional, se encontra longe dos meados do século XIX, em que se se contentava com duas ou três conferências inter-estatais, enquanto actualmente se conta por milhares, por ano.
Eis porque, finalmente, no fundo, no fundo, a necessidade de acções multilaterais aparece francamente ditada pelas exigências de cooperação, no âmbito da matéria de Segurança em áreas tão dissemelhantes como a “luta contra o terrorismo”, os traficantes de droga, a imigração ilegal ou a pedofilia. De feito, realmente, um Estado sozinho dificilmente pode fazer frente isoladamente à estes problemas. Outrossim, o Unilaterismo e a neutralidade já não constituem estratégias de defesa credíveis, pois que as instituições de Segurança, globais e regionais assumiram uma importância nova. Identicamente, as Indústrias militares implicam formas de co-produção e de cooperação transnacionais que materializam as joint ventures, as alianças, a subempreitada. Aliás et pour cause, face à Globalização da violência, a segurança nacional tornou um assunto multilateral. Sim, efectivamente, o que se encontrava no cerne da actividade estatal, só se pode realizar se os Estados trabalharem conjuntamente.
Enfim e, em suma: ora actualmente, a necessidade das cooperações trans-governamentais, por um lado, a escalada em potência das solidariedades interestaduais transfronteiriças, por outro, concorrem para limitar as ambições do Estado. Por conseguinte, como se pode compreender, o que funciona, evidentemente, é uma forma de governação pública estratificada (multilayered public governance), com dissemelhantes polaridades globais, regionais e locais. Esta, por seu turno, deve se harmonizar com o desenvolvimento das “autoridades” privadas, :das organizações não governamentais (ONGs), fundações, think tank, associações comerciais, sindicatos do crime. E, eis porque, enfim, não constitui um mero acaso, se toda uma série de programas que relevavam do Estado Providência foram privatizadas, subempreitadas às ONGS.

E, para rematar adequadamente e, em conformidade, se o Estado sobrevive, não menos se olvidou das suas pretensões em ser o único centro de toda regulação. Eis que tange o dobre da soberania e se inaugura, então, a Era do Estado pós-soberano, ampliado e inscrito num processo mais amplo da regulação complexa e estratificada. E, assim, se reforça o papel da Sociedade Civil, sendo o vínculo exclusivo, entre território e Estado, quebrado. Desta forma, se implantaram níveis de governação que se estendem para o interior e para além das fronteiras. Demais, no âmbito desta dinâmica, novas formas de política multilateral e global foram, outrossim, estabelecidas, constituindo, por conseguinte, a rede de actividades, algo assaz denso, intervindo em novos fóruns, que são, na verdade, a ONU, o G8, o FMI, a OMC ou a EU, enfim!...

Lisboa, 14 de Novembro de 2008

KWAME KONDÉ

terça-feira, 18 de novembro de 2008

DE GAFFE EM GAFFE ATÉ À DERROTA FINAL

Ouvi há pouco declarações de Manuela Ferreira Leite na rádio.

Que «o governo errou na forma como pretendeu fazer reformas», porque:

Primeiro hostilizou os médicos, depois tentou fazer a reforma e não conseguiu.

Hostilizou os juízes, os funcionários públicos, os professores e por isso quando quis fazer reformas naqueles sectores não conseguiu.

Concluiu então, Manuela, que «não é possível fazer reformas contra as classes profissionais».

Estava a achar tudo isso muito atinado, fui concordando, até que...

Postulou que não se consegue fazer reformas em democracia.

Assim:
«Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia..."
«Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é, e faz-se».

E acrescentou este grande disparate:
«E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia».

Para além da contradição que isso encerra, porque primeiro disse que «não é possível fazer reformas contra as classes profissionais», é uma confissão de total descrédito no sistema democrático, coisa que o mais inepto candidato a líder político nunca diria. Nem a brincar.

Mais que uma gaffe é talvez um sinal claro de que algo vai mal naquela cabeça.

COITADO DO PSD.

AI LIBERDADE LIBERDADAE

OBAMA ENTRISTECIDO...

Primeiro disseram-lhe que não podia ir ao seu barbeiro de há 14 anos cortar o cabelo.

