sexta-feira, 30 de novembro de 2007

EM DIA DE GREVE

Leia este prefácio de um livro actual de Jacques Attali.

«Estamos hoje a decidir o que o mundo será em 2050, a preparar o que ele será em 2100. A nossa forma de agir determinará se os nossos filhos e os nossos netos viverão num mundo habitável ou se terão de lidar com um inferno, odiando-nos por isso. Para lhes deixarmos um planeta em condições dignas, é necessário pensar o futuro, compreender de onde ele vem e como agir sobre ele. É possível: a História obedece a leis que permitem prevê-la e conduzi-la.

A situação é clara: as forças do mercado assumiram a liderança do planeta. Expressão última do triunfo do individualismo, esta marcha vitoriosa do dinheiro explica em larga medida os mais recentes sobressaltos da História, que tentámos acelerar, recusar, dominar.

Se esta tendência seguir o seu curso, o dinheiro acabará com tudo o que pode fazer-lhe frente, incluindo os Estados, que destruirá progressivamente, mesmo os Estados Unidos da América. Tornando-se a lei única do mundo, o mercado dará origem àquilo que designarei como um hiperimpério, inatingível e de amplitude planetária, criador de fortuna e miséria extremas; a natureza será hipotecada; tudo será privatizado, inclusive as forças armadas, a polícia e a justiça. O ser humano viverá equipado com próteses, antes de se tornar ele próprio um artefacto, vendido em série a consumidores que se vão por sua vez transformando em artefacto. Depois, tendo-se tornado inútil às suas próprias criações, o homem desaparecerá.

Se a humanidade recuar perante este futuro e interromper a globalização através da violência, antes mesmo de se libertar das suas alienações anteriores, cairá numa sucessão de barbáries regressivas e batalhas devastadoras, utilizando armas hoje impensáveis, num conflito entre Estados, grupos religiosos, entidades terroristas e piratas privados. Chamarei esta guerra de hiperconflito. Um tal cenário poderia também levar ao desaparecimento da humanidade.

Por fim, se a globalização puder ser contida sem ser recusada, o mercado puder ser circunscrito sem ser abolido, se a democracia puder ser instituída em todo o planeta sem se desvirtuar, se se puder pôr fim ao domínio de um império sobre o resto do mundo, então veremos surgir um novo horizonte de liberdade, responsabilidade dignidade, superação e respeito pelo outro. A essa possibilidade darei o nome de hiperdemocracia. Este sistema conduzirá à formação de um governo mundial democrático e de um conjunto de instituições locais e regionais. Permitir-nos-á também, mediante uma reinvenção das fantásticas potencialidades das tecnologias futuras, chegar a uma situação de gratuitidade e abundância; aproveitar de forma equitativa os benefícios da imaginação do mercado; proteger a liberdade tanto dos seus próprios excessos como dos seus inimigos; deixar às gerações vindouras um ambiente mais bem protegido; fazer nascer, através de todos os saberes do mundo, novas formas de viver e de criar em conjunto.

Poderemos, assim, contar a história dos cinquenta anos que seguem: antes de 2035, assistiremos ao declínio do império americano provisório como todos os que o antecederam. Depois, veremos surgir, uma após outra, as três vagas do futuro: hiperimpério, hiperconflito e hiperdemocracia. A priori duas vagas fatais. Uma terceira a priori impossível.

Estes três futuros virão, sem dúvida, misturar-se; já se encontram interligados.

Acredito que, por volta de 2060, possa triunfar a hiperdemocracia, forma superior de organização da humanidade, expressão última do motor da História: a liberdade.»


Este remate final do prefácio ― a manifestação de crença no triunfo da hiperdemocracia ― que acabámos de ler, destina-se, no meu entender, a animar o leitor; a dar-lhe alguma esperança no futuro. Para além disso, é “politicamente correcto” escrever isso.

Mas eu estou com Jacques Attali naquilo que ele pensa mas não escreve taxativamente: o futuro vai ser mas é muito lixado para a humanidade. Não vai haver hiperdemocracia nenhuma; e esta é talvez a "vaga" que ele acha a priori impossível.

Como Jaime Nogueira Pinto expressou um dia num debate televisivo, também eu «não acredito na bondade do ser humano».

