sábado, 29 de março de 2008

PARABÉNS À “NESPRESSO”

Destinada primeiro às elites sociais, a máquina de café Nexpresso é hoje um objecto de uso bastante democratizado pela pequena burguesia urbana. E a difusão do seu uso à população em geral é apenas uma questão de (pouco) tempo.

Esta máquina, é claro, não se compara à roda ou à máquina a vapor; mas deve ser a maior invenção deste início de século.

O conceito em que se baseia irá por certo impor-se à humanidade nas próximas décadas ― pelo facto essencial de ser, indiscutivelmente, tal como a roda ou a máquina a vapor, um objecto libertador: concede a cada utilizador no mínimo mais 5 minutos diários de tempo livre, o que equivalerá a cerca de 103 dias úteis ao longo de 55 anos de utilização, por exemplo. Nada, mesmo nada, desprezível; sempre são quase três meses e meio inteirinhos de papo para o ar, de livro na mão, ou conforme bem se quiser. E se o utilizador for um cafeinómano valente, então...

E não nos esqueçamos que o tempo é o bem mais escasso que temos; e que é a única coisa que nada nem ninguém, por mais rico e poderoso que seja, consegue comprar.

Quer se queira quer não, este conceito de máquina de café entrará na maioria das casas um dia qualquer num futuro não muito distante.

Mais uma vez, parabéns à Nespresso!

Nota (para quem gosta de contas): Considerei como tempo útil diário 16 horas.

domingo, 23 de março de 2008

NO COMMENTS



DO EXERCÍCIO DA LIBERDADE

Ontem foi sábado e fui trabalhar. Digamos que fui vender umas sandes aí para os lados de Belém. Não interessa o que é que eu fui fazer.

Como estamos na quadra pascal e a malta toda “foi à terra”, o movimento era escasso e a folga muita.

Então peguei em “O Crocodilo que Voa” e li as entrevistas a Luiz Pacheco.

Foi morrer de riso da primeira à última página. Foi viver o dia com gosto, prazer e orgasmo. Foi muito bom!

Ficam aqui dois “pedaços” de Pacheco. Para seu deleite ou bardamerdice. A escolha é sua.

E esta solidão em que vive alimenta-lhe alguma nostalgia?

Não também não adiantava. Eu nunca aguentaria uma situação idêntica à do Saramago, por exemplo. A Pilar controla tudo, de manhã à noite. O homem não pode ter aventuras nem com homens nem com mulheres. Nada. Está ali com o mirone sempre a pau. O que é que há-de fazer? Faz boletins do gabinete do senhor escritor José Saramago. Tanto dá que tenha sido escrito por ele, pela mulher-a-dias, pela Pilar, pela Desidéria. Ele no fim assina e pronto. Vai aqui, vai ali, recebe prémio, não recebe prémio. Ele é um computador. Mesmo que tivesse vivido ao longo destes anos uma aventura qualquer não pode escrevê-la. Está impedido.

Percebo o que quer dizer. Pergunto-lhe então no que é que aplica a sua liberdade.

Agora uso-a para mijar.

SOLANGE

Tudo a favor dos homossexuais
Tudo a favor das homossexuais
Tudo a favor dos heterossexuais
Tudo a favor das heterossexuais
Tudo a favor dos paneleiros
Tudo a favor das fufas
Tudo a favor dos garanhões
Tudo a favor das cadelas

NADA CONTRA NINGUÉM

Mas... convenhamos:

QUE GRANDE DESPERDÍCIO ESTE!!!

sexta-feira, 21 de março de 2008

LUIZ PACHECO

No Dia do Pai as minhas filhas ofereceram-me “O Crocodilo que Voa”, uma colecção de entrevistas ao escritor Luiz Pacheco.

Conhecedoras que são da minha apreciação do espírito libertário natural de Luiz Pacheco, não hesitaram na escolha do livro.

Creio que o compilador do material publicado, João Pedro George, ter-se-á inspirado no título de um texto inacabado e não publicado, de Luiz Pacheco, “O Caso do Bife Voador”, texto esse que o escritor define como Anti-Comunidade (que era para «mostrar o desagregar da comunidade»), para dar asas a este Crocodilo.