Agora disseram-lhe que vai ter de deixar de usar o seu telemóvel Blackbarry pois não é conveniente que mande ou receba mensagens pessoais (e talvez mesmo telefonemas não filtrados pelos serviços secretos) pois isso é coisa que um Presidente dos Estados Unidos não deve (e não pode) fazer.



...E EU, FELIZ DA VIDA...

...Estou de folga!

Após o almoço vou até à Baixa entregar jogo na minha tabacaria de sempre; dou um salto à Pastelaria Chinesa para cumprimentar e dar dois dedos de conversa a uma tertúlia de amigos; irei à Fnac para ver e talvez comprar umas coisinhas que preciso; beberei uma imperial ao fim da tarde na Cervejaria Portugália da Almirante Reis; e recolho-me a casa com umas compritas a fazer numa mercearia de bairro para dar uma mãozinha nos preparativos da janta.

Aguarda-me em casa um vinhito branco do Fogo para o jantar e um calicezinho de medronheira da boa para a sossega.

É que eu não fui eleito coisa nenhuma!...


UMA VERGONHA

UM HORROR É O QUE É

Ver Ricardo Sá Fernandes, o outrora intrépido “Zé”, defensor de causas públicas, hoje vereador da Câmara Municipal de Lisboa, eleito como independente nas listas do Bloco de Esquerda (que no meu entender traiu descaradamente) ― a comiciar ontem na RTP, ao lado da representante do governo, em defesa dos contentores em Alcântara.

Foi uma imagem grotesca aquela que me ficou das intervenções de Sá Fernandes negando tudo em que dizia acreditar aqui há bem pouco tempo; titubeando, engasgando-se, fugindo à discussão do essencial para se situar no acessório e na lateral do problema.

Foi uma ― mais uma ― confirmação de que os homens têm um “preço”; e de que António Costa, com a habilidade que se lhe reconhece, soube bem meter o outrora folclórico “guerreiro do túnel do Marquês” no bolso.

Curioso será ver para que lado virará o cata-vento político de Sá Fernandes, o que fará para sobreviver na Câmara de Lisboa sem novo apoio do Bloco de Esquerda, nas próximas autárquicas. Sim, porque não acreditamos que, uma vez saboreado o mel do poder autárquico, Sá Fernandes queira regressar ao trabalho na profissão.

É por esta e por outras, que, quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais.

domingo, 16 de novembro de 2008

NOXA NOSSA

Uma das formas de emagrecer ― pouco elegante e pouco saudável, diga-se; e medicamente não recomendada, diga-se também ― é vomitar após as refeições. Não o querendo fazer e sendo sensível do estômago, siga então este conselho: abstenha-se de vir aqui depois de comer.

sábado, 15 de novembro de 2008

O CRISTO NEGRO

É evidente que a progressão na escala de uma sociedade organizada acarreta sempre a perda crescente da liberdade individual.
A progressão na escala social aumenta o poder pessoal, mas diminui a liberdade individual; traz normalmente fortuna e aumento de fortuna pessoal, mas diminui a liberdade individual.

Sendo a liberdade o maior bem, não sei se Deus aprova o seu sacrifício a favor do poder. Talvez sim, mas para empresa maior e desígnio superior.

Depois da eleição, Barak Obama quis ir ao seu barbeiro de há 14 anos, mas não o pode já fazer; foi aconselhado a chamar o barbeiro ao apartamento de um amigo para lá efectuar o corte do cabelo.

No meu entender, começa aqui o entristecimento do Presidente Obama que tanta alegria irradia normalmente através da sua contagiante personalidade.

Eu sou dos que acreditam que pouca ou nenhuma coisa deve substituir a alegria, o prazer, a saúde que dá o viver a vida em liberdade: estar, por exemplo, descontraidamente sentado numa cadeira de um barbeiro tradicional apreciando o ambiente, conversando, fazendo humor, etc., enquanto a vida se escoa lá fora e em nós ― Inexorável, contínua e naturalmente...

Os americanos precisam de Obama Presidente. Nós precisamos de Obama Presidente. O mundo precisa de Obama Presidente ― mas Obama não precisa de Obama Presidente. Porque o Presidente vai destruir a personagem Obama; mais que a personagem, o Presidente vai destruir a pessoa Obama tal como ela é.