Nota: Recomendaria este livro àqueles membros do Partido Socialista que ainda se dedicam à leitura (e aposto que Manuel Alegre já o leu); que ainda acreditam que o cérebro humano serve para alguma coisa: para fazer escolhas políticas, por exemplo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

PARA QUE FIQUE CLARO

Pelo que tenho visto e apreciado, Rui Patrício tem todas as condições de vir a ser um excelente guarda-redes. Precisa é de tempo e treino adequado para consolidar as suas qualidades e desenvolver aquelas que só a experiência pode fornecer.

Há é que fazer uma escolha, acho eu: ou Rui Patrício vai desenvolver esse trabalho noutro escalão do clube ou mesmo noutra equipa ― por empréstimo, por exemplo ― ou vai praticando na baliza da equipa principal do Sporting sujeitando-a às vicissitudes (golos e derrotas) que temos constatado e que serão sempre inevitáveis.

Ao que parece, o treinador acha que esta última hipótese é a melhor. Eu acho que é a pior.

O tempo nos dirá de sua justiça.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

MANCHESTER 2-1 SPORTING

Digam lá o que disserem...

O segundo golo, o que deu, há pouco, a vitória ao Manchester United sobre o Sporting, foi uma bola de livre que entrou precisamente no chamado “lado do guarda-redes”.




Esse "lado" chama-se “do guarda-redes” porque é ao guarda-redes que compete cobri-lo aquando da marcação de livres pelo adversário.

Vejam bem as imagens: Rui Patrício, o guarda-redes do Sporting, colocou-se mal (aliás, estava bem colocado e saíu de lá) e não cobriu bem "o seu lado".

Não cobriu!

A imaturidade tem dessas coisas!

Pois...

domingo, 25 de novembro de 2007

“MELHORIAS” NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

(À ATENÇÃO DO ARAUTO DO GOVERNO)
Eu não queria falar disto, pois, de tão sério que é, até parece anedota.
Veio há dias o Tribunal de Contas dizer-nos, a todos, que os hospitais antigamente mal geridos, que gastavam muito porque desperdiçavam à brava os recursos à sua disposição, agora que passaram a ter gestão empresarial (do melhor que há), do tipo CORTA, CORTA, CORTA, afinal, fazendo menos, gastam ainda mais dinheiro do que anteriormente.

...E o Zé pagode a queixar-se das taxas moderadoras, das taxas de internamento, do fecho de maternidades e de Serviços de Atendimento Permanente, do aumento das listas de espera cirúrgicas, das listas de espera DAS PRIMEIRAS CONSULTAS, etc...

― Mas onde é que está esse buraco tão grande aonde vai parar toda essa massa que desaparece, assim, de tão bem gerida?!

QUANDO AS VISTAS SÃO CURTAS

E FALTA CULTURA QB... HÁ BARRACA

Sei que percebo muito pouco da teoria do futebol: Uma vez assisti a um jogo pela televisão, comentado por José Mourinho, e, durante aquela hora e meia, aprendi mais sobre futebol do que em anos a jogar, a ver futebol e a ler artigos sobre futebol.

Mas há uma coisa que sei razoavelmente (senão mesmo bem): avaliar o desempenho dos guarda-redes de futebol; e concluir das suas capacidades, dos seus defeitos e das suas virtudes como guarda-redes.

E é por isso que afirmo aqui: a crise actual do Sporting pode ter muitas origens que me escapam; mas uma delas não ― e está na falta de um bom guarda-redes.

Dos guarda-redes que o Sporting tem acontece o seguinte:

1) Tiago tem vários defeitos que nem vale a pena enumerá-los (não serve, pura e simplesmente) e se joga, a culpa é do treinador;

2) Rui Patrício é um jovem promissor que vi jogar poucas vezes e que cometeu no último jogo contra o Leixões o erro de socar no chão uma bola que devia e podia agarrar provocando com isso um golo (perdoa-se-lhe o deslize pela imaturidade, mas não é em jogos a doer que os guarda-redes jovens devem treinar-se ― culpa do treinador);

3) Stojkovich é um bom guarda-redes em todos os “capítulos”; precisa apenas de rotina de jogo (do tão falado “entrosamento”) com os defesas e a equipa (e é a jogar que pode ganhar essa rotina); mas parece que o treinador não vai com a sua cara ou com a sua maneira de ser; e quem se lixa é o Sporting pois parece que o ego do Sr. Paulo Bento é mais importante que os pergaminhos do clube.

O jogo da próxima terça-feira, para a Liga dos Campeões, contra o Manchester United, é para perder ― isso já percebemos ― pois se houvesse a mínima intenção de ganhar (e devia haver) quem deveria jogar à baliza seria Stojkovich.