Por ser hoje 6ª feira de Paixão e por ser o dia da morte de Cristo; aqui fica a resposta de Luiz Pacheco à pergunta de Baptista Bastos: «E vontade de matar alguém, já tiveste?» que lhe foi feita por este numa entrevista, em Abril de 1994.

Oh, caramba!, isso, então, nem se fala! Matar é fácil!

É fácil?

É fácil, pois. O pior é a polícia, as consequências. E aqui vou dizer uma coisa: não matei o meu pai por uma unha negra. Estive para agarrar num aparelho de rádio, que ele tinha à cabeceira, e atirar-lho à cabeça, à careca, e desfazia-se tudo, ia careca, ia cabeça. Tudo com as rodinhas e as baterias do aparelho. Estou à vontade para dizer isto, e não tenho remorsos porque não fiz, e ele percebeu que ia matá-lo. Gravei isto há dias e está gravado na minha cabeça desde 1960, 1961, imagina!, há trinta e tal anos! Matar alguém é um perigo, ter uma arma é um perigo. Como sou fraco, não penso em matar alguém, mas conheci muitos assassinos no Limoeiro, onde estive por três vezes; na prisão das Caldas da Rainha, onde estive por duas vezes, e cá fora, conheci assassinos, até profissionais, fardados e à paisana, os tipos da PIDE, e eram tão bons rapazes!... Agora, alguns recebem pensões «por serviços distintos»! Isto dá o índice deste país. Até dá vontade de matar o gajo que fez o despacho, o Governo que o aprova e as pessoas que o admitem. É melhor calar-me.

quinta-feira, 20 de março de 2008

ESSA AGORA!...

Estou em crer, e digo-o amiúde, que os meus gatos não são gatos, mas pessoas. E quem visita a minha casa, normalmente, após conhecer e interagir com os maus gatos, costuma dizer: «é pá, estes gatos não parecem gatos, comportam-se mais como cães do que como gatos». É que costumo falar com eles, e eles, percebendo o significado das palavras, correspondem com actos lógicos ao que lhes digo.

Vivo portanto convencido de ter uma grande influência sobre o comportamento dos meus gatos. Penso até que os vou humanizando a cada dia que passa.

Pois bem, no outro dia pessoa amiga me observou:

«Tu pareces um gato. E quando te vestes de preto pareces um gato preto».

?!...

FELIZ PÁSCOA PARA TODOS.

terça-feira, 18 de março de 2008

DEFINITIVAMENTE PERDIDO NO NEVOEIRO

A propósito do falecimento recente da duquesa de Medina Sidónia, etc., etc., Mário Soares conta que num jantar que teve com a mesma, no seu (dela) castelo de Sanlúcar de Barrameda, em Espanha, a duquesa lhe deu conhecimento da existência de um relatório sobre D. Sebastião na guerra de Alcácer Quibir, atestando que D. Sebastião não terá sido morto, tendo antes fugido.

«Lembro-me que referiu e mostrou um velho relatório que encontrou nos seus arquivos, de um espião de Felipe II de Espanha, que assistira à batalha de Alcácer-Quibir e que assinalava ao Rei que D. Sebastião não tinha morrido e fugira. Lembrei-me de um grande romance de Aquilino Ribeiro - de pura ficção, Aventura Maravilhosa , que narra a fuga de D. Sebastião, depois da batalha, até chegar, após imensas peripécias, ao Escorial, para reclamar o trono ao seu tio Felipe II. Que o reconheceu e o mandou matar.»

«Será que os sebastianistas teriam alguma razão ao afirmar, naqueles tempos, que D. Sebastião não morrera em Alcácer-Quibir?! Eis um enigma que alimenta há séculos a nossa História e a imaginação de muitos portugueses.»

sábado, 15 de março de 2008

SOLIDARIEDADE COM JPP

A minha solidariedade vale o que vale. Mas não é por isso que deixo de a manifestar para com Pacheco Pereira nesta hora que um tal de Abel Pinheiro resolveu enlameá-lo através da prestimosa e interessada colaboração de Nicolau Santos e do jornal Expresso. Estes quais cada vez mais, com estas peripécias tabloidais, vão valendo o que valem.
.

O SEGREDO DA LEI ANTI PIERCING

APAVORADO PS CEDE AO PESO DA “RUA”

MANIFESTANTE ANÓNIMO ESTA TARDE NA RUA

(Peço desculpas às almas mais sensíveis, mas o que é notícia merece ver a luz do dia.)