Obama é, assim, o Cristo Negro cuja presença se aguardava na Terra.

Chegou o Cristo Negro.

O Mundo vai mudar.

JÁ CAÍU VENHA OUTRO

Então como é?

Se o Estado tem tudo organizado e “manipulado” ― polícias armados; tribunais; polícias secretas; informadores, bufos e pides de toda a espécie ―; por que razão não hão-de os alunos ao menos organizar-se e convocarem-se por SMS e email para formalizarem os seus protestos, com todo o direito de os fazerem, por mais absurdos que ao poder pareçam!

Porque há-de o Governo querer sempre ver nas manifestações de cidadãos o dedo “manipulador” do Partido Comunista, à boa moda, aliás, dos tempos do fascismo de tão triste memória?

Neste país ― confirma-se ― ninguém aprendeu nada, ninguém aprende nada com o devir histórico e com os acontecimentos do quotidiano: os argumentos de hoje do secretário Lemos ou da ministra Rodrigues, ou do governo de Portugal, ou, ou, ou... são os mesmos argumentos de José Hermano Saraiva nos tempos de Salazar; de Veiga Simão nos tempos de Marcelo Caetano; de Couto dos Santos nos tempos de Cavaco. Não há a mais pequena novidade nisso; a mais pequena evolução:

«É o Partido Comunista que está a orquestrar o protesto dos estudantes».

Todos vêm na manifestação dos alunos o dedo manipulador do Partido Comunista em vez de compreenderem que os alunos também têm massa cinzenta, sabem reagir por si ao que os afecta, sabem usar (e de que maneira) as novas tecnologias (e o Magalhães, senhores, o Magalhães) para se comunicarem e não precisam por isso que venha o PCP dizer-lhes o que fazer e como fazer.

Mas mesmo que o PCP, através das suas organizações para a juventude, estivesse por trás das manifestações de protesto dos alunos, isso não seria razão suficiente para o governo as condenar liminarmente ignorando com isso as razões desses protestos.

Mas não, o senhor Lemos e demais burocratas da Educação, todos acham que bastará propagar a ideia de que o PCP manipula os estudantes para terem razão e poderem manter as políticas contestadas. Como se o PCP (se por acaso estivesse por trás da organização dos protestos dos estudantes) não tivesse toda a legitimidade de fazer política e enfrentar o governo em todas as frentes que julgue necessário e seja legítimo.

Ao achar que jovens dos 14, 15, 17 anos não são capazes de sozinhos comprar caixas de ovos, precisando antes que um partido político vá descobrir e desviar os ovos de algum cofre-forte de supermercado e lhos distribua em sessões de treino em campos próprios para formação de manifestantes ― tipo talibã ― ao achar isso o governo cai no ridículo.

E com o ridículo cai a ministra da educação mais o senhor Lemos e tutti quanti, pois, de palhaçadas está Portugal farto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

BOM DIA

Comecemos o dia com humor.

If the global economic crisis continues,
very shortly only two Banks will be operational,
the Blood Bank and the Sperm Bank!

Then these 2 banks will merge and it will be called

"The Bloody Fucking Bank".

Enviado via email por Erros de números.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O ABRUPTO DOENTE

JPP avisa aqui que só tem estado calado depois da eleição de Obama por se encontrar doente com infecção bacteriana (ou será viral? ― os vírus é que costumam dissimular bem a sua identidade).

"África Minha" deseja-lhe francas e rápidas melhoras.

COMO DESTRUIR A ESCOLA

Mais uma excelente "cachimbada", esta, de Carlos Botelho.

Reproduzo-a na íntegra (com fotografia e tudo) pois gostaria muito, muitíssimo, de a ter escrito.


«No Bunker»

«Toda a histeria disparatada que têm exibido nos últimos dias, a ferocidade malcriada que arreganham para qualquer um que se atreva a assomar com uma discordância, aquela inacreditável e já penosa negação da realidade a que temos vindo a assistir, tudo isso mostra que esta gente, neste transe, padece da mesma conformação psicológica daquele maluco que, já enfiado na toca lá em Berlim, cercado por todo o lado, com as granadas a rebentarem-lhe à porta, garantia ainda amarelado e de melena desgrenhada que os Russos iam ter ali a maior derrota da História. Outras vezes, com a caliça a escorrer-lhe para os ombros, rosnava: 'Vamos ao fundo, mas levamos o mundo connosco.'
Como estes. Podem ir ao fundo, mas arrastarão a Escola consigo.»

