domingo, 19 de abril de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO TRIGÉSIMA PRIMEIRA:

“En refusant le schéma hégélien de la lecture
de l’histoire humaine, Cheik Anta Diop s’est
par conséquent attelé à elaborer, pour la
première foi sen Afrique noire une intelligibilité
capable de rendre compte de l’évolution des peuples
noirs africains, dans le temps et dans l’espace[…] Un
ordre nouveau est né dans la compréhension du fait culturel
et historique africain. Les différents peuples africains sont des
peuples « historiques » avec leur État :L’Égypte, la Nubie, Ghana,
Mali, Zimbabwe, Kongo, Bénin, etc. leur esprit, leur art, leur science.
Mieux ces différents peuples historiques africains s’accomplissent en
Réalité comme des facteurs substantiels de l’unité culturelle africaine ».
Théophile Obenga, Dakar 1996.
Grosso modo, se define o Pan-africanismo, como o momento político e cultural que reputa a África, os Africanos e os descendentes de Africanos, vivendo e labutando no exterior de África, como uma única Unidade, visando regenerar e unificar a África, assim como encorajar um sentimento de solidariedade entre as populações do mundo africano.
No fundo, no fundo, o Pan-africanismo glorifica o Passado da África e inculca, outrossim e, ainda, o orgulho pelos valores africanos.

De anotar, que foi, efectivamente, um sociólogo e historiador norte-americano, de nome completo, William Edward Burghart DU BOIS (1868-1963) que definiu o Pan-africanismo, na sua assunção categorial hodierna e, não só.
Com efeito, uma década após ter fundado a National Association for the Advancement of Coloured People, reuniu em Paris (França), o Primeiro Congresso Pan-africano que congrega 57 delegados oriundos das colónias britânicas e francesas, assim como dos Estados Unidos e das Antilhas.
Por outro, se afigura pertinente consignar que, aquando do IIº Congresso, em Londres, no ano de 1921, foi exigida a igualdade dos direitos entre Brancos e Negros. E, na sequência, no mês de Março de 1945 teve lugar, em Manchester (Inglaterra) o Vº Congresso pan-africano que marcou um tournant, na medida em que foi dominado, concomitantemente, por delegados marxistas à imagem do antilhano Frantz FANON e do ganês Kwame NKRUMAH, outrossim porém, por nacionalistas como o queniano Jomo KENYATTA. De sublinhar pertinentemente, que as Declarações finais insistiram sobre o imperativo da concessão das Independências, visando a pôr término a “exploração colonial”, bem como da necessidade de pôr termo às divisões do Continente, postuladas, um tanto ou quanto, a la diable, constituindo, ipso facto, o corolário lógico da colonização.

E, em complemento pertinente, vale a pena, acrescentar o seguinte:
a)— O notável pedagogo e Estadista, oriundo da Libéria, Edward Wilmot BLYDEN (1832-1912) é considerado o Pai do movimento pan-africanista hodierno.
b)— O movimento Rastafari de Jamaica nasceu do pan-africanismo. De feito, quando o Comunicador, Empresário e Activista jamaicano, Marcus Mosiah GARVEY (1887-1940) declarou “Voltai para a África para a coroação de um Rei negro” os Rastas se voltaram para Hailé SÉLASSIÉ Iº da Etiópia.
c)— Existe outrossim, uma outra interpretação do Pan-africanismo – o Afrocentrismo – que se apoia nos trabalhos do cientista senegalês, Cheik Anta DIOP (1923-1986), ulteriormente retomados, designadamente pelo conhecido teorizador afrocentrista, o afro-americano, Molefi Kete ASANTE (n-1942) e, assim como, em França por Jean-Philippe OMOTUNDÉ, Réné Louis PARFAIT. De consignar, que este movimento, em apreço, tenta reexaminar a história da África e da sua Diáspora respectiva de um “ponto de vista africano”, se opondo ao Eurocentrismo. Trata-se de retorno para conceitos tradicionalmente denominados africanos e referenciados à “Cultura Africana”. A Civilização Egípcia, assim como, demais outras, são então reputadas como Civilizações que buscam, fundo, as suas origens respectivas em África, o Continente, Berço da Humanidade.
d)— Existem Departamentos de Estudos Pan-africanos em numerosas Universidades da América do Norte, desde os anos de 1960. Ama MAZAMA, Professor antiliano aí ensina na Pensilvânea, assim como Teófilo OBENGA, Professor congolês, outrossim ensina aí, no Estado da Califórnia.

Finalmente, no atinente aos símbolos (aquilo que possui um poder evocativo; emblema/divisa), importa referir, que um dos símbolos do pan-africanismo é o gesto materializado no punho da glória (Fist of Glory), o Símbolo do movimento Black Power. Vários grupos retomaram este símbolo, designadamente: Otor, na Europa de Leste.
E, no respeitante às cores, temos que:
---As cores do pan-africanismo seriam: o verde, o ouro e o vermelho, cores oriundas da Etiópia. Se os reencontram presentemente em numerosas bandeiras de Países Africanos.
---Enfim: As cores: vermelho, negro e verde foram declaradas cores oficiais da raça africana pela Universal Negro Improvement Association and African Communities League (a UNIA), no já remoto ano de 1920.

Lisboa 18 Abril 2009
KWAME KONDÉ
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