CORNOS PRECISA-SE

Parece que, por questões de saúde pública, segundo o Diário de Notícias, os socialistas vão proibir «Os piercings na língua e "na proximidade de vasos sanguíneos, nervos e músculos"».

Eu acho muito bem que se legisle sobre a colocação e o uso de piercings e demais actos que favoreçam a transmissão de doenças infecciosas.

E aí quero lembrar aos socialistas que urge legislar profunda e exaustivamente sobre a queca e demais práticas sexuais em que se usa o pau. Porque, ou há moralidade ou “comem” todos, não é?

Mas, voltando aos piercings. Aquela de os proibir «na proximidade de vasos sanguíneos» deixou-me, assim... como que parvo.

Então a malta só vai poder usar piercings nos cornos, é?!...

sexta-feira, 14 de março de 2008

«É A SAÚDE, ESTÚPIDO!»

Na revista “Visão”, de hoje, 14 de Março de 2008, o sociólogo, Boaventura Sousa Santos, escreve este curto mas elucidativo artigo que resume o essencial da explicação do que tem vindo a acontecer na Saúde ao longo destes últimos três quatro anos. Transcrevo na íntegra a peça de Sousa Santos. Para ser lida por todos. Inclusive os «estúpidos» deste País.


«É trágico que neste domínio haja uma continuidade entre as políticas do PSD e do PS: privatizar a Saúde, transformando-a num lucrativo sector de investimentos de capital.»

«Is the economy, stupid», afirmou Bill Clinton, em 1992, para explicar aos republicanos as razões da sua vitória eleitoral. Com isso queria dizer que as preocupações principais dos norte-americanos tinham a ver com o estado da economia e o modo como este se traduzia no seu bem-estar. E por isso uma das suas promessas eleitorais prioritárias era a criação de um sistema de saúde universal que acabasse com o escândalo de, no país mais rico do mundo, cerca de 30 milhões de cidadãos não terem qualquer protecção na doença. As grandes empresas da indústria da saúde (das hospitalares às seguradoras e à indústria farmacêutica) moveram uma das guerras mediáticas mais agressivas de que há memória contra a «medicina socialista» de Clinton e a proposta caiu. Hoje são 49 milhões os norte-americanos sem qualquer protecção na doença.

É trágico que em Portugal se esteja a tentar destruir aquilo a que o povo norte--americano tanto aspira. Mais trágico ainda é que, neste domínio, haja, desde 2002, uma continuidade entre as políticas do PSD e do PS. Descartada a retórica, os objectivos dos ministros da Saúde Luís Filipe Pereira e Correia de Campos (ou dos governos a que pertenceram) foram os mesmos: privatizar o bem público da Saúde, transformando-o num lucrativo sector de investimentos de capital (afirmação de um quadro de uma grande empresa de saúde: «Mais lucrativo que o negócio da saúde, só o negócio das armas»); transformar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) num sistema residual, tecnológica e humanamente descapitalizado, proporcionando serviços de baixa qualidade às populações pobres; definir a eficiência em termos de custos e não em termos de resultados clínicos (levado ao paroxismo pela decisão de limitar o aumento da produção cirúrgica nos hospitais, para não aumentar a despesa); impor rápida e drasticamente três palavras de ordem: privatizar, fechar, concentrar; promover parcerias público/privado em que todos os riscos são assumidos pelo Estado e as derrapagens financeiras não contam como desperdício ou ineficiência (já que um e outra são um exclusivo do sector público).

A Correia de Campos apenas devemos reconhecer a coerência. Desde que passou pelo Banco Mundial assumiu-se como coveiro do Estado Social, na Saúde e na segurança social. Na Comissão do Livro Branco da Reforma da Segurança Social, a que pertenci, verifiquei com espanto que os seus aliados na comissão não eram os socialistas, eram precisamente Luís Filipe Pereira (que pouco depois quis privatizar a Saúde) e Bagão Félix (que, desde sempre quis privatizar a Segurança Social). Portanto, de duas uma: ou o PS abandonou os seus princípios ou Correia de Campos está no partido errado. A sua recente demissão parece apontar para a segunda opção. Veremos.