Como não nos lembrarmos também daquele lunático ministro da propaganda de Saddam a proclamar a vitória iminente contra os americanos, com estes às portas de Bagdad!?

DO AUTISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Hoje aqui Baptista Bastos sobre o autismo do governo e da ministra da educação perante os protestos dos professores:

«Um Governo que recusa, constantemente, a obrigação de ouvir o outro, admite a possibilidade do direito à desobediência. A rigidez decisória não conduz ao apaziguamento e distancia-se dos verdadeiros interesses, criando rancores e ressentimentos desnecessários e duradouros. Conversar, escutar, dialogar, debater, por vezes com furor e impaciência, é solução muito mais eficaz do que alimentar uma inconsiderada teimosia, de consequências imprevisíveis.»

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O FUTEBOL NA BLOGOSFERA

Para mim, quem escreve melhor sobre futebol na blogosfera é o Mar Salgado. Senão vejamos.

Sobre o jogo Sporting-Porto e o golo que Hulk marcou ao deixar para trás o pesadão Rochenback pregado ao chão, escreveu:

«Nunca tinha visto um super-herói ser perseguido por uma abóbora e ainda assim marcar um golo.»

Sobre o Benfica, na sua derrota 0-2 frente ao Galatasaray (falando das contratações dispendiosas de jogadores medíocres como Yebda, Carlos Martins e Balboa), disse:

«Estamos em Novembro. Esta constatação serve para isto: já não adianta lamentar o ticket Yebda-Martins, a ausência de um lateral direito ou os 4 milhões gastos numa coisa que rima com meloa.»


domingo, 9 de novembro de 2008

COMO DESTRUIR UM PAÍS

OU DA IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES

Posta excelente, esta, de Carlos Botelho, no Cachimbo. Reproduzo-a na íntegra (com fotografia e tudo) pois gostaria muito, muitíssimo, de a ter escrito.

«Quando em 39, os valentes rapazes da Wehrmacht avançaram pela Polónia adentro (a velha maneira alemã de estender a sua Kultur a Leste, a maneira da bota), dedicaram-se com esmero (ajudados pelos ainda mais valentes SS) a destruir o país. A acabar com ele. E como? Culturalmente. Não é ironia. As suas Mauser também tinham ali uma missão cultural. O III Reich não queria somente conquistar a Polónia. Queria eliminá-la. A Polónia devia pura e simplesmente deixar de ser. Método usado: chegando a uma aldeia ou vila, fuzilavam o professor lá da terra.
Era gente que sabia muito bem como se fazem essas coisas. Acabar com um país.»

E AGORA O FUTURO

Todos ouvimos há dias o presidente francês, Nicolas Sarkozy, dizer para as câmaras da televisão, mais ou menos isto (e cito de cor):

“Vamos ter uma cimeira com os americanos e vamos ter que chegar a um acordo imediato para resolver a crise financeira mundial. Já chega de uma potência sozinha definir o rumo dos povos; já chega de haver apenas uma moeda a dominar o comércio mundial”.

Pois bem, agora pergunto:

Representando a União Europeia um décimo da economia americana, será que a Europa tem forças para impor seja o que for à América no domínio económico e comercial? Não me parece. O que me parece é que só com aliados de peso, tipo China, Índia, Japão é que a Europa conseguiria dobrar a América. E digo “conseguiria” porque como se sabe:

a) A China é detentora de ― comprou ao longo do tempo ― cerca de dois terços da Dívida Externa americana;

b) O Banco Central da China é proprietária de triliões de dólares americanos;

c) O principal parceiro comercial da China são os Estados Unidos (quer quanto ao volume de exportações, quer quanto às importações).

Assim sendo, quem é que acredita que a China se aliará seja a quem for para afrontar ou enfrentar a América?...

O Japão ― idem, idem; aspas, aspas.

E já não há mais aliados de peso para a Europa. A Europa está condenada a aliar-se aos Estados Unidos e a seguir aquilo que os americanos escolherem como melhor para eles.

