domingo, 13 de dezembro de 2009

ELOCUBRAÇÃO DÉCIMA NONA:

Estudando o EROTISMO:
Parte Primeira:

Nota Prévia:

O EROTISMO (etimologicamente erot (o) + ismo, por influência do francês érotisme: “desejo amoroso”) expõe e faz explodir a Sexualidade, em toda as suas dimensões, do obsceno ao sublime. Demais, dentro desta dinâmica e perspectiva respectiva, vale a pena elucidar o seguinte:
a) O pintor, escultor, ceramista e gravador espanhol, Pablo PICASSO (1881-1973) proclama: “a Arte e o sexo é a mesma coisa”;
b) Já, o pintor e escritor francês, Marcel DUCHAMP (1887-1968) monta insólitos mises à nu, sob o signo de Rrose Sélevry (Eros é a Vida);
c) Por seu turno, o pintor holandês, de origem germânica, Jerôme BOSCH (1450-1516) exalta e tortura o corpo para compor uma Arte de Amar Edénica.
d) Enfim, INGRES, BONNARD, Miguel ÂNGELO e demais outros cantam uma carne que SCHIELE descarna até ao osso e que KLIMT cobre de ouro.
e) E, rematando, temos que:
SADE empurra Eros para o Homem,
FOURIER promete um Novo Mundo amoroso, onde “chacun a raison en amour”;
O Surmâle de JARRY queima de amor e, finalmente,
KUBRICK assevera a sua derradeira palavra: “FUCK!” (Fornicar).

O
O O

Antes do mais e, à guisa de Prolegómenos:
No âmbito da Psicologia, EROTISMO é o Elemento incentivador da Sensualidade, caracterizado por uma dimensão transfiguradora, desenvolvido, quer pelo contacto físico, quer através do olhar.
Dir-se-ia, que EROTISMO é a pulsão vital despertada pelo Desejo ou pela promessa de superação de uma determinada condição. Diferindo do prazer carnal, que se esgota na consumação sexual, o prazer erótico corresponde à exaltação da imaginação pelo que se encontra a sua razão de ser na própria duração desse entusiasmo.
Manifestado pela perturbação dos sentidos, o Erotismo é um elemento transgressor, causa de instabilidade e de súbita consciência do Corpo. Por tudo isto, o Erotismo, pelo menos o “olhar” ou a “relação” erótica constitui parte integrante da Energia criativa, tão presente na Literatura e na Arte.

---Eroticismo: the fact of expressing or describing sexual feelings and desire, especially in art, literature, etc. (In Advanced Learner’s Dictionary ---Oxford.)

--- L’Érotisme: Du nom Eros, dieu de l’amour dans la mythologie grecque, désigne tout ce qui rappelle l’amour physique, tout ce qui vient émoustiller les sens ; c’est ce je ne sais quoi qui éveille le déssir.
L’érotisme suggère plutôt que ne montre. Tout est dans la finesse, le non-dit. Davantage que des images, c’est l’atmosphère qui crée l’érotisme. Celui-ci fait donc avant tout appel à l’imagination.

--- Erotismo es una palabra formada a partir del Griego éros con que se designaba al amor apasionado unido con el deseo sensual. Tal sentimiento fue personificado en una deidad: Eros (téngase en cuenta que en griego moderno la palabra erotas alude al amor romántico).
Es lo relacionado con el deseo sexual y el placer sexual, pueden ser imágenes, fotos eróticos, caricias, discursos, frases, actitudes…
El erotismo es la capacidad humana de experimentar las respuestas subjetivas que evoca los fenómenos físicos percibidos como deseo sexual…
Es propio de la especie humana, está al servicio del placer, el amor y la comunicación. Es la puerta de entrada al deseo sexual. Se estimula a través de los sentidos en su percepción de lo externo y del mundo interno (fantasías y recuerdos).
La palabra más usada comúnmente y procedente del inglés es “sexy” que vendría a reflejar el interés erótico de una persona o de un objeto.

Em Síntese oportuna, para Principiar o ofício:
Hodiernamente, o lexema “Erotismo” conota e denota tudo quanto se relaciona com a Sexualidade e, não meramente, com o acto sexual físico (em si), senão, outrossim, com todas as suas projecções respectivas. Eis porque, deste modo, o EROTISMO pode-se observar em combinação com a Libido.
Donde e daí, o EROTISMO trata de tudo aquilo que emana da nossa zona libidinosa e esteja relacionado com o Sexo e com o Amor erótico vis-à-vis do amor caritas.
Enfim, por seu turno, o adjectivo erótico nos indica que o tema a tratar está relacionado com o Sexo, dependendo do substantivo a que qualifica (a pintura erótica e a moda erótica).

A dicotomia entre o amor erótico e o amor romântico não é, geralmente, absoluta, conquanto tenha permanecido para o aspecto romântico, a associação principal com o amor (de anotar, que um amor verdadeiro é altruísta e se supõe susceptível de sublimar a sensualidade). Aliás, é por tal dicotomia que já na Antiguidade, os Gregos propendiam em distinguir entre o Eros e o ágape (sendo o segundo amor solidário e, se pode dizer, romântico) tal distinção se traduz em latim, como a existente entre a cupidez e a caritas.