O SNS é um dos principais pilares da democracia portuguesa, e a ele se devem os enormes ganhos de desenvolvimento humano nos últimos 30 anos; qualquer retrocesso neste domínio é um ataque à democracia. O SNS é um factor decisivo da gestão territorial do país. Os critérios de eficiência incluem a eficiência na vida dos doentes, cujo atendimento pontual é fundamental para que não se perca uma manhã num acto médico que dura 20 minutos. É urgente modernizar o SNS para o aproximar dos cidadãos, permitindo a participação destes e das associações de doentes na concretização do direito à saúde. Promover a todo o custo o regime de exclusividade e terminar com a escandalosa promiscuidade entre a medicina pública e privada. Promover a estabilidade e as carreiras, apostar na inovação técnica e científica e democratizar o acesso às faculdades de Medicina. E, sobretudo, tornar claro o carácter complementar do sector privado, antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde. Quando tal acontecer serão eles a dizer: «É a saúde, estúpido!», a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos


Nota: Destaques e sublinhados «de minha autoria e responsabilidade».
E digo mais: Fui eu que Fiz.

quinta-feira, 13 de março de 2008

JOGO DE SOMBRAS

Surpreendidos de forma evidente pela presença maciça de professores na manifestação da sua indignação contra a ministra da educação e contra o governo ― e é preciso dizer que a manifestação também era contra o primeiro-ministro ―, os sindicatos dos ditos precisam urgentemente recuperar o controlo do processo para assim garantirem o “emprego” aos senhores sindicalistas e não perderem a face.

Sabedor disso, o governo não perde tempo em declarar-se “flexível” e a sentar-se à mesa com os sindicalistas em busca de uma “aliança” que os salve a ambos.

Por isso se assiste neste momento a esta coisa aparentemente bizarra de os sindicalistas se declararem satisfeitos à saída dos contactos com membros do governo, e de, ao mesmo tempo, a ministra da educação se declarar irredutível na aplicação das suas tão contestadas “medidas”.

São os sindicatos e os sindicalistas a ajudarem a ministra a não perder a face para, em troca, o governo (através daquilo que vai contratando com os sindicalistas), por sua vez ajudar os sindicatos a “enquadrar” e a controlar os professores, assegurando o poder relativo aos sindicatos, e o “emprego” aos sindicalistas.

Assiste-se a uma entreajuda governo/sindicatos (sindicalistas) ― com os professores a serem chutados para as margens do tapete negocial quando deviam ser eles o centro de todas as negociações.

É neste contexto que se conclui mais uma vez da necessidade da criação de associações cívicas de cidadãos e de classes profissionais (neste caso de professores) a ver se se consegue alterar a dinâmica social das lutas pelos diferentes poderes, rejeitando as anquilosadas estruturas tradicionais (sobretudo sindicatos e Ordens) que mais não são hoje que a emanação dos partidos e das cliques partidárias, estruturas estas que, longe de defenderem os seus filiados, servem mais para manter o controlo do poder sobre estes mesmos filiados e garantir “emprego” a muita gente.

Sempre aos mesmos.

terça-feira, 11 de março de 2008

COM ANTÓNIO COSTA À ESPREITA


O blogue Fotografia Sempre garante-nos que esta senhora que grita contra o governo na manifestação dos professores é Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, presidente da Câmara Municipal De Lisboa e conhecido como “número dois do PS”.

Somando isto ao que disse António Vitorino na RTP ― «o Governo deve aceitar que a aplicação do novo modelo de avaliação seja “aferido” ao longo do tempo e não concretizado “instantaneamente”»― não será difícil concluir que Sócrates tem já fortíssima oposição dentro do PS.

Mas conta ainda, é certo, com o forte apoio dos menos esclarecidos; dos ressabiados sociais; dos cultural e economicamente indefesos; dos eternos invejosos dos “privilegiados”; e da vasta clientela de funcionários subservientes que estão sempre com o poder do momento.

Contudo Sócrates está já a ficar na corda bamba dentro do partido, e, ou muda de política (se é que não irá tentar fazê-lo já tarde e a más horas), ou vai ser confrontado com alternativas dentro do próprio PS, visto que da oposição nada surgirá de credível enquanto Menezes e Santana estiverem à frente do PSD.