Acho, portanto, que a crise europeia se tornará ainda mais séria do que parece, se os dirigentes europeus insistirem em actos de pura bravata, como fez agora Sarkozy, perante os americanos.

A Europa precisa agora é de mudar de paradigma político, económico e social, para acertar o passo com a nova América que aí vem.

Para isso a Europa necessita. Absolutamente. De mudar de líderes.

Não se vê como é que os liberalões que levaram o mundo à catástrofe económica e financeira a que estamos todos a assistir, poderão conseguir aliar-se, a partir de agora, a uma América que vai ser, pelos vistos e ouvidos, diferente da América do senhor Bush; senhor Bush que tanto encantou os actuais dirigentes europeus ao longo dos oito anos catastróficos protagonizados por todos eles em conjunto.

Será preciso ir buscar e mostrar aqui, fotografias e documentos que provam isso? Acho que não.

Obama declarou no seu excelente discurso de vitória, na noite de 4 deste mês de Novembro, entre muitas coisas estas duas:

«... uma nova era de liderança americana está prestes a começar».

«Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação».

Quando Obama disse “NOSSA” estava a dizer “AMERICANA”, entenda-se.

CHOVER NO MOLHADO

ESTA GENTE NÃO PODE ESTAR TODA DOIDA...
E QUEM TEM RAZÃO, SER A MINISTRA DA EDUCAÇÃO.
NÃO PODE!

Eu sei que é chover no molhado; mas não posso deixar de me repetir e de repetir o que muita gente com tino tem dito:

«NÃO SE PODE GOVERNAR CONTRA AS PESSOAS»

E acrescento:

― Muito menos se pode governar contra aqueles com que se tem que contar directamente para fazer funcionar a governação.

Parece uma coisa simples de entender, mas, pelos vistos, não é.

É que há alguma diferença entre inteligência e esperteza.

Ontem os professores desceram à rua. E os autistas do governo teimam em ignorar a realidade (como é próprio daquela patologia, aliás).

sábado, 8 de novembro de 2008

BOM FIM-DE-SEMANA

O dia de trabalho hoje vai ser longo: vai ter 24 horas de duração.

Dê uma volta pelos jornais de sábado que tem muita coisa para ler; veja também os principais jornais americanos e perceba que Obama já começou a cumprir as suas promessas eleitorais mesmo antes de tomar posse como presidente dos Estados Unidos: em conferência de imprensa já disse que a prioridade na economia é ajudar a classe média a restabelecer-se e a restabelecer a saúde da economia americana; vai fazer, portanto, o contrário daquilo que o governo português tem feito desde há três anos a esta parte aqui no rectângulo.

E entretanto assiste-se a tentativas ridículas por parte de quem queira imitar-lhe os slogans de campanha!

Há gente que não se enxerga, não é?

Então, até amanhã.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A PALAVRA AO LEITOR

Exm.o Senhor

Escrevo-lhe a propósito de uma coluna sobre o carácter e a postura moral e ética, acima de qualquer "politiquice" do Baptista-Bastos: é escandaloso que fizeram com ele, pois embora nunca tenha conversado muito com ele, conheço-o e leio-o.
Durante quase quarenta anos fui vizinho dele e da sua minúscula casa, já naquela altura em estado de conservação complicado. Durante esse perído assisti desde cedo às brutais investidas da PIDE (que não brincava) na sua casa, à sua fuga quando foi o famoso "assalto à Sé",no qual ele esteve envolvido até à ponta dos cabelos ( com armas até), tendo de fugir até as coisas acalmarem, deixando a sua mulher e os seus filhos pequenos na casa da sogra, aos sucessivos desempregos que aquele homem teve antes do 25 de Abril e aos problemas graves daí existentes. No Diário Popular ganhava ele (e todos os os outros jornalistas) três vezes menos que os estivadores que moravam lado a lado com ele e nunca se queixou:espartano, saía todas as manhãs de cara lavada para o trabalho. Nunca percebi como é que ele conseguiu escrever livros e ensaios naquelas condições e numa casa do tamanho de uma sala, onde viveram cinco pessoas (ele, a mulher e os seus três filhos). Na sua última vez, já na dita democracia durante o tempo do Cavaco ministro, despediram-no de vários jornais (ele estava na lista negra do primeiro-ministro), a sua casa estava já em estado caótico e muita gente em Alfama tinha sido realojada ou as suas habitações recuperadas com apoio camarário, estando os seus filhos no ensino superior oficial, não tendo outra hipótese senão tirar boas notas, pois não havia dinheiro suficiente para luxos de escolas privadas.Aliás, foram os únicos miúdos lá da rua que tiraram cursos superiores naquela altura!
O senhorio aumentava a renda e nunca fez obras. Após os tribunais não darem em nada, começou a escrever inúmeras cartas para a Câmara resolver a situação de todas as famílias envolvidas e anos depois lá saiu, após técnicos camarários fazerem vistorias as casas todas. O BB já com sessenta e tal anos, foi o último entre dezenas de famílias que de lá saíram para outros lados; entretanto a vida dele começou a endireitar, com os programas de televisão e a escrever regularmente.