Nas Religiões e Sistemas de Crenças está, sempre presente o EROTISMO, conquanto se o pode encontrar em duas Facetas:
--- No Cristianismo católico, os Textos místicos de São João da Cruz e as Moradas de Santa Teresa de Ávila possuem uma retórica repleta de um sublimado erotismo dirigido à Deidade;
--- Por outro, em outras religiões (designadamente, as dos Fenícios, dos Mesopotâmicos, etc.) existia uma prostituição sagrada que chegou à Grécia Clássica, Roma Antiga e se tornou notória, pelo contraste entre a “luxúria” com abundante dose da Arte erótica mais que entre os Gregos, directamente pornográfico e a severa castidade e virgindade impostas às Vestais.
Tais antinomias (sendo Antinomia, lexema oriundo do Grego, que significa incoerência, contradição, oposição recíproca), aliás, adentro de idêntico sistema religioso se evidenciam, mesmo assim, no Hinduísmo donde existem momentos promotores das mais rigorosas asceses opostas ao libidinoso unido à exaltações da Sexualidade como ocorre com o conhecido Texto do KAMA SUTRA ou as imagens de templos, como os de Suria e Khojurbo.

E, no atinente ao mundo dos objectos, o EROTISMO pode se confundir com o fetichismo que é a derivação, até objectos ou partes do Corpo, da libido, de tal sorte que a contemplação ou uma mera imagem real ou mental dessa parte do corpo provoca no fetichista um desejo sexual.

Finalmente, o EROTISMO é um dispositivo complexo (pois que abarca diversos componentes do subjectivo e do social, desde a Bioquímica até à Arte) que gera atracção sexual e que pode ser canalizado adequadamente para obter completa satisfação das pessoas se, não afecta, de um modo concreto, negativamente a outras.

E, já agora, a título de elucidação oportuna e pertinente, vale a pena, tecer algumas Ideias acerca do KAMA SUTRA:
O KÂMA SÛTRA (do sânscrito, Kâmasûtra), vocábulo composto por KÂMA (desejo) e de SÛTRA (“o aforismo”), seja literalmente (“os aforismos do desejo”) é uma recolha Indiana escrita entre o século IV e o século VII, atribuído à VATSYÂYANO. De anotar, outrossim, que KÂMA é identicamente o nome do Deus do Amor, equivalente Indiano de Eros ou de Cupido.
No fundo, o KÂMASÛTRA é um Tratado Clássico do Hinduísmo. Foi traduzido pela primeira vez, em Inglês, em 1876, por Richard Francis BURTON. Todavia, o Livro só se torna legal, no Reino Unido, no ano de 1963
O KÂMASÛTRA traz Informações acerca da Vida privada na Índia Antiga. Evoca, sucessivamente, os “Três Desígnios da Vida”, “Os conselhos de bom senso”, “O comportamento do cidadão”, “A escolha de uma esposa”, “Os deveres e privilégios da esposa”, “As cortesãs” e “Os métodos ocultos, além de todas as práticas directamente vinculadas à Sexualidade”.
Na verdade, aliás, como todos os Textos da Índia Antiga, a Obra pode ser, identicamente, lida como uma Alegoria da união (YOGA) ao Divino.
O KÂMASÛTRA, que, não é consagrado única e exclusivamente, ao Sexo, trata, identicamente, de uma Arte de Viver, que uma pessoa culta devia conhecer. Aborda, por exemplo, o Uso da Música, dos Alimentos e dos Perfumes.
Originariamente, era fundamentalmente destinado aos homens e às cortesãs. Todavia, o Livro outorga, outrossim, conselhos às mulheres e aos casais e indica que os homens não estavam unicamente tidos para a relação sexual. Devia, no entanto, dominar a técnica dos beijos, das carícias, das dentadas e das arranhadelas. Descreve, ainda, um determinado número de posições, identicamente, o comportamento a ter pelos parceiros para deixar lugar à sua Imaginação respectiva.
Na época em que a Obra foi redigida, a Mulher usufruía uma certa liberdade. Encontra-se na Obra, as habituais instruções para a “esposa fiel” que se ocupa do Lar, numera outros conselhos para a sedução e a forma de enganar o esposo.
Enfim e, em suma, à guisa de Remate: o puritanismo mais recente da Índia é assaz contrastante com a liberdade descrita, nesta Obra, em análise e apreço. Demais, o próprio MOHATMA KARAMCHAD GANDHI enviara alguns dos seus discípulos destruir estátuas em alguns templos.

Todavia, o escritor, reformador social e pedagogo da Índia Moderna, RABINDRANAH TAGORE (1961-1941), fez pôr fim à esta destruição.

“L’économie libidinale fonctionne à énergie sexuelle;
Elle règle les mouvements, distributions et
Représentations de la sexualité humaine, considérée
Généralement comme donnée fondatrice et
Substance de l’érotisme ». (…)


Lisboa, 12 Dezembro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)..
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