Em 15/07/2007, quando António Costa ganhou a presidência da Câmara de Lisboa e o foi festejar, com a presença de Sócrates, da varanda do Hotel Altis, eu escrevera nesta posta:

«Mas, apesar de tudo, hoje é um dia assinalável. Porque se pode dizer que Sócrates iniciou hoje a sua queda como líder do PS. Para vir dar lugar precisamente a António Costa. Isto percebe-se sem grandes dificuldades e à légua olhando para o comportamento dos protagonistas e da sua entourage: enquanto Costa cresce politicamente, Sócrates aparenta o ar baço de quem já iniciou um processo de anemia e definhamento político.»

sábado, 8 de março de 2008

COM CORAGEM E SEM PAPAS NA LÍNGUA

COMO SEMPRE, ALIÁS

Gosto de muitas das coisas que escreve o Prof. Henrique Silveira, e volta e meia o cito porque, para além de ser culto, é um exemplo de coerência e coragem raríssimas no espaço público português. E hoje peço-lhe licença para transcrever a posta toda (sublinhando o seu final):

«Os professores perdem autoridade e, para mascarar as estatísticas, são obrigados a passar quase todos os alunos. Se não o fazem hoje têm de apresentar justificações intermináveis e sujeitar-se a sanções. Se não o fizerem no futuro serão penalizados nas avaliações que se aproximam podendo vir a ser despedidos.
Não sei se o leitor entrou numa escola e viu as instalações dos professores: geralmente estão amontoados numa sala comum, com umas mesas e cadeiras, aí têm de ver testes, preparar aulas, estudar e estar de plantão esperando por uma aula de substituição.
As instalações são, na esmagadora maioria dos casos, deprimentes, frias, sem aquecimento no Inverno e sem ar condicionado no Verão, os professores não dispõem de computadores ou de postos de trtabalho. Uma miserável secretária onde coloquem os livros ou pastas é um luxo inacessível e um gabinete de trabalho para os docentes é um mito impossível.
Os professores são sujeitos a pressões constantes do ministério e das múltiplas direcções regionais, não para ensinar melhor, mas para passar os meninos e melhorar as estatísticas. Os professores não são motivados para realizar actividades com os alunos, isso custa dinheiro e dinheiro é tudo o que não se pode gastar.
Diz assim o governo que o insucesso escolar diminuiu drasticamente, eu, como professor universitário, fora do meio do liceu, eu que tenho gabinete, biblioteca, aquecimento e arrefecimento, computador, secretária e estantes para colocar os livros, afirmo que a diminuição do insucesso é mentira, uma descarada e redonda mentira.
Para mim o sucesso é o conhecimento, é a cultura, é a esperança numa educação que, mais do que passar no fim do ano, é preparação para o mundo e uma ética de vida. Os números têm descido mas os alunos que me chegam todos os anos à Universidade são, cada ano que passa, pior preparados. Não falo de meia dúzia de alunos: falo de centenas ou mesmo milhares que passam pela minha cadeira no Instituto Superior Técnico onde tenho, mesmo assim, a sorte de ter os melhores alunos do país. E acuso: acuso estes governantes de mentirem. Mentem ao país, aos pais, aos estudantes e à Europa, ao mascararem os números do insucesso forçando aprovações em massa de alunos que nada sabem. O pior nem é serem tacanhos, mesquinhos, punitivos, persecutórios, o pior é que se andam a enganar a eles próprios e a destruir uma geração com um facilitismo irreal.
Educação não é burocratização e punição. Educação é, sobretudo, motivação e ética. Educar é uma tarefa elevadíssima em que o menor dos bens é o conhecimento puro. Educar é formar cidadãos e essa é a menor das preocupações dos governantes de hoje. E é tão simples: bastaria começar por dar bons exemplos...»

ALTAS ENGENHARIAS

Não, o projecto desta obra não é da autoria e responsabilidade
de quem você está a pensar.
É de um colega dele.

(Foto surripiada do blogue a Baixa do Porto)

EU SÓ QUERO AJUDAR

É QUE NÃO HÁ "MURALHAS D'AÇO"

Milhares de professores foram hoje à sua primeira manifestação. Conheço, e bem, um caso destes.

Eu, no lugar do senhor primeiro-ministro, levaria isto muito a sério e não daria ouvidos ao que diz o ministro Santos Silva.

Mas é lá com eles, não é?

Em 2009 serão feitas as contas!...