Curiosamente, a amizade e a moral sempre estiveram para ele acima da ideologia política, pois sei que teve discussões enormes e até violentas fisicamente na sede do PCP entre meados dos anos setenta até aos anos oitenta, defendendo grandes amigos dele nos antípodas do que ele apoiou políticamente, tais como o João Coito (salazarista dos sete costados e jornalista do jornal o diabo), António Maria Zorro, entre outros que ele nunca sob circunstância alguma deixou de estenter a mão amiga, dar apoio e transmitir respeito.

Voltando à história: o senhorio, quando o prédio ficou devoluto fez obras e alugou dez vezes mais!
Não percebo o silêncio do Mário Crespo, quando ele próprio fez uma reportagem à anos na RTP, sobre um dos sucessivos desempregos do Baptista-Bastos. Muito menos o silêncio dele quando num frente a frente O Vicente Jorge Silva disse que tinha "vergonha de pedir uma casa", mas o Vicente não teve vergonha de pedir para ser deputado (coisa que o BB teria certamente vergonha): isto não se faz a um homem, quanto menos a um colega de trabalho! O Expresso fez cinco artigos contra o homem à três semanas cheios de ódio: não compreendo estes neo-liberais de uma amoralidade que me deixam estupefacto...
Nunca li nada nos Jornais que o BB não atacasse, quando não achava justo, quer à esquerda, quer à direita, até o João Soares, de quem não gosto nada, levou nas "bochechas" quando foi preciso. Fizeram muito mal a um homem demasiado sério, e eu sei que também devem achar que existem aqui uma série de invejas e ódios, despoletados só por colegas, aproveitado por políticos do piorio...algum povo vai atrás desta paródia!
Lembra aquela história do velho Leão cercado por chacais. Têm de ser muitos, pois "mano a mano" ninguém lá vai!!
O BB não se vendeu, nunca foi delator, nem escreveu artigos a elogiar nem a "engraxar" ninguém, senão acho que em vez de ter uma casa alugada à câmara, tinha uma casa própria num condomínio privado, como alguns dos seus colegas têm.
Ainda por cima ele vive ao lado da Quinta do Barros, que são só bairros sociais à volta, e ainda dizem que é um sítio de "classe média/alta"!...Eu tinha mais medo de saír dali à noite, do que em Alfama!
O homem deve andar pelos setenta e muitos anos, pelo que acho a afronta e a falta de respeito ainda maior por um cidadão que tudo fez para honrar e desenvolver o jornalismo em Portugal e é um dos maior escritores de Lisboa!... Ele não se "vendeu" aos trinta,nem aos quarenta, em situações muito piores,com filhos pequenos e era aos sessenta e tal, já velho e numa casa inqualificável?..Além disso se ele quisesse comprar casa, nenhum banco lhe concedia empréstimos - eu sei disso. Por outro lado se ele estivesse morto ou a viver na sua antiga casa, ninguém dizia nada! Eu acho que toda a gente enlouqueceu!...deve ser por causa do "crash" na bolsa, ou não?!

Ele e a família são muito respeitados no bairro de Alfama. pois os mais velhos sabem o que ele passou: os seus jovens colegas de trabalho pelos vistos esqueceram-se.