Jogando Rui Patrício, mais uma vez vamos assistir a um exercício gratuito e doentio de autoridade por parte de Paulo Bento, em nítido prejuízo de uma instituição centenária como é o Sporting Clube de Portugal que merece maior respeito.

DUAS NOTAS APENAS

A primeira para constatar um fenómeno comum a duas pessoas bem mediáticas que se eclipsaram subitamente: Maria José Morgado e José Sá Fernandes. Perderam o pio desde que lhes deram que fazer nas áreas que os levava a falar dia sim, dia não.

(Que lições tirar disso?)

A segunda nota é para chamar a vossa atenção para o blogue de Pedro Santana Lopes; leiam tudo e tirem as vossas conclusões sobre o homem. Por mim constatei o que me pareceu inconstância e dispersão de ideias; ingenuidade; mágoas de menino ofendido com sacudidelas do berço em que dormia; uma certa dificuldade em dominar (talvez apenas preguiça em aprimorar) o Português escrito; solidão; e muita preguiça em trabalhar as questões de fundo, de modo a poder apresentá-las na sua completude desde a formulação à conclusão, passando, como é óbvio, pela sua historização, análise, debate e síntese.

Assim não me parece que o pássaro volte a levantar voo.

sábado, 24 de novembro de 2007

É QUASE SEMPRE ASSIM

Segundo notícia do Diário Digital «Um soldado português em missão no Afeganistão morreu num acidente rodoviário com um blindado durante uma patrulha nocturna nos arredores de Cabul, disse à Lusa uma fonte do Estado Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) ».

Que eu tenha memória, quase nunca os soldados portugueses morrem em combate ou numa emboscada feita pelo inimigo. Quase invariavelmente morrem de... acidentes de viação.

É a fatalidade rodoviária a perseguir o português onde quer que ele esteja.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

UMA QUESTÃO DE GOSTO

Pode haver quem goste; mas, definitivamente,

não gosto desta senhora.

ESTADOS DE ALMA

Desculpem lá a sinceridade; mas leiam tudo o que se publicou ontem e digam-me se tenho ou não razão em dizer isto:

Estamos a viver num "reino" de filhos da puta!

domingo, 18 de novembro de 2007

A LUZ DAS TREVAS

Esta fotomontagem, no WEHAVEKAOSINTHEGARDEN, está bem conseguida.

E poderia muito bem ser publicada sem qualquer texto ou legenda.

Parabéns ao autor.

CONTRARIEDADES

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.


(Cesário Verde)

Bom dia!

FORÇA CHÁVEZ AFINAL TINHAS RAZÃO

Depois de lido esta notícia do Expresso concluo que afinal Hugo Chávez tinha todo o direito de chamar (como chamou) fascista a José Maria Aznar na Cimeira ibero americana do Chile.

E tenho de retirar a minha concordância (aqui anteriormente expressa no blogue) com o «por qué no te callas» que então o rei de Espanha dirigira a Chávez.

É que nem Zapatero, nem o rei, nem ninguém naquela cimeira tinha afinal o direito de exigir que Chávez respeitasse o ex-primeiro-ministro espanhol, José Marai Aznar, se a mesma exigência não existe em Espanha para com o Partido Popular (no seu todo) que acaba de chamar (oficial e institucionalmente) "palhaço" a Hugo Chávez, pela boca do porta-voz das relações exteriores do Partido Popular Espanhol (PP), Gustavo de Arístegui, que declarou na conferência de imprensa acima referida pelo Expresso ser Hugo Chávez uma das pessoas mais «ridículas, apalhaçadas, exageradas e inconsequentes que existem no panorama político mundial».

Quando assim é, só há que dizer uma coisa:

Força Chávez! Chama-lhes mais nomes ainda!

sábado, 17 de novembro de 2007

O COMÉRCIO ESTÁ ESQUISITO

Dois dirigentes desportivos do Sporting de Lamego encontraram-se na quinta-feira passada com dois árbitros de futebol, em Tondela e Castro Daire.

Sabedores de que algo de anormal se iria passar naquele encontro, dirigentes da arbitragem distrital daquela zona alertaram a Polícia de Segurança Pública (PSP) para o facto.

A PSP surpreendeu os quatro senhores em plena «transacção de dinheiro». E prenderam-nos para averiguações.

Depois um dirigente do Sporting de Lamego veio dizer que «um dos dirigentes desportivos é vendedor de peças automóveis» pelo que não sabia se o encontro não se resumiria a uma venda de peças de automóveis.

