sábado, 25 de setembro de 2010

Peça Ensaística Quinquagésima Primeira, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


Acerca do MODELO de VIDA:

(I)
                No âmbito desta acepção, a Sociedade Industrial Ocidental conhece uma emancipação tecnológica exteriorizada por uma ruptura (para não dizer por um hiato), entre a Cultura e a Técnica. Por seu turno, as demais outras Sociedades, as que são “beneficiárias” da transferência de Tecnologia trazem pelo beiço (se assim, possamos asseverar), o domínio da Produção e das necessidades, ou seja, o seu equipamento. As suas culturas têm debaixo de olho a esfera económica. Eis porque, a sua visão do Mundo mantém a Técnica no seu lugar, que não é o primeiro, aliás.
                De feito, o Modelo de Vida, no interior do qual o Homem se encontra situado, inspira as atitudes em presença da Matéria. De anotar, demais, que no centro deste modelo, existe o ciclo da passagem da vida à morte e da morte à vida e não o desenrolamento linear de uma evolução orientada para o crescimento indefinido.
                E, em como corolário lógico desta visão, a explicação sobrenatural (religiosa, mágica ou feiticeira), vem, sempre em contraponto da explicação natural e causal. O Homem possui interesses comuns com os poderes ocultos dos quais Ele deve obter caução ininterruptamente.

(II)
                De sublinhar, antes de mais, que, no mundo agrário (ainda não desenfeitiçado) e, parafraseando o economista e sociólogo alemão, MAX WEBER (1864-1920), os meios dos quais as Sociedades poderiam se dotar para satisfazer necessidades novas são, a priori, suspeitas. E, explicitando:
                --- Por um lado, correm o risco de ameaçar a coesão comunitária, introduzindo clivagens perigosas.
                --- Por outro, já o mero facto de dividir o trabalho, especializando profissões é considerado como o ponto de partida de uma estratificação e de uma competição sociais nocivas.
                Eis porque, por exemplo, numa certa sociedade, onde todos são agricultores, os ferreiros são reputados “castas” e, não se desposa as suas filhas!

(III)
                Outrossim e, ainda, mais genericamente, as empresas de transformação ambiciosa da Natureza são sentidas e percebidas como reptos às divindades, como plágios insolentes da própria criação. Todavia, é se baseando na Ordem Global do Cosmos que o Homem realiza a sua Existência. Enfim e, em suma: Muitos mitos acerca da origem da Técnica estigmatizam o seu carácter de pretensão em querer suplantar o poder dos deuses.

(IV)
                As Populações étnicas, de recente pertença nacional, se comportam, por conseguinte, como se estivessem conscientes, antes da experiência, do que se podia ter ganho em riqueza Humana e Comunitária, que acarretaria a adesão incondicional ao sistema representado pelas nações industrializadas. E, por receio de uma alienação que observam nos “reveladores” preservam as suas distâncias em presença do que se designa: A “civilização e o progresso”. Donde, só se ouve as vozes dos seus líderes que, eles passaram do outro lado da barreira ideológica e constituem os intermediários locais da expansão da tecnoestrutura.
                Enfim, de sublinhar, com ênfase, que para os Povos campesinos: “A pobreza é a sua riqueza”.

Lisboa, 25 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).