P.S.- Lembro-me de ele comprar uma minúscúla casa em Constância do Ribatejo,depois de ter feito dois trabalhos para a RTP por 800 contos (uma fortuna!...) e estar a contar isso todo contente lá na rua, para poder guardar as suas largas centenas de livros, porque já estavam a acumular-se na casa de banho!.. Mas acho que casa é tão pequena que a cama foi colocada por cima dos livros! O neoliberal Expresso ainda disse que é "casa de férias"! onde?...na Síbéria?...É só rir!

No Expresso o Miguel Sousa Tavares é um dos que o atacou, esquecendo-se que o Dr. Jorge Sampaio, quando foi Presidente da Câmara, cedeu uma casa ao Pai dele no Lumiar e o filho ainda ia lá visitá-lo!. E o malandro só ataca o BB por isso! Que pouca vergonha!...Eu tenho a certeza absoluta, porque a minha filha vive perto!


Será que vão todos atacá-lo como o fez o jornal Expresso, ou permanecer todos calados (como o Mário Crespo que tanto o louvou e dizia na TV que ele é o maior dos jornalistas, vai permanecer calado na televisão?). Basta lêr o Baptista-Bastos ontem, hoje, e esperemos que por muito tempo), para ver que ele não tem nada a ver com o caso das "casinhas da câmara"! A única coisa em comum é ele ser arrendatário da Câmara! Por comparação: Lá por eu viver em Alfama, não implica que seja fadista ou apregoe peixe!

Espero todos tomemos uma iniciativa após ler isto! Gosto muito do seu Blog: continue assim!
Saúde!

João Coelho
(empregado bancário na pré-reforma, enquanto ainda houver dinheiro em Portugal!)

GESTÃO DE PACOTILHA


Que a coisa nunca funcionou bem, já toda a gente sabia; mas agora a direcção de Vieira, do Benfica, enfiou o “clube dos seis milhões” num caixotinho chamado MEO que quase ninguém tem, fazendo com que o jogo de ontem fosse telespectado por escassos milhares de almas quando o poderia ter sido pelos habituais milhões de telespectadores de um canal generalista ou mesmo da SporTV; que fosse telespectado por larguíssimos milhares de cabo-verdianos e milhões de angolanos e pelo impagável senhor Xanana Gusmão ―, fazendo um manguito colossal a toda aquela gente.

(Não sei se em Cabo Verde e em Angola, que é onde o Benfica tem mais adeptos por metro quadrado, houve suicídios por causa do blackout vieirista).

Um amigo meu que tem a caixinha MEO disse-me que «aquilo é anedótico e de partir o coco»; que «a pouquíssimos minutos do final do jogo, com o Benfica a perder por 2-0 e mais perto de sofrer o terceiro golo do que de marcar, o “comentador”, um funcionário do clube, dizia ― quando no estádio já só metade do número de espectadores inicias lá permanecia ― que ainda era bem possível ao Benfica marcar (não dois mas) três golos aos turcos»...

?!...

Rev. JESSE JACKSON


KWAME KONDÉ (IV)

Intervenção Quarta...

O escritor português e Prémio Nobel de Literatura 1998, José SARAMAGO (n-1922), numa recente conferência de Imprensa, em Lisboa, a propósito do filme: “Ensaio sobre a cegueira”, do Realizador brasileiro Fernando MEIRELLES adaptado de um romance seu, criticou o Sistema Capitalista e a actual lógica de mercado, atribuindo responsabilidades aos “Grandes financeiros, os directores das grandes empresas e dos bancos”. E remata a sua intervenção, argumentando, desabrido e de modo lapidar, com a seguinte sentença: “Marx nunca teve tanta razão como hoje”. Ver mais pormenores sobre a entrevista em apreço na reportagem inserta no Semanário português, “Expresso”de 27 de Outubro de 2008.

Porém, na nossa óptica e perspectiva, não explicitou adequadamente o conteúdo de verdade e de fundo que a sua asserção assume, na sua essência primordial. Eis porque, nos ocorreu a ideia de tecer algumas considerações acerca da Actualidade do Magistério e Pensamento respectivo do filósofo alemão, KARL MARX. Assim, nesta dinâmica, esta nossa peça ensaística surge, enquadrada, adentro da Temática: Na Hora da Verdade!...No caso vertente, Intervenção Quarta, em que vamos apresentar, de forma pedagógica, o nosso contributo, visando uma elucidação, quão percuciente e apropriada no atinente à Actualidade, real das Ideias e Pensamento de Marx.