PARA LER EM SILÊNCIO

OU APENAS COM MÚSICA DE FUNDO

Posta de Francisco José Viegas no blogue A Origem das Espécies:

«Ontem visitei uma escola no concelho de Sintra. Era a “semana da leitura” numa escola cuja biblioteca está permanentemente aberta das 08h00 às 22h00 por devoção dos seus professores. Os de várias disciplinas, de Português a Educação Física e Geometria – cada um faz uma escala para garantir um dos objectivos internos da própria escola: mantê-la aberta nesse período. Havia alunos a ajudar no bar e no refeitório, porque não há pessoal suficiente. Alunos, funcionários administrativos e professores promoveram uma maratona de leitura. A ministra da educação pede a estes professores para “trabalharem mais um pouco”, coisa que eles já fazem há bastante tempo; ouvi alunos portugueses, africanos, indianos, do Leste europeu, a falar com orgulho da sua escola. Falando com eles, um a um, percebe-se entusiasmo em várias coisas. Acho natural, são professores. Percebo pela blogosfera uma grande vontade de fazer “justiça pelas próprias mãos” aos professores, mas vejo poucas pessoas com disponibilidade para ouvi-los nas escolas – não nas ruas, onde as parvoíces são sempre amplificadas, mas nas escolas, nos corredores da escolas, quando fazem turnos de limpeza, quando atendem alunos em dificuldade ou fazem escalas para Português como língua estrangeira para rapazes ucranianos ou indianos que não entendem sequer o alfabeto ocidental, ou quando tratam dos problemas pessoais de alguns deles (ou porque não tomam o pequeno-almoço em casa, ou têm dificuldade em aceitar um namoro desfeito, ou andam na droga). Os professores, estes professores, são um dos últimos elos (percebe-se isso tão bem) entre os miúdos e miúdas desorientados e um mundo que é geralmente ingrato. São avaliados todos os dias pelo ambiente escolar, pelo ruído da rua, pelas horas de atendimento, pelas reuniões que o ME não suspeita. Muitas vezes, as famílias não sabem o ano que os miúdos frequentam; não sabem quantas faltas eles deram; não sabem se os filhos estão de ressaca. Os professores sabem.
Essa vontade de disciplinar os professores, eu percebo-a. Durante trinta anos, uma série de funcionários que abundou “pelos corredores do ME” (gosto da expressão, eu sei), decretou e planeou coisas inenarráveis para as escolas – sem as visitar, sem as conhecer, ignorando que essa geringonça de “planeamento”, “objectivos”, princípios pedagógicos modernos, funcionava muito bem nas suas cabecinhas mas que era necessário testar tudo nas escolas, que não podem ser laboratórios para experiências engenhosas. Muitos professores foram desmotivados ao longo destes anos. Ou porque os processos disciplinares eram longos depois de uma agressão (o ME ignora que esses processos devem ser rápidos e decisivos), ou porque ninguém sabe como a TLEBS é aplicada. Ninguém, que eu tivesse ouvido nas escolas onde vou, discordou da necessidade avaliação. Mas eu agradecia que se avaliasse também o trabalho do ME durante estes últimos anos; que se avaliasse o quanto o ME trabalhou para dificultar a vida nas escolas, com medidas insensatas, inadequadas e incompreensíveis; que se avalie a qualidade dos programas de ensino e a sua linguagem imprópria e incompreensível. Sou e sempre fui dos primeiros a pedir avaliação aos professores, porque é uma exigência democrática e que pode ajudar a melhorar a qualidade do ensino. Mas é fácil escolher os professores como bodes expiatórios de toda a desgraça “do sistema”, como se tivessem sido eles a deixar apodrecer as escolas ou a introduzir reformas sobre reformas, a maior parte delas abandonadas uns anos depois. Por isso, quando pedirem “justiça”, e “disciplina” e “rigor” (coisas elementares), não se esqueçam de visitar as escolas, de ver como é a vida dos professores, porque creio que se confunde em demasia aquilo que é “o mundo dos professores” com a imagem pública de um sistema desorganizado, oportunista e feito para produzir estatísticas boas para a propaganda.»

MENSAGEM-CARAMBOLA

Nesta posta, no Abrupto, Pacheco Pereira como que fala para os professores; mas é ao PSD e a Menezes que ele de facto se dirige.