Claro! então não se está mesmo a ver que se tratava de uma transacção de peças de automóveis!

Aliás, é assim que se compram peças de automóveis em Portugal. Eu, no outro dia, precisei de uma bateria para o meu popó; informei-me a saber como haveria de adquiri-la; disseram-me que eu teria que contactar um árbitro de futebol para que este ma fosse comprar num encontro com dirigentes desportivos na marisqueira Toca do Gato Preto, em Portimão.

Pois!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

«DISPA-SE SE FAZ FAVOR»

Isto é recorrente: de vez em quando aparece alguém a apadrinhar ou a divulgar a ideia de que o numerus clausus para o curso de Medicina em Portugal é fixado pela Ordem dos Médicos.

Por vezes é a ignorância que leva a essas declarações; outras vezes é a má-fé.

Informo a quem não saiba:
O numerus clausus das Faculdades de Medicina em Portugal é fixado pelo Governo através do Ministério da Educação.


Mas mais uma vez, agora via um jornal espanhol, lá apareceu um tal de dr. Campillo a dizer a bacorada.

Esta, entretanto, passaria sem reparo, não viesse o conhecidíssimo Causa Nossa (nossa salvo seja ― até parece que a "causa" é só de um) divulgar o dislate campilloso em mais um ataque quixotesco e ridículo às “corporações” (desta vez contra os médicos).

Mas creio que ficou claro para todos onde está a ignorância e onde estará a má-fé.

Deus o perdoe, pois sabe-se muito bem que a coerência não mora lá e o dislate é livre e não escolhe os seus progenitores.

Aquela de que «têm muito poder» (os médicos) revela a verdadeira dor apendicular de quem gostaria de ver todos os médicos na sarjeta para assim exorcizar-se quanto mais não seja da “humilhação” que estes lhe terão um dia (ou muitas vezes) infligido ordenando-lhe em consulta: «dispa-se se faz favor». Ordem à qual, com toda a certeza deste mundo, sempre obedeceu.

O verdadeiro poder do médico, meu caro, advém dos seus conhecimentos científicos; não precisa criar corporações para ter poder. Basta-lhe ser Médico.

Dói! Eu sei que dói constatar o poder do médico! Aliás, a psicologia está cheia de estudos sobre esta problemática.

É ler um pouco disso em vez de andar a disparar freneticamente em todas as direcções.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

BOM DIA

Pacheco Pereira publica hoje no “Abrupto” um poema genial de Edwin Morgan; cujo não resisto a transcrever na íntegra para que resida para sempre, também aqui no “África Minha”.


The First Men on Mercury

-We come in peace from the third planet.
Would you take us to your leader?

-Bawr stretter! Bawr. Bawr. Stretterhawl?

-This is a little plastic model
of the solar system, with working parts.
You are here and we are there and we
are now here with you, is this clear?

-Gawl horrop. Bawr Abawrhannahanna!

-Where we come from is blue and white
with brown, you see we call the brown
here ‘land’, the blue is ‘sea’, and the white
is ‘clouds’ over land and sea, we live
on the surface of the brown land,
all round is sea and clouds. We are ‘men’.
Men come –

-Glawp men! Gawrbenner menko. Menhawl?

-Men come in peace from the third planet
which we call ‘earth’. We are earthmen.
Take us earthmen to your leader.

-Thmen? Thmen? Bawr. Bawrhossop.
Yuleeda tan hanna. Harrabost yuleeda.

-I am the yuleeda. You see my hands,
we carry no benner, we come in peace.
The spaceways are all stretterhawn.

-Glawn peacemen all horrabhanna tantko!
Tan come at’mstrossop. Glawp yuleeda!

-Atoms are peacegawl in our harraban.
Menbat worrabost from tan hannahanna.

-You men we know bawrhossoptant. Bawr.
We know yuleeda. Go strawg backspetter quick.

-We cantantabawr, tantingko backspetter now!

-Banghapper now! Yes, third planet back.
Yuleeda will go back blue, white, brown
nowhanna! There is no more talk.

-Gawl han fasthapper?

-No. You must go back to your planet.
Go back in peace, take what you have gained
but quickly.

-Stretterworra gawl, gawl…

-Of course, but nothing is ever the same,
now is it? You’ll remember Mercury.

(Edwin Morgan)

domingo, 11 de novembro de 2007

UM ARTISTA SINGULAR



Esta é uma casa de gatos ― fique a saber quem não saiba!

Já algumas vezes mostrei e falei do meu gato, o Picasso, que anda sempre a dormitar sobre a secretária quando eu ando por aqui a fazer disparates do tipo ― ler, escrever, blogar, estudar, etc. O Picasso é um intelectual de sólida craveira e tem formação política invejável, mas com um defeito ― é de esquerda.

Mas não é dele que vos quero falar hoje. Hoje quero é apresentar-vos o irmão gémeo do Picasso, o Gauguin. Generoso, meigo, sedutor e grande amigo, o Gauguin alia a sensibilidade artística ao destino trágico que o acompanha desde muito pequeno: sofre do coração. Tem uma importante dilatação cardíaca a ponto de experimentar alguma dificuldade em respirar quando se cansa porque o coração ocupa grande parte do tórax retirando campo à necessária expansão dos pulmões. Apesar da doença o Gauguin vive a vida com alegria, corre e pula pela casa toda e só pára quando lhe sobrevém uma espécie de tosse que lhe lembra que ele não pode cometer excessos.

O Gauguin só permanece vivo (e já lá vão 4 anos) porque lhe é ministrado, religiosa e diariamente, um comprimido para ajudar a sua máquina cardíaca a bater mais devagar e com melhor rendimento; assim não fosse... e ele já era memória há um ror de tempo.

A faceta artística do Gauguin manifesta-se sobretudo quando ele vê flores; é um apreciador embevecido e viciado de flores. Quando vê uma jarra com flores é capaz de esperar o tempo que for necessário para se chegar às flores; costuma passar horas e horas olhando através dos vidros da porta da sala, para uma jarra contendo aquilo que ele um dia me confidenciou ser «a minha ambrósia e o meu mel», isto é ― flores; e só descansa depois de cumprir o seu desígnio supremo: tocar e comer as flores.

É isso mesmo: tocar e comer as flores.

As fotografias foram feitas hoje. E não me desmentem.

“¿POR QUÉ NO TE CALLAS?”

O REI DE HISPANIA (COM ELES NO SÍTIO)
MANDA CALAR HUGO CHÁVEZ




Aconteceu ontem na Cimeira Ibero-americana que decorre no Chile: depois de insultos de Hugo Chávez ao antigo primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, D. Juan Carlos não esteve com meias medidas: mandou calar Chávez.

Há certamente quem ache a atitude do rei pouco democrática; mas de duas uma ― ou faria o que fez (mandar calar Chávez), ou alguém se incumbiria de insultar Chávez transformando a cimeira numa peixeirada degradante e inútil.

sábado, 3 de novembro de 2007

O RATO MORTO DA SAÚDE

Quando são noticiadas anomalias nos domínios da Saúde, invariavelmente aparece alguém que vem explicar ao povão, às vezes com gráficos e números, as razões por que as coisas correram mal. Como se uma simples explicação, na óptica dos responsáveis pela coisa, viesse alterar os factos e fazer com que tudo passasse então a ser suportável e admissível.

Quando assisto a isso costumo habitualmente pensar naquela frase de Fradique Mendes, personagem de Eça de Queiroz:

― Se um rato morto me disser ― «eu cheiro mal por isto e por aquilo e sobretudo porque apodreci» ― eu nem por isso deixo de o mandar varrer do meu quarto.

DOS JORNAIS

E SEM COMENTÁRIOS

«Direcção do Hospital de Faro reconhece perigos para doentes nas urgências»

Apesar de tudo, Bom Dia!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

NEM DE PROPÓSITO


Com a devida vénia publico esta caricatura que furtei do WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

GRANDE CAVADELA

A Dra. Carmen Pinatelli, Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, acabou, há bem pouco (20:16 PM), de dar, no telejornal da RTP1, a seguinte explicação para refutar que as listas de espera de primeiras consultas, nos hospitais, tenham a dimensão que foi divulgada naquele telejornal (380.000 doentes); disse a senhora (e cito de cor): os números podem ser outros, não estou a dizer que sejam maiores ou menores que o divulgado, mas, por exemplo, há pessoas nas listas de espera que já faleceram.

Ouviram? Faleceram na lista de espera de primeiras consultas.

E está tudo bem. E isso serve para, com toda a normalidade, se explicar e minimizar o impacte do elevadíssimo número de doentes em espera de primeiras consultas (e só estamos a falar de primeiras consultas).

O que é que se há-de querer? Estamos em Portugal.

ESTAVA TUDO NOS ASTROS

Ouvi hoje, ao fim da tarde, no programa Contraditório da Antena1, mais uma vez, dito agora pelo jornalista Carlos Magno, a estafada frase «os hospitais públicos portugueses produzem pouco: os blocos operatórios, por exemplo, deviam trabalhar mais, deviam ser rentabilizados e não estão a sê-lo.»

Mas quando é que esta gente; quando é que toda a gente percebe que para os blocos operatórios trabalharem mais horas e serem rentabilizados, há que ter mais pessoal a trabalhar neles; que há que gastar mais dinheiro; e deixam de pensar que os mandriões dos cirurgiões, e dos anestesistas, e das enfermeiras, e dos auxiliares é que não querem trabalhar.

É assim tão difícil perceber isto?

Não há tanta gente assim nos hospitais, meus amigos; e cada vez há menos gente a trabalhar nos hospitais, meus amigos.

Acordem! Percebam o que se passa!

Estamos a assistir, na Saúde, à gestão do CORTA, CORTA, CORTA. Isto tinha e tem que ter consequências. E não são os privados que vão resolver os problemas que vão aparecendo: porque os privados são mais caros e por via disso não são para toda a gente.

E a tendência existente é para o agravamento da situação ― tanto pela forma como o Governo governa a Saúde; como pela forma como o PSD (futuro Governo) pretende governar a Saúde: em vez de olharem para os Estados Unidos como exemplo a evitar, olham para lá como modelo a copiar.

Será a catástrofe a prazo.

ÁGUA NA FERVURA


Afinal Leopard não é aquela máquina que a publicidade da Apple me fez crer que era; Leopard tem ainda muitos calcanhares de Aquiles que precisam ser tratados com a futura distribuição de bugfixes e updates por parte da empresa de Steve Jobs.

Veja aqui uma resenha de problemas e probleminhas que a revista PC World encontrou no Leopard e publicou há apenas cinco dias.

Se quer ter o Leopard e não se importa com os problemas relatados, força! Corra já a comprar a coisa; mas se é prudente, espere para ver como vai evoluir a situação. Instale uma versão “patcheada” no seu PC e tire conclusões pessoais. É capaz de ser mais seguro, sempre são mil e tal euros que custa o bicho.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

ELE HÁ COISAS FANTÁSTICAS, NÃO HÁ?

Foi uma questão de... ZERO dias ― é isso que eu gosto nos verdadeiros hackers: aqueles que dedicam o seu tempo não a destruir mas a solucionar problemas informáticos verdadeira ou aparentemente difíceis.

O elogiadíssimo e cobiçadíssimo sistema operativo da Machintosh, denominado Leopard, viu a luz do dia no passado dia 26 de Outubro. Nós aqui já escrevêramos sobre ele dizendo: «Trata-se de uma pequena maravilha para todos os seus utilizadores ― facilidade, versatilidade, rapidez, beleza, inovação, são algumas das muitas palavras que se deve utilizar para descrever o Leopard.» E em jeito de previsão escrevemos então: «Por este andar o futuro é da Mac. Com toda a certeza.»

Pois bem, eis que tivemos esta notícia de que no mesmo dia do seu lançamento os hackers interessados na coisa já tinham construído um patch que utilizaram para que o Leopard funcionasse num PC com determinadas características, a principal a saber: ter processador Intel ou AMD capaz de correr instruções SSE2 ou SSE3 (esta de preferência); e ficou-se assim sem a necessidade de gastar €1.500 ou €1.700 num Mac. Basta comprar o Leopard por €128 e instalá-lo no PC juntamente com o patch; ou conseguir um Leopard pirata que fica ainda mais barato.

ESTE É DOS MEUS

Você, caro leitor, que ― como eu, aliás ― só bebe água, tome cuidado com as fontes da dita; veja só o que aconteceu ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante a última cimeira do G8.



Traduzo as palavras do apresentador televisivo:

«Agora não resisto à tentação de vos apresentar o início da conferência de imprensa do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, à saída desta cimeira; ele saía de um encontro com o seu colega russo, Vladimir Putin, e aparentemente ele só bebeu água.»

Vive la France!

PERSPECTIVAS

Eu, como sportinguista, tenho vergonha em festejar uma vitória do Sporting sobre o Fátima.

― Sobre o quê!?...

Mas... vá lá: não posso deixar de felicitar esse profissional único que é Liedson.

Eu disse ÚNICO!