De feito e, na verdade, o marxismo (grosso modo, se assume como doutrina filosófica, política e económica oriunda da lavra de K. Marx, que analisa os processos históricos consoante métodos dialécticos e materialistas, à luz da luta das classes), constituiu—dizíamos—o movimento político de lutas mais importante contra as excentricidades/extravagâncias do sistema capitalista e do Liberalismo. Contudo, no decurso dos trinta (30) derradeiros anos do século XX pretérito, aparentemente perdeu muito da sua sedução, na sequência dos “êxitos” das “democracias” ocidentais, da “estabilidade” que geraram e do papel desempenhado pelo Estado Providência. Daí, o chorrilho de dislates aventado, por todo um coro de ignorantes, de vários quadrantes, fruto de opiniões apressadas, visando denegrir os válidos e robustos fundamentos da análise marxista, propalando uma mensagem adulterada de que realmente, havia perdida a sua pertinência efectiva.

Todavia, desde alguns anos, o contexto se encontra em vias de mudar. Com efeito, o Ultraliberalismo inaugurado por Ronald REAGAN nos USA e Margaret TCHATCHER no Reino Unido, provocou um incremento das desigualdades entre os pobres e os ricos e, outrossim, uma erosão da classe média. Por sua vez, o crescimento económico mundial não trouxe os proveitos prometidos à imensa maioria dos habitantes dos países mais pobres. Pelo contrário, do facto apenas aproveitou uma débil fatia da população, assim como os usurpadores de capitais das grandes empresas multinacionais.

De anotar, por outro, para tornar a Situação, ainda mais deletéria, por toda a parte no Mundo, aparecem receptáculos/reservatórios de mão-de-obra, com débeis remunerações sob a ameaça de deslocação de fábricas e de externalização da produção. Assiste-se, deste modo, ao retorno do que MARX denominou do “exército industrial de reserva”, que garantiu ao Capitalismo a preservação dos seus imensos lucros, permitindo exercer pressão sobre os salários. Por seu turno, as organizações sindicais e os Partidos operários, pela sua real fraqueza, já não podem impor aumentos de salários e um sistema fiscal de redistribuição das riquezas.

De feito, mais de cento e cinquenta (150) anos após o aparecimento do Capitalismo no século XIX, um novo ciclo parece seduzir com um incremento das desigualdades, das injustiças e da exploração dos trabalhadores. Eis porque, os conflitos vinculados às condições das permutas económicas e ao controlo dos recursos escassos vão se exacerbar a olhos vistos. Deste modo, se afigura sobremaneira provável que a análise marxista, como meio de explicação das situações políticas e económicas, recupera uma nova atracção/influência.

Enquadra-se, efectivamente nesta dinâmica, o caso sobremaneira paradigmático do Movimento altermundialista que vê nas fraquezas do Capitalismo globalizado as mesmas características que as do Capitalismo tal como o descrevia e o criticava MARX. Assim, a ausência de outros modelos de análise político-económico mais coerentes e mais pertinentes para lutar contra os efeitos nefastos do Capitalismo reforça as oportunidades de ver a análise marxista renascer e vir a ser o denominador comum dos movimentos de contestação que avisadamente proliferam, cada vez e mais, por todo o mundo.

Enfim e, em suma, eis porque, para todas as vítimas da Globalização, para todos les laissés pour compte da economia do mercado, para todos os indigentes, os escravos do trabalho e os proletários, a Actualidade do Magistério e do Pensamento respectivo de MARX é um dado inquestionável, absolutamente. E, parafraseando, lúcida e criticamente o filósofo e sociólogo Suíço, Jean ZIEGLER (n-1936), actualmente relator especial da Comissão dos Direitos do Homem (das Nações Unidas), sobre o Direito à Alimentação, urge, se impõe, evidentemente, gritar em alto e bom som: “A demain, Karl”, título, aliás, bastante sugestivo da sua obra, de cariz, um tanto ou quanto, premonitório, datada de 1991.

Lisboa, 03 de Novembro de 2008.

KWAME KONDÉ