DE CABEÇA COMPLETAMENTE PERDIDA

O governo está positivamente desorientado.
E este homem, de cabeça completamente perdida, "passou-se" ao dizer enormidades como estas que vêm no PUBLICO de hoje:
«A liberdade é algo que o País deve a Mário Soares, a Salgado Zenha, a Manuel Alegre... Não deve a Álvaro Cunhal nem a Mário Nogueira", afirmou Santos Silva,».

Diz ainda o jornal PUBLICO que:

«O ministro acusou ainda os manifestantes de "nem sequer saberem distinguir entre Salazar e os democratas" e de nem terem "lutado contra o fascismo".»

Valerá a pena acrescentar mais algum comentário a isto?

Sim, talvez valha acrescentar que: ao falar em Manuel Alegre, Santos Silva está a acautelar o seu futuro político no PS; já não acredita piamente na saúde política de Sócrates.

quinta-feira, 6 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

QUEBRA-CABEÇAS

Hoje em dia estamos já quase todos convencidos de que o crime compensa.

Pelos vistos a filha da putice também.


Quererá isto dizer que a filha da putice também está convencida de que o crime compensa? ou antes, que a filha da putice, ela própria, é que também compensa?

Ah, já me esquecia ― Hillary Clinton ganhou a Obama nas primárias do Texas (51% - 48%) e do Ohio (54% - 44%). Mas continua a ter menos delegados eleitos e parece que mesmo que ganhe por 55% em todos os Estados que faltam não conseguirá reunir o número suficiente de delegados para ser nomeada candidata pelo Partido Democrata. Aí os super delegados decidirão a contenda.

domingo, 2 de março de 2008

QUEM DIRIA!...

(Imagem colhida do Abrupto)

ATÉ O PARTIDO COMUNISTA DO PREC RENASCEU DAS CINZAS

O FIM DO GOVERNAR “CONTRA”

Nunca escrevi sobre educação ou os problemas educativos. Porque acho que são assuntos de que não percebo patavina.

Mas de uma coisa tenho a certeza:

Maria de Lurdes Rodrigues, como ministra da educação...

Já era!...

É o Governo Sócrates a estilhaçar-se em mil pedaços depois de se ter convencido de ser e ter querido parecer à prova de bala.

É o autismo e o estilo de governar as instituições “contra as pessoas que lá estão” que está a soçobrar.

É a incompetência e a auto-suficiência a fazerem protrusão por entre as fendas da propaganda. (E nisso há que dar razão a Pacheco Pereira quando, desde o início de funções deste governo, disse que era um governo mais de propaganda do que outra coisa. Ele viu. Nós vemos).

Está a ficar claro que não se pode governar Portugal contra os portugueses. Só a falta de cultura pode ter levado a que alguém se convencesse de que isso era possível.

E agora... Pim!

FALTAM SÓ DOIS DIAS

Muito provavelmente estamos a dois dias de uma decisão histórica para América e para o mundo: a vitória que fará de Obama a primeira escolha para candidato democrata à Casa Branca e Presidente dos Estados Unidos.

À medida que Hillary Clinton vai fazendo campanha suja, com golpes baixos, tentando meter medo aos americanos; e Barak Obama vai desfazendo as mentiras afastando assim o medo; as sondagens vão cada vez mais virando a favor de Obama.

No Texas Obama ganhará com seis pontos de diferença, segundo as sondagens; e no Ohio, está a apenas dois pontos de Hillary ― nada que nos próximos dois dias não possa ser anulado e mesmo ultrapassado. Sobretudo se Hillary prosseguir no caminho que tem trilhado, perca a cabeça e venha a ofender pessoalmente Obama chamando-lhe directamente Preto, filho disto e filho daquilo (digo “directamente” porque indirectamente já lhe chamou todos os nomes que há nos dicionários).

Das últimas coisas que Hillary fez foi: publicitar este inconcebível vídeo de campanha quase dizendo aos americanos que se Obama for Presidente o melhor que eles têm a fazer é pegar nos filhos e irem viver para um lugar melhor. Talvez Afeganistão ou Iraque ― digo eu. Veja este vídeo da vergonha (ou falta dela):




Mas Obama não perdeu tempo e deu-lhe uma resposta inteligente capaz de ser entendida até pelo mais analfabeto dos americanos. E nem gastou tempo em preparar a resposta: utilizou o mesmo vídeo de Hillary, mas com outra